O Google Pixel 10 Pro é incrivelmente bem concebido, com detalhes cuidados em todo o lado, mas mantém-se suficientemente simples para que qualquer pessoa o possa amar.
À semelhança do que aconteceu em 2024, a Google voltou a escolher o mês de agosto para apresentar e lançar grande parte do seu novo hardware. Entre as recentes novidades destacaram-se os smartphones com a nova série Pixel 10, marcando assim o inicio de mais uma geração anual de dispositivos, carregados de novidades e avanços tecnológicos para colocar à prova. Um desses destaques é o Google Pixel 10 Pro, que tal como a edição do ano passado, apresenta-se como uma solução intermédia entre o modelo Pixel base e o Pixel 10 Pro XL, quer a nível de preço, a começar nos 1119€, de dimensões e de especificações. Esta é a solução da Google em oferecer melhor que tem para dar, apresentando-se como o seu topo de gama principal, num formato ligeiramente mais compacto em relação ao XL.
Se até agora a filosofia de design da Google se destacava pela simplicidade dos seus modelos, este ano a marca aposta numa direção mais elegante, aludindo a uma experiência mais Premium e luxuosa, com dispositivos muito bem construidos, ao mesmo tempo que mantém elementos familiares, como o módulo da câmara traseira muito semelhante aos dos modelo do ano passado, aos Pixel 9. Disponível em Pedra Lunar (em tons cinza e a versão que recebemos para teste), Obsidiana (preto), Porcelana (branco) e Jade (verde), o Pixel 10 Pro surge assim em vários “sabores”, todos aludido à tal estética mais elegante.
Uma vez na mão, as afinações a nível da ergonomia são imediatamente notórias, com um dispositivo muito confortável de segurar e de utilizar, graças às bordas arredondadas da estrutura e à transição suave entre os diferentes materiais do ecrã e do corpo. O Pixel 10 Pro mede 152,8 x 72 x 86mm e pesa 207 gramas, mais uma vez, muito o semelhante ao modelo do ano passado, Pixel 9 Pro. Volta também a ser protegido com o Corning Gorilla Glass Victus 2, tanto na frente como na traseira, com uma estrutura é em alumínio polido e acabamento traseiro mate que contrasta bem com as bordas brilhantes. O módulo de câmaras segue essa mesma linguagem de design, com contorno refletivo e superfície fosca em torno do trio de sensores. Do seu lado direito encontramos o botão de ligar/desligar e os controlos de volume, que oferecem bom feedback tátil. Na parte inferior, temos dois altifalantes e a porta USB-C (3.2), e já na parte superior temos a bandeja para o cartão SIM físico, embora o telefone suporte também eSIM. A restante da moldura mantém-se limpa, com apenas as linhas da antena e os orifícios de microfone. Por fim, no que toca à promessa da resistência, a certificação IP68 garante proteção contra pó e imersão em água doce, estando ao nível dos rivais diretos e dos restantes modelos da série.
Ainda no que diz respeito ao design, à frente, as margens são simétricas e discretas, com a câmara frontal volta a apresentar-se ao centro, com um sistema de desbloqueio facial melhorado que, acordo com a Google, é agora suficientemente seguro para autenticação em aplicações bancárias e financeiras. Há ainda um sensor de impressões digitais ultrassónico embutido no ecrã, oferecendo assim duas opções biométricas altamente fiáveis e rápidas de utilizar.
O Pixel 10 Pro vem equipado com um ecrã LTPO OLED Super Actua de 6,3 polegadas, com resolução de 2856×1280 pixeis e densidade de 495 ppi. O resultado é uma imagem extremamente nítida, com excelente definição em qualquer conteúdo. O brilho também merece destaque, já que agora atinge 2200 nits (típico) e até 3300 nits de pico (2000 típico e 3000 de pico no modelo do ano passado), o que garante boa visibilidade mesmo sob luz solar direta, um ponto onde muitos smartphones ainda falham. Para além disso, a taxa de atualização é variável entre 1 e 120Hz, ajustando-se dinamicamente para equilibrar fluidez e eficiência energética.
