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Os Glockenwise lançaram no dia 7 de dezembro de 2018 o quarto álbum da sua carreira promissora na atmosfera musical a nível nacional. Para além deste, já contam com o rock de Building Waves (2011) e Leeches (2013) e as influências britânicas dos anos 80 como em Heat (2015).

Se estes três últimos álbuns foram uma imagem de marca para o estilo rockeiro despreocupado e grunge identitário da banda oriunda de Barcelos, já o álbum Plástico (2018) foi uma metamorfose musical. As letras passaram a ser compostas e cantadas em português e reinventou-se uma harmonia musical mais serena, conjugada com a presença mais frequente de guitarras acústicas, acompanhadas em algumas canções por um charmosíssimo saxofone, sem nunca esquecer uma pitada mais agressiva de rock pelo meio das nove músicas que unificam o quarto álbum.

Portanto, sim, houve uma mudança notória nas melodias mais limpas e suaves, contudo a “rockalhada” ainda continua a estar marcada como os Glockenwise nos habituaram, e bem. Outro marco importante na produção do quarto disco remete para a mudança da editora discográfica Lovers & Lollypops, com a qual trabalharam quase uma década, para a conceituada Valentim de Carvalho, que ajudou a banda na produção de um disco que demonstra a evolução e maturidade dos músicos Nuno Rodrigues, Rafael Ferreira e Rui Fiusa.

Na apresentação, a nível nacional, de “Plástico”, foram agendados três concertos: Musicbox, Lisboa (13/12); Maus Hábitos, Porto (14/12) e Avenida Café-Concerto, Aveiro (19/1). No passado dia 19 de janeiro, foi a vez de Aveiro receber os aclamados Glockenwise. Foi a primeira vez que atuaram na cidade dos ovos-moles, cerca de seis anos depois de terem cancelado um concerto no Mercado Negro. Não era, por isso, de admirar, que os aveirenses andassem ansiosos por este concerto.

As portas abriram às 22h, mas o concerto propriamente dito só começou meia hora depois, com a sala cheia à espera de ouvir as melodias rockeiras dos três amigos. O cenário presente no palco estava decorado com plásticos em volta de alguns instrumentos musicais, possivelmente como uma imagem de marca e analogia ao título do álbum que estavam prestes a tocar para o público aveirense.

Com a chegada dos músicos finalmente ao palco, denotou-se a presença de mais dois elementos, Julius Gabriel no saxofone e outros instrumentos, e Cláudio Tavares na bateria e, para surpresa dos aveirenses, um convidado especial e bem conhecido na cidade: João Sarnadas (Coelho Radioactivo), que Nuno Rodrigues apresentou, em tom de brincadeira, como “o nativo” que iria ajudar nas vendas de bilheteira.

A primeira coisa em que reparamos com a entrada dos músicos e enquanto estes saúdam o público e começam a preparar os instrumentos para o início do concerto, é o facto de todos os elementos em palco estarem vestidos a rigor com fatos azuis. A mudança e maturidade está mesmo presente e não é só nas novas músicas que compõem Plástico, mas também na própria apresentação da banda. Estamos perante uma banda mais adulta com uma atmosfera que personifica essa mesma transição.

As luzes baixam-se e entramos numa atmosfera cheia de nuances azuis, Nuno dá início ao primeiro acorde e a banda rapidamente o acompanha com “Sempre Assim”. Com uma melodia a puxar para um rock mais limpo dos anos 90, acompanhado de uma letra sobre a perda de amor, conquistaram rapidamente o público que sentia cada palavra pronunciada, enquanto se deixava o corpo levar para a melodia tão bem estruturada harmoniosamente. Obviamente que não faltaram aplausos fervorosos após o término da primeira música.

Foi mais de uma hora de concerto, com o público entregue à atmosfera que se sentia no auditório do Avenida. Se no início podia haver algum nervosismo por estarem a tocar pela primeira vez numa cidade desconhecida, com um disco carregado de novas transformações, rapidamente se dissipou. Não era caso para menos – o público estava ao rubro.

A escolha da setlist para o concerto, no Avenida, apresentou uma lógica sequencial deveras interessante, ou seja, as primeiras músicas continham um rock mais suave, já para o fim do concerto podia-se ouvir uns remakes das guitarras e bateria dos primórdios dos Glockenwise, mas sempre num tom mais subtil.

Para quem teve a oportunidade de presenciar um dos três concertos de apresentação do novo álbum, pode confirmar como existe mais power nas melodias tocadas ao vivo do que nas mesmas em gravação de estúdio e, por esse motivo, o público vibrou do início ao fim entre as músicas “Plástico”, “Muito Para Dar”, “Obra”, “Corpo”, “Dia Feliz”, “Dores”, “Moderno” e “Bom Rapaz”.

Quando o concerto estava prestes a terminar, a banda agradeceu ao público presente pelo amor e carinho demonstrado, confessando não estar à espera de uma receção tão calorosa em Aveiro depois do cancelamento do concerto, em 2013, no Mercado Negro. A satisfação do público foi notória: não saíram da sala de espetáculos até a banda regressar para o tão esperado encore.

A banda voltou ao palco, com imensas palmas de fundo, e fez as delícias do público com mais três músicas, desta vez temas clássicos indispensáveis a qualquer concerto dos Glockenwise, pondo mesmo fim ao espetáculo com a música “Heat”, uma “rockalhada” de emoções que levou as pessoas ao rubro.

Os Glockenwise encheram as medidas musicais dos aveirenses que estão, certamente, ansiosos pelo próximo. Que não demorem a regressar.

Fotos de: Joana Magalhães

Texto: Andreia Parente

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