Na Alemanha, o Grande Prémio de Eifel não teve um início de fim de semana fácil, mas, no fim, recordes foram igualados e outros batidos. Pódios finalmente apareceram para quem há muito lutava por eles e Lewis Hamilton teve uma das mais especiais vitórias da sua carreira.
Texto por: André Santos
Antes de começar a história que nos leva até Nürburgring, na Alemanha, para o Grande Prémio de Eifel, vou contar-vos um pouco daquilo que foi a pré-corrida, a começar por uma sexta-feira onde o nevoeiro intenso não permitiu que o helicóptero médico tivesse condições para voar, o que, por sua vez, fez com que as duas primeiras sessões de treino não acontecessem.
Drama de sexta-sexta no passado e é sábado, um sábado diferente para a Racing Point que, ao chegar à FP3, percebeu que Lance Stroll vão estava em condições para correr este fim de semana… O fim de semana ficou diferente para Nico Hülkenberg, que acabou por ser chamado e entrar no monolugar da Racing Point para a sessão de qualificação. Nada de estranho quando acabou na Q1 e em 20º.
Ufa, finalmente é domingo e está tudo pronto para o Grande Prémio. Carros arrancam e o primeiro recorde está batido: Kimi Raikkonen está de parabéns. É, a partir deste momento, o piloto com mais inícios de corrida na Fórmula 1 – já são 323 Grandes Prémios para o piloto finlandês.
Agora sim, tudo em direção à primeira curva e tudo falha a primeira curva. Dos 20 pilotos, talvez dois ou três se tenham safado de errar a trajetória na curva número 1. Quando parecia que os carros da Mercedes, na frente, iam perder as posições, quase todos os 18 pilotos acabaram por cometer o mesmo erro dos homens da marca alemã e foram para lá do lado de fora da curva…
Se têm acompanhado esta minha aventura pelo mundo da Fórmula 1 aqui no Echo Boomer, devem saber que não é a primeira vez que começo um artigo assim, a dizer que, passadas duas voltas, o terceiro lugar, desta vez Max Verstappen, já leva um atraso de 2.3 segundos do Mercedes de Valtteri Bottas, que segue em primeiro lugar. A diferença, hoje, é que, nesta altura, temos um Ferrari, o de Charles Leclerc, em terceiro lugar… parece mentira, mas não é!
No entanto, o piloto monegasco já conta com um atraso de 5.1 segundos para o líder. Este ano não está mesmo nada fácil para a Scuderia Ferrari, duas voltas passadas e Leclerc vai agora a 10 segundos de Bottas e já pressionado pelo piloto da Renault, Daniel Ricciardo.
Sétima volta. Enquanto Lando Norris e Sergio Pérez lutam pelo 7º lugar, o piloto da Haas, Romain Grosjean, cai para ultimo lugar e com dores fortes num dos dedos depois ter sido atingido na mão por gravilha. Obrigado Halo… antes na mão que na cabeça.
Sem muita emoção até aqui, saltamos para a volta número nove, onde Ricciardo consegue, finalmente, passar o “Fiat 500” de Leclerc que, até aqui, da forma que ia a prender o pelotão, parecia estar naquela cena do filme 007 – Spectre onde James Bond fica preso atrás de um dos pequenos carros da marca italiana durante uma fuga a alta velocidade. Com tudo isto, Ricciardo já ia a 16 segundos de Max Verstappen que, por sua vez, seguia em terceiro a 3.2 segundos do líder.
O texto já vai longo por isso vou abreviar:
Volta 13 – Hamilton passa Bottas e é agora líder;
Volta 14 – Raikkonen bate em George Russell, que fica de fora. O finlandês recebe 10 segundos de penalização;
Volta 17 – Kyviat tem que fazer toda uma volta sem asa dianteira depois de toque de Albon, que acaba por ter uma penalização de cinco segundos;
Volta 18 – Bottas, que já ia em 5º, acaba por terminar a corrida mais cedo com problemas na Power Unit (motor);
Volta 23 – Ocon deixa o seu Renault de fora com problemas aparentes nos travões e caixa de velocidades;
Volta 25 – Albon nas boxes para trocar de pneus e cumprir penalização, mas acaba por tirar as luvas mais cedo. A Red Bull diz que encontraram problemas na Power Unit…;
Com tudo isto, Hülkenberg, que começou em 20,º está já em 9º lugar, posição de pontuar. Ainda não vamos a meio do Grande Prémio de Eifel e Lando Norris começa a queixar-se que está com problemas na Power Unit também. A McLaren pede-lhe que continue, mas o piloto britânico continua a perder muito tempo na sua luta com Pérez, que já dura há quase 20 voltas… enquanto que o mexicano da Racing Point avança e está cada vez mais perto de Daniel Ricciardo, Norris vai descendo e descendo, estando agora, na volta 44, atrás do seu colega de equipa e com um atraso de 17 segundos.
“Já chega!” – Disse o motor do McLaren pilotado pelo jovem piloto, que tanto lutou para manter o carro em pista. Mesmo com o carro parado fora de pista, o Safety Car acaba por ter que entrar enquanto o monolugar é posto para lá do muro de proteção. A festa começa, finalmente! Está tudo nas boxes para trocar de pneus, tudo menos Pérez, que acaba por aguentar mais uma volta, decidindo parar depois de ver o Renault de Ricciardo a fazer o mesmo. Safety Car fora da equação e estamos de volta à corrida com os carros que levavam um minuto, ou mais, dos dois da frente agora colados às suas traseiras.
O Mercedes de Lewis e o Red Bull de Max depressa fogem, mas Daniel Ricciardo e Pérez continuam a lutar por aquele último lugar do pódio que, a ambos, foge desde 2018. Quem será o último dos três pilotos a abrir a garrafa de champagne? Pouco mais de um segundo separa os dois, mas o carro da marca francesa acaba por levar a melhor e mete o piloto australiano no pódio, em terceiro lugar.
A corrida, que terminou com apenas 15 pilotos e que teve como piloto do dia um Super Hülkenberg em 8º lugar, depois de ter partido em 20º, viu ainda Max Verstappen a subir ao segundo lugar do pódio e a conquistar o ponto para a volta mais rápida com um tempo de 1:28.139.
Destacar ainda os pontos conseguidos por Grosjean (Haas) em 9º lugar e Giovinazzi (Alfa Romeo) em 10º e, claro, a vitória de Lewis Hamilton. O piloto britânico da Mercedes subiu ao lugar mais algo do pódio pela 91ª vez e igualou, assim, o recorde do alemão Michael Schumacher como piloto com mais vitórias na Fórmula 1.
No fim, de forma emocionante, Lewis Hamilton recebeu das mãos de Mick Schumacher um dos capacetes outrora usados pelo pai. Parabéns Lewis, parabéns Schumacher. Duas lendas vivas do desporto motorizado.