No seu interior o Google Pixel 10 Pro esconde um processador proprietário, o Tensor G5, acompanhado pelo co-processador de segurança Titan M2, uma combinação presente em toda a família Pixel 10. A unidade de teste que recebi conta com 16GB de RAM LPDDR5X e 128GB de armazenamento interno UFS 4.0, naquele que é o aspeto menos positivo desta nova geração de smartphones da Google, quando avaliamos o seu valor. Para um smartphone que se apresenta como topo de gama em 2025 e que custa 1119€, 128GB é insuficiente. O dobro, 256GB já deveria ser o mínimo para estes modelos, quando também consideramos o potencial de utilização destes equipamentos, preparados para capturar imagens em altas resoluções e formatos pesados como RAW, ou vídeos que tão graciosamente promovem com resoluções que podem ir até aos 8K, conteúdos esses que vão pesar, obviamente, no armazenamento interno e obrigam o utilizador a ter em atenção a sua gestão. E apesar deste aspeto também ser seguido pelos seus principais rivais, como a Apple e a Samsung, continua a ser difícil justificar tão pouco espaço num equipamento premium desta faixa de preço, especialmente quando uma expansão através do microSD se encontra ausente, motivando os utilizadores a optarem por serviços de armazenamento via cloud, como a própria Google oferece.
Historicamente, os processadores Tensor nunca brilharam em testes de benchmark, já que o seu verdadeiro foco está em tarefas de aprendizagem automática e aplicações inteligentes, onde a Google pode explorar a integração entre hardware e software. Ainda assim, a marca garante que o Tensor G5 permite arranques de aplicações até 17% mais rápidas e navegação web até 20% mais veloz face à geração anterior. Na utilização real, a experiência foi altamente convincente com aplicações que abriram de imediato, com uma resposta ágil do sistema, utilização multitarefa fluida mesmo sob carga mais pesada, e jogos pesados a serem executados sem qualquer dificuldade e de forma igualmente fluida. Um desses exemplos é Genshin Impact, onde o seu desempenho é exemplar, executado com as definições gráficas mais altas, revelando animações suaves e sem quebras notórias. Para além disso, o aquecimento traseiro mostrou-se moderado e nunca desconfortável.
O Google Pixel 10 Pro vem equipado com uma bateria de 4870mAh, que é 170mAh maior do que a que está presente no Pixel 9 Pro. Nos meus testes, esta bateria é mais do que suficiente para um dia completo de utilização intensa, chegando mesmo a dar para um dia e meio de utilização intensa, com navegação redes sociais, visualização de conteúdos em aplicações de streaming e utilização de ferramentas de produtividade. Com jogos pesados, então é suficiente para um dia completo e sem grandes dificuldades, o que realmente impressiona.
No carregamento, o Google Pixel 10 Pro suporta carregamento rápido de até 30W por cabo, embora a Google continue a não incluir carregador na caixa. Já o carregamento sem fio é de 15W. E é aqui que está uma das grandes novidades deste novo smartphone, uma vez que o equipamento agora suporta o carregamento sem fio com o padrão Qi2, um nova solução de carregamento sem fios, agora baseada no Pixelsnap, uma solução muito semelhante ao MagSafe da Apple que propõe um carregamento magnético efetuado através de um sistema de ímanes internos. Embora seja um boa novidade, a verdade é que a sua chegada representa o fim do carregamento sem fios reverso, algo que para muitos é útil para dar energia a acessórios como auscultadores, deixando assim de ser possível com o Pixel 10 Pro. Infelizmente, como o Pixelsnap é vendido separadamente e não recebemos para testa, não é possível tecer, para já, comentários sobre o seu funcionamento. O que foi possível testar foi o carregamento rápido, que levou cerca de 83 minutos dos 0% aos 100%. Em apenas 15 minutos a bateria chegou a 32%. E em 30 minutos já estava nos 59%, que são suficientes para aguentar um dia inteiro de utilização mas neste caso já moderada.
Toda a série Pixel 10 inclui 5G (sub-6GHz e mmWave), Wi-Fi 7, Bluetooth 6 e NFC, muito em linha com os melhores topos de gama atuais de outras marcas, mostrando-se versátil e com ligações seguras e estáveis. Já em termos práticos, para chamadas, o desempenho sem fios não desilude. A sua qualidade impressionou, com vozes sempre claras e compreensíveis, mesmo com ruído alto de fundo (por exemplo, nos transportes públicos) e o sistema de cancelamento de ruído funcionou de forma exemplar. Quando usado para efeitos de multimédia, o áudio é reproduzido pelos seus altifalantes, o auricular e as colunas inferiores com resultados extremamente satisfatórios, com um som capaz de encher facilmente uma pequena sala. No entanto, as frequências graves mais profundas revelaram-se menos definidas. Por isso, para uma experiência sonora mais rica, recomendo a que se recorra a auscultadores Bluetooth, até porque a Google não inclui a porta áudio de 3.5mm nestes modelos.
