Depois das dúvidas sobre a sua realização, a Fórmula 1 chegou à Catalunha, para o Grande Prémio de Espanha, e voltou a trazer o domínio da Mercedes para a prova Rainha do desporto motorizado. Quatro motores Mercedes nos primeiros cinco lugares, com apenas Max Verstappen a conseguir quebrar o domínio alemão.
Texto por: André Santos
De volta à cidade de Barcelona para 66 voltas ao traçado que todos os pilotos já têm obrigação de conhecer. É aqui que se fazem os testes de pré-temporada e onde alguns pilotos pegam pela primeira vez nos novos carros para testar a proposta de composto para os pneus da temporada que está para abrir. Para o 6º Grande Prémio de Fórmula 1, num ano em que a temporada está longe de ser normal, pouca emoção era esperada num circuito com poucas zonas de ultrapassagem e onde apenas Max Verstappen conseguiria por à prova o domínio da Mercedes F1 AMG.
Luzes apagadas e começa o GP. Os primeiros segundos conseguiram prever com alguma exatidão aquilo que viriam a ser as 66 voltas ao Circuito da Catalunha do piloto com o carro 77, Valtteri Bottas, a não conseguir um bom arranque e a deixar Max Verstappen, no seu Red Bull Racing Honda, conquistar o segundo lugar. Quem também teve um bom arranque foi, sem dúvida alguma, Lance Stroll, que conseguiu levar o seu Racing Point BWT Mercedes do quinto lugar, conseguido na qualificação, até ao terceiro lugar antes da primeira curva. Infelizmente para o piloto da futura Aston Martin, o domínio sobre Bottas não durou muito e, ao fim de algumas voltas, a classificação já mostrava o resultado final…
A partir deste momento, a corrida foi o que se esperava: 15 voltas corridas e já o terceiro lugar (Bottas) estava a 12.4 segundos de Lance Stroll na quarta posição. Aquilo que começava já a ver-se como uma corrida a três teve o seu único momento de emoção, até aqui, patrocinado pela Pirelli e pelos seus pneus, já que o piloto Holandês, Max Verstappen, em tão poucas voltas já se queixava da fraca condição da borracha que calçava o carro da Red Bull.
Com a diferença entre o terceiro e o quarto lugar a aumentar, mas com a impossibilidade de Bottas conseguir chegar-se perto do motor Honda de Verstappen, a corrida que se pensava a três passava a ter o seu destino anunciado – Hamilton com tudo para ganhar, Max em segundo e Valtteri parecia que não iria conseguir mais que um modesto terceiro lugar.
Num desporto em que os carros atingem velocidades superiores a 300km/h, a emoção teimava em não aparecer, e o único momento que fez com que alguém, provavelmente na garagem da Renault, se levantasse minimamente da cadeira foi quando Estaban Ocon conseguiu ultrapassar Kimi Räikkönen e, para isso, quase ir à relva na reta da meta. Se a emoção já não era muita, assim continuou depois de terem parado os três primeiros lugares e as posições a manterem-se inalteradas, com Max a ser o piloto que separa os Mercedes dos dois lugares mais altos do pódio.
Se pensam que as paragens e a menor distância dos dois Racing Point para os três da frente poderia trazer alguma emoção… bom, podem esperar sentados. Nem assim os carros equipados por motores (e não só…) Mercedes conseguiram ter ritmo suficiente para ameaçar o troféu mais pequeno da tarde.
Chegamos a meio do Grande Prémio de Espanha e as pequenas batalhas que vão surgindo são para lugares do meio da tabela, com Carlos Sainz a tentar lutar pelo sexto lugar – sem grande sucesso, diga-se – e com Charles Leclerc a mostrar grandes dificuldades para passar o McLaren de Lando Norris, que tentava manter o 11º lugar. Já a Renault, ainda sem paragens, colocava nesta altura dois carros nos pontos com Daniel Ricciardo em 4º lugar e Ocon em 8º, mas era sol de pouca dura, já que a equipa francesa acabou longe daquilo que seria esperado, com ambos os carros fora dos pontos.
Damos um salto até à volta 38, onde o destino da Ferrari muda. A Scuderia, que estava com sérias dificuldades em colocar qualquer um dos seus carros nos pontos, vê um problema de motor atirar Leclerc para a última posição. Depois de se ouvir perfeitamente, durante a transmissão, o motor do Ferrari a desligar por completo, o piloto monegasco consegue ainda voltar a andar, mas apenas para levar o seu SF1000 até às boxes e, assim, evitar um Safety Car, já que acabou por dar a sua participação como terminada na volta seguinte.
Com a equipa Italiana novamente em apuros, apenas Sebastian Vettel poderia dar alguns pontos aos Tifosi. E assim foi… depois de ser o próprio a decidir que faria todas as 66 voltas do Grande Prémio de Espanha com apenas uma paragem. O Ferrari número 5 acaba em 7º lugar, conquistando assim uns importantes seis pontos e ainda o prémio, atribuído pelos telespetadores, de Driver of The Day.
Numa corrida em que apenas os três primeiros terminaram na volta 66, todos os outros levavam uma volta de avanço. Importa destacar um excelente trabalho da Racing Point, tendo conseguido o seu melhor resultado da época ao colocar Lance Stroll em 4º e Sergio Pérez, que regressa depois de duas semanas de paragem devido a ter testado positivo para o novo Corona-Virus, em 5º lugar. O piloto Mexicano acabou por perder o 4º lugar para o colega de equipa, Lance Stroll, devido a uma penalização de cinco segundos por ignorar bandeiras azuis quando estaria a ser ultrapassado por Lewis Hamilton. Este resultado levou a equipa de Lawrence Stroll ao terceiro lugar do campeonato de construtores e empurrou a Ferrari para 5º, que foi também ultrapassada pela McLaren, e que, por sua vez, acabou por conseguir colocar dos carros nas dez primeiras posições.
Na corrida que deu a 88ª vitória a Lewis Hamilton, e ainda fez com que o piloto britânico ultrapasse o Alemão Michael Schumacher no número de pódios (conta agora com 156), foi o seu companheiro de equipa, Valtteri Bottas, que conseguiu a prémio DHL para a volta mais rápida com 1:18:183, acabando em terceiro lugar atrás de Max Verstappen. Foi o piloto Holandês que, mais uma vez, fez com que a Mercedes não ficasse com os dois lugares mais altos do pódio… e logo numa corrida em que nos cinco primeiros lugares acabaram quatro motores Mercedes.