A Google vai acabar com os domínios locais do seu motor de pesquisa e concentrar tudo no seu domínio global.
A Google está a assinalar o fim do google.pt, que durante muitos anos foi a porta de entrada mais familiar para navegar na Internet por muitos utilizadores portugueses. Tal como os seus equivalentes, google.de na Alemanha ou google.fr em França, o domínio português será gradualmente redirecionado para o endereço único, o google.com. Trata-se de uma mudança simbólica que marca o fim de uma era, embora, na prática, não deva ter impacto no quotidiano dos utilizadores.
Durante anos, aceder ao google.pt podia ser visto como uma versão “dedicada a Portugal” do motor de pesquisa. Uma fachada reconfortante que, de acordo com a própria Google, perdeu relevância há já algum tempo. No seu blogue, a empresa explicou que “ao longo dos anos, a nossa capacidade de oferecer uma experiência local melhorou consideravelmente”.
A origem desta mudança remonta a 2017, quando a empresa começou a personalizar os resultados de pesquisa com base na localização geográfica real do utilizador. Desde então, o domínio utilizado deixou de ter um papel determinante. A empresa decidiu, assim, avançar para a próxima etapa, considerando que os domínios específicos por país — os chamados ccTLDs (domínios de topo com código de país), como o .pt — “já não são necessários”. O objetivo é agora “simplificar a experiência do utilizador nas pesquisas”, unificando tudo sob a designação google.com.
Embora esta alteração passe a ser visível na barra de endereço do navegador, o seu impacto nos resultados de pesquisa será mínimo, se é que existirá algum. Em vez de google.pt, os utilizadores verão google.com, sem que isso afete os resultados apresentados pelo motor de pesquisa. A Google indica apenas que, aquando da transição, poderá ser necessário voltar a definir algumas preferências de pesquisa, e que a mudança será implementada de forma gradual ao longo dos próximos meses. Do ponto de vista legal, a Google garante que esta alteração “não afetará o funcionamento da pesquisa, nem a forma como gerimos as nossas obrigações ao abrigo da legislação nacional”. O cumprimento do RGPD (Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados) e das leis portuguesas ou europeias continuará garantido, uma vez que depende da localização do utilizador e das entidades legais da Google na Europa — e não da utilização do domínio.
Mais do que uma alteração técnica, o desaparecimento do google.pt é um gesto simbólico, que reforça a imagem da empresa como uma plataforma verdadeiramente global. Trata-se também de uma estratégia que poderá preparar o terreno para a integração massiva de novas ferramentas, como a inteligência artificial generativa, no motor de pesquisa. É que a empresa americana atualmente encontra-se pressionada a adaptar, e reforçar, a sua plataforma principal, o Google Search, perante a concorrência crescente de novos motores de pesquisa baseados em inteligência artificial, como o ChatGPT Search.