Os Google Pixel 10 Pro e o Pro XL partilham a mesma configuração fotográfica. Ambos contam com uma câmara principal de 50MP, abertura f/1.68 e campo de visão de 82 graus, um sensor ultra grande-angular de 48MP com foco automático, abertura f/1.7 e campo de visão de 123 graus, e uma lente teleobjetiva de 48MP com abertura f/2.8 e campo de visão de 22 graus. A teleobjetiva oferece zoom ótico de 5x e Super Res Zoom de até 100x. Tanto a câmara principal como a ultra grande angular incluem estabilização ótica de imagem (OIS). No geral, o Pixel 10 Pro entrega fotografias de excelente qualidade, com cores realistas e consistência entre as diferentes câmaras, algo que nem todos os rivais conseguem oferecer. O detalhe é elevado e a nitidez mantém-se tanto em grande plano como em paisagens distantes.
Por defeito, a câmara principal de 50MP gera imagens de 12,5 MP, recorrendo a pixel binning, uma técnica de processamento na qual combina informação de pixeis adjacentes para criar novos pixeis e, assim, aumentar a resolução de captura preservando o máximo de detalhe. É possível mudar para o modo de alta resolução nas definições Pro, que também oferecem controlos manuais sobre foco, velocidade do obturador e outros parâmetros. As imagens de 12,5MP tendem a apresentar cores ligeiramente mais ricas, enquanto as de 50MP preservam mais detalhe, mas é uma diferença pouca significativa para a maioria dos utilizadores, que na realidade só se nota quando se faz uma análise muito cuidada das fotografias.
A lente ultra grande angular de 48MP segue o mesmo padrão, produzindo também imagens de 12,5MP por defeito. Curiosamente, no modo de alta resolução, as fotos são escaladas para 50MP, numa tentativa de uniformizar a experiência com a câmara principal. A correção de distorção faz um excelente trabalho em objetos fixos, mas ao fotografar pessoas ou animais de estimação, ainda se nota algum efeito nas extremidades. Já a lente teleobjetiva de 48MP, também com saída padrão de 12,5MP, mostra-se altamente competente. O alcance do zoom ótico 5x (e híbrido até 100x) facilita o enquadramento de objetos distantes sem grande perda de detalhe, e as cores mantêm-se consistentes com as restantes câmaras. A grande novidade aqui é o Super Res Zoom, que permite utilizar o zoom praticamente sem perdas a 20x. Essa funcionalidade é exclusiva dos modelos Pro da série Pixel 10 e oferece uma qualidade sem precedentes. Com zoom de 20x efetuado com a lente teleobjetiva, o resultado é simplesmente espetacular, mesmo em baixas condições de luminosidade.
A câmara frontal não sofreu qualquer atualização em relação ao modelo do ano passado, mantém-se com um sensor de 42MP com abertura f/2.2, campo de visão de 103 graus e autofoco. As fotografias frontais revelam cores fiéis e bom nível de detalhe, embora as sombras possam parecer um pouco mais escuras do que são na realidade. O modo retrato consegue gerar um bokeh natural, mas ocasionalmente falha em zonas mais complexas, como em torno dos óculos. Outra boa novidade é que o Google Pixel 10 Pro, bem como o 10 Pro XL, agora têm a capacidade de tirar fotografias de 50MP no Modo Retrato utilizando a câmara principal, resultando na mais alta resolução que podemos encontrar num smartphone neste modo. Para conseguir isso, a Google utilizou um algoritmo atualizado, aplicável aos modos de 50MP e 12 MP, que faz com que o Pixel 10 Pro obtenha aquele que é o melhor Modo Retrato que alguma vez testei num smartphone, com detalhes, estimativa de profundidade e segmentação acima da média, especialmente em torno do rosto. A fotografia noturna continua a ser uma das maiores forças da linha Google Pixel. E em ambientes praticamente sem luz, o Pixel 10 Pro conseguiu captar cores invisíveis a olho nu, e com muito pouco ruído. Um resultado final simplesmente impressionante.
