Boshq tem nova carta que acerta em cheio nos pratos de raiz mais europeia e nos hambúrgueres

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Revisitámos o Boshq, restaurante do Hotel Mercure em Almada, por um dos melhores motivos: provar a nova carta!

Oferecendo-se à vista de quem passa junto ao Hotel Mercure Almada de Almada, o Boshq, restaurante do hotel, é um bom lugar para quem procura uma refeição confortável num ambiente moderno e descontraído. Agora com nova carta, ainda bastante recente, e depois de uma primeira experiência que achámos, no mínimo, interessante, tivemos a certeza de que valia a pena revisitar este ponto relativamente acessível – em preços e localização – dentro do trajeto gastronómico da Grande Lisboa.

O Hotel Mercure Almada fica num enquadramento bastante oportuno, junto aos grandes acessos a Lisboa, mas também é privilegiado pela localização contígua ao pulmão verde da cidade, o bonito Parque da Paz. No geral, há uma sensação de refúgio assim que se atravessam as portas do Mercure. Mais do que um hotel, o empreendimento, vizinho de um dos principais pulmões verdes da cidade, posiciona-se como um ponto de encontro, um espaço de passagem e de pausa para quem procura tranquilidade e, ao mesmo tempo, proximidade a empresas e serviços.

É neste cenário, literalmente contíguo a uma das maiores áreas verdes urbanas do concelho, que o restaurante Boshq opera, assumindo-se como uma proposta gastronómica de eleição não só para os hóspedes, mas para todos os que procuram uma refeição capaz de surpreender pela sua qualidade em todas as vertentes: qualidade e variedade dos pratos, ambiente, comodidades, excelente nível de atendimento….

Enquanto ali estivemos sentados à mesa, observámos o andamento da carruagem. Entravam grupos de estudantes universitários que se sentavam pacatamente a degustar pratos do menu do Boshq (deu para confirmar ocularmente, e não só, que os Smash Burguers são o ex-libris da casa). Famílias com crianças escolheram o Boshq para um almoço descontraído, numa atmosfera tão de sábado. Turistas e outra gente em viagem, pessoas não hospedadas no hotel, pararam por ali, num magnífico momento descontraído e de boa degustação.

Quanto a nós, um dos traços mais curiosos da sala de refeições do Boshq, que por acaso dispõe de uma esplanada envidraçada, é a impressão bucólica causada pelos verdes suaves. Foi muito bem-sucedida esta decoração que, além do tom, opta pelo toque ornamental da vegetação e das frutas e flores silvestres, cujo apontamento final está no carrinho decorativo ao canto da sala que se torna um pouco evocativo daquele ambiente de histórias tradicionais, envolvendo elementos característicos dos bosques e da sua natureza.

Claro que esses detalhes acabam por interagir com uma atmosfera cosmopolita e moderna, tanto no mobiliário, como na iluminação, na amplitude e luminosidade dos espaços, na alternância entre as madeiras e a pedra, nas diferentes texturas dos materiais, na oferta, ao fim e ao cabo, de uma sala confortável e elegante onde, apesar de tudo, vibra a patine de alguns detalhes que não deixam de ir acusando a passagem do tempo. Portanto, com uma identidade que remete para um bosque moderno e acolhedor, o Boshq, agora sob a alçada do chefe de sala Diogo Ganchas, apresenta uma carta recentemente unificada que integra e assimila o anterior conceito de brunch a um elenco de pratos robustos, cheios de personalidade e sabor. A ementa foi pensada para agradar a diferentes paladares, equilibrando o conceito de comfort food com toques de fusão que revelam um pouco mais de ambição.

A experiência no Boshq iniciou-se com o Couvert, um prelúdio promissor que foge ao convencional: pão nórdico de sementes, de miolo denso e húmido, acompanhado por uma mistura de beterraba, sedosa e ligeiramente adocicada, e por uma manteiga de ervas, fresca e aromática. É um primeiro aviso de que a atenção ao detalhe aqui é regra.

Para abrir o apetite, a escolha recaiu sobre três das novidades destacadas pelo chefe de sala do Boshq. Os Croquetes de Bolonhesa, que se revelaram uma reinterpretação bem-sucedida: crosta fina e crocante a guardar um recheio cremoso e saboroso da clássica carne moída – uma combinação de texturas que funciona muito bem.

Depois o Tataki de Atum com Puré de Pastinaga e Abacate, que foi uma grande revelação. Tem tido, aliás, grande sucesso. O atum é servido em tenras postas, acompanhado por um puré de abacate cremoso. Um prato vibrante pela sua cor e apresentação (que os olhos também comem, como diz o ditado) e bem equilibrado.

