Governo vai criar mais de 400 bibliotecas no 1.º ciclo em 2026, abrangendo 50.000 alunos sem acesso a espaços de leitura.
O Governo prevê instalar mais de quatro centenas de bibliotecas em escolas do 1.º ciclo ao longo de 2026, iniciativa anunciada pelo ministro Fernando Alexandre durante um encontro em Santarém dedicado à análise dos primeiros resultados das provas ModA. O plano, desenvolvido em parceria com o Banco de Portugal, implica um investimento de cerca de três milhões de euros e deverá abranger perto de 50.000 crianças que continuam sem acesso a um espaço de leitura na escola.
No seu discurso, o ministro destacou que quase um quarto dos alunos do 1.º ciclo frequenta estabelecimentos onde não existe qualquer biblioteca, num total de 1.487 escolas. Considerou a situação incompatível com o percurso de reforço educativo realizado nas últimas décadas e lembrou que, em muitas zonas mais vulneráveis, não é habitual existir uma biblioteca em casa. A questão colocada foi simples: sem livros ao alcance, como se pode criar gosto pela leitura?
A fase inicial do reforço da Rede de Bibliotecas Escolares incidirá sobre os 30 agrupamentos que continuam sem qualquer biblioteca no 1.º ciclo e sobre as escolas com mais de 80 alunos, mesmo quando o agrupamento possui outros espaços de leitura. A segunda etapa, prevista para 2027, deverá completar a cobertura nacional, garantindo que todas as escolas disponham deste recurso.
A decisão ganha peso num momento em que os novos instrumentos de avaliação revelam fragilidades significativas. No teste de fluência leitora aplicado aos alunos do 2.º ano, um quarto não ultrapassou as 51 palavras lidas corretamente por minuto. Nas provas ModA – que este ano envolveram também o 4.º e o 6.º anos – 8% dos alunos do 4.º ano registaram níveis muito baixos de proficiência em português.
O plano do Governo articula várias linhas de intervenção. A expansão das bibliotecas é acompanhada pelo programa PEDAL, destinado a atualizar a formação dos professores do 1.º ciclo no ensino da leitura e da escrita, em colaboração com o EduQA e instituições de ensino superior. O diagnóstico de fluência leitora regressará em 2025/2026, ajustado à experiência da primeira aplicação e mantendo cobertura nacional. Paralelamente, serão disponibilizados textos e guiões que permitirão às escolas avaliar autonomamente a leitura ao longo de todo o 1.º ciclo, de modo a acompanhar a evolução dos alunos e orientar práticas pedagógicas.