Na gravação de vídeo, há suporte até 4K a 60FPS, tanto nas câmaras traseiras como na frontal e na traseira. E é ainda possível gravar até resoluções 8K, limitado 30FPS. O material captado pela câmara principal é fluido e bem estabilizado, com um efeito próximo ao de um gimbal graças ao OIS. Já a câmara frontal, apesar de apresentar ligeiramente mais movimento, manteve um nível de estabilidade acima da média. E como não podia deixar de ser, apesar do seu hardware de alto desempenho, a Google continua a apostar muito no software fotográfico com apoio da inteligência artificial. A empresa continua a disponibilizar funcionalidades muito conhecidas dos utilizadores dos equipamentos Pixel, como o “Adicionar-me”, o “Auto Frame”, o “Reimagine”, e muitos outros. Mas uma das novidades deste ano é o Pro Res Zoom, que representa um salto impulsionado por uma combinação de hardware moderno com modelos de imagem de inteligência artificial generativa, executados no dispositivo diretamente na Pixel Camera, permitindo capturar detalhes mais claros e estáveis mesmo com zoom da câmara a 100x. Outra novidade é o facto dos equipamentos da série Pixel 10 serem os primeiros a receber a implementação do C2PA na sua aplicação nativa da câmara. Isto oferece a classificação máxima de segurança atualmente definida pelo C2PA, graças ao Tensor G5, ao chip de segurança Titan M2 e ao núcleo de segurança do Tensor. As informações do C2PA passam a estar visíveis diretamente no Google Fotos, em fotos tirada pela Câmara do Pixel 10 Pro.
Todos os equipamentos da série Pixel 10 chegam com o Android 16 pré-instalado, com a Google a comprometer-se a oferecer sete anos de atualizações do sistema operativo, correções de segurança e novas funcionalidades. Esta política é muito semelhante aquela que a Apple oferece para o iPhone, e garante que o Pixel 10 vai-se manter atualizado pelo menos até ao verão de 2032 com o Android 23.
Mas no centro da experiência de software do Pixel 10 Pro continua (e vai continuar a ser durante as próximas gerações) o Gemini, o assistente de inteligência artificial da Google. Este é capaz de lidar com conversas longas e complexas, mantendo memória dentro de cada sessão. As conversas ficam automaticamente transcritas e organizadas na aplicação dedicada. Este assistente está de tal forma integrado ao equipamento, que agora podemos dizer que o Google Assistente se reformou dos telefones da Google, e que agora já faz parte da história, mesmo quando tentamos executar comandos associados à casa inteligente. O Google Gemini já dispensa apresentações, e se há algum modelo inteligente que funciona bem em smartphones Android, é ele. De forma muito fácil e intuitiva é possível, por exemplo, gerar imagens através de prompts de texto, ter conversas de voz com base no que é visto no ecrã ou através da câmara do smartphone (com o Gemini Live), e muitas outras funcionalidades.
O Android 16 conta ainda com outra novidade, o Material 3 Expressive. A Google afirma que ele é a maior evolução de design em muitos anos. O Material 3 Expressive torna o dispositivo mais personalizado, fluido e responsivo, e apresenta novos efeitos para dar destaque aos papéis de parede escolhidos pelo utilizador. Para além disso, graças a essa nova linguagem visual, as aplicações surgem de cara lavada, com novos componentes e temas de cor renovados e tipografia expressiva. Numa fase inicial apenas as aplicações de Gravador, Câmara, Relógio, Google Fotos, Calculadora, Fitbit e Telefone tiram proveito do Expressive, mas a Google garante que muito em breve muitas outras aplicações vão tirar proveito do mesmo.
O Google Pixel 10 Pro é incrivelmente bem concebido, com detalhes cuidados em todo o lado, mas mantém-se suficientemente simples para que qualquer pessoa o possa amar. Combina um design de topo, câmaras de excelência, um ecrã altamente brilhante, o melhor que existe na inteligência artificial e um desempenho digno de um smartphone topo de gama. Posiciona-se como uma alternativa equilibrada dentro da gama, uma vez que oferece o formato compacto do Pixel 10, mas com a potência e as funcionalidades do Pixel 10 Pro XL, ou seja, um equilíbrio mais do que perfeito. Na minha opinião, este Google Pixel 10 Pro é claramente o melhor smartphone que temos no mercado, e a razão pela qual continuo a preferir o ecossistema da Google ao invés do da Apple.
Este dispositivo foi cedido para análise pela Google.