Google posiciona-se como líder na rede global de alerta sísmico através dos smartphones Android

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A Google conta com uma rede global que utiliza os sensores de movimento dos smartphones para emitir avisos sísmicos, mesmo em países sem infraestruturas.

Desde 2021, milhares de milhões de smartphones Android têm sido usados como sensores sísmicos portáteis, numa iniciativa que pode alterar a forma como são emitidos alertas de terramotos em várias regiões do mundo. Aproveitando os acelerómetros integrados nos dispositivos, a Google desenvolveu uma rede de deteção sísmica com cobertura em tempo real e escala global — considerada a maior de sempre do género.

Em vez de depender apenas de redes fixas de monitorização, que exigem elevados investimentos e estão concentradas em países específicos, o sistema recorre aos sensores presentes em mais de 2,3 mil milhões de telemóveis para detetar movimentos sísmicos. A funcionalidade já está em funcionamento e permite enviar alertas imediatos para pessoas em zonas de risco, muitas vezes segundos antes de o sismo ser sentido.

O sistema baseia-se na deteção passiva feita por dispositivos imóveis — por exemplo, pousados sobre uma superfície estável. Nestas condições, os sensores de movimento conseguem identificar vibrações invulgares compatíveis com um terramoto. Quando isso acontece, o telemóvel envia automaticamente um sinal anónimo para os servidores da Google, com a localização e características do movimento. Só quando um número significativo de dispositivos regista o mesmo padrão é que o alerta é validado e os avisos são enviados para utilizadores nas redondezas.

Consoante a intensidade, os alertas dividem-se em duas categorias: o BeAware, para oscilações ligeiras, e o TakeAction, ativo automaticamente com aviso sonoro e mensagem em ecrã completo a recomendar medidas de proteção imediatas.

De acordo com dados partilhados pela Google, desde o lançamento, o sistema Android detetou mais de 11.000 sismos, com magnitudes entre 1,9 e 7,8 — incluindo em território português. A taxa de precisão é próxima da registada em redes dedicadas como as dos Estados Unidos ou Japão. Até agora, apenas três falsos alertas foram identificados, todos de impacto reduzido.

O impacto junto dos utilizadores tem sido igualmente relevante: 85% dos que receberam notificações indicaram ter sentido o abalo, e 36% receberam o alerta antes da chegada das primeiras ondas sísmicas — como aconteceu no sismo de 17 de fevereiro, com magnitude de 4,7, que se fez sentir sobretudo na região de Lisboa.

Uma das principais vantagens apontadas ao sistema é a sua acessibilidade. Países sem capacidade técnica para instalar redes sísmicas convencionais passam a ter acesso a uma ferramenta eficaz e gratuita. A cobertura atual abrange 98 países, numa aplicação inédita da tecnologia para fins de prevenção sísmica à escala global.

Apesar dos resultados, há críticas em relação à opacidade do sistema. Investigadores e especialistas em sismologia têm alertado para a falta de transparência do algoritmo utilizado, cuja estrutura não é pública. “Para que possa ser plenamente integrado nos sistemas públicos de proteção civil, é fundamental compreender como funciona o algoritmo e garantir que cumpre critérios científicos rigorosos”, afirma um grupo de investigadores do Instituto de Sismologia da Califórnia. Para além disso, a eficácia depende da densidade de dispositivos nas proximidades do epicentro, o que pode limitar a utilidade em zonas pouco povoadas ou com menor acesso a tecnologia.

Mesmo com limitações técnicas e questões ligadas à governação dos dados, a comunidade científica reconhece o potencial deste sistema como complemento às redes tradicionais. A rapidez na deteção, a escala global e o facto de não exigir custos para os utilizadores fazem dele uma solução relevante para enfrentar um risco natural que continua a ter consequências graves.

Joel Pinto
Joel Pinto
Joel Pinto é profissional de TI há mais de 25 anos, amante de tecnologia e grande fã de entretenimento. Tem como hobbie os desportos ao ar livre e tem na sua família a maior paixão.
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