Já o Pica-Pau da Vazia à Bulhão é uma demonstração de como se pode dar literalmente a volta a um petisco tradicional, pois é uma novidade que resume as características daquilo que é, afinal, um petisco bastante conhecido mas que, nesta abordagem, se traduz numa intensificação dos seus elementos. As tiras de vazia, tenras e saborosas, são salteadas no azeite, alho e coentros, e acompanhadas por um aioli de alho confitado. Note-se que, aqui, o azeite tem uma presença régia (numa próxima, eu diria só uma palavrinha de “menos molho, por favor”, à cozinha). O toque de frescura é adicionado por um puré de abacate cremoso. Um prato vibrante pela sua cor e apresentação (que os olhos também comem, como diz o ditado) e bem equilibrado.

Quanto a bebidas a acompanhar refeição, uma das opções foi um sumo natural do dia, neste caso, melancia e maracujá: refrescante, sem se notar presença de açúcar. Pessoalmente, prefiro bebidas mais Free Spirit, e por isso optei por um mocktail, um Marac-ojito, esse sim, repleto de gelo mas com um sabor espetacular graças à conjugação de ingredientes tão fantásticos quanto a lima e, neste caso, o maracujá.

Nos pratos principais, há muitas e excelentes opções. A ementa faz as honras à apresentação de uma das suas secções mais importantes e preferidas do público, os Smash Burguers, e citamos: “Um tributo aos anos de experiência a virar hambúrgueres no wild. Opções decadentes e ideais para ser comido sem cerimónias”.

A coisa passa pelo American Burger (Novilho 2x80g), que leva alface iceberg, queijo cheddar, tomate, cornichons e molho especial; o Wild Burger (Novilho 2x80g), com alface iceberg, cheddar, bacon de vitela, ovo estrelado e molho especial; o Crispy Chicken, que leva, além de frango crocante, queijo cheddar, alface iceberg, bacon crocante de perú, cornichons e molho Caesar; e o VG Burger (Vegetariano), com carne de perú, grão com cogumelo portobello, queijo cheddar e compota de cebola caramelizada.

Mas, segundo os testemunhos, já sabíamos que a estrela era o Oklahoma Burger (Novilho 2x80g), o que se confirmou como ponto alto das nossas preferências: uma delícia de queijo cheddar, cebola caramelizada, cogumelo portobello e molho especial. Vendo ao pormenor: são dois discos de novilho, finos e caramelizados, cobertos por queijo cheddar derretido, cebola caramelizada doce e cogumelo portobello carnudo, unidos por um molho especial picante-ácido.

Não admira que este hambúrguer tenha suscitado muita adesão por parte de quem visita o Boshq, a que temos que juntar o sabor daquele pãozinho redondo de batata doce, uma aposta de fabrico próprio que, quanto a nós, é uma aposta ganha. Não bastando isto, é ainda acompanhado por batatas fritas caseiras com um dos temperos que se lhe colam melhor, o orégão. Outros principais que têm tido grande saída são a Poke Bowl de Atum/Camarão, o Polvo Assado com Mil Folhas, ou o reconfigurado Risotto de Cogumelos Selvagens, agora com espinafres e mais camadas de cogumelos!

Servem-se, também, Linguini Verde com Burrata, Bife da Vazia, ou o Entrecôte.

A nossa segunda opção foi para um principal que mencionamos agora, o Pad Thai de Camarão. Apesar de ser também um prato saboroso, não marcou os mesmos pontos que o hambúrguer, o que não quer dizer que não tenha boas pernas para andar. Se os camarões estavam saborosos e cozinhados no ponto, o acompanhamento deixou, desta vez, um pouco a desejar. A massa de arroz vinha acompanhada de rebentos de feijão, amendoim triturado, chalota e ovo – até aqui tudo bem -, elementos clássicos do prato. O problema residiu na textura: as fibras dos rebentos e, sobretudo, a chalota, apresentavam-se um pouco abaixo do ponto ótimo de cozedura, ou seja, demasiado rijas mesmo para um apreciador de vegetais “al dente”, na nossa opinião, quebrando a harmonia do conjunto e dando uma sensação de falta de acabamento. O equilíbrio de sabores, embora presente, foi prejudicado pelo facto de não se poder fruir do prato inteiramente.

A finalizar, as sobremesas alisaram o terreno. O Caju Cake é, no mínimo, interessante: base densa de bolo de caju contrastando com uma cobertura cremosa e ligeiramente salgada, num conjunto sofisticado que evita a doçura excessiva. Já o Wild Fudge Brownie é bastante intenso, como se quer. Extremamente húmido, quase fudgy no centro, com pedaços de chocolate que derretem na boca, é intenso, rico e indulgente, perfeito para os amantes de chocolate.

Outras opções igualmente atrativas estão disponíveis, na carta, desde o famoso doce persa Rose Malabi, até aos gelados artesanais.

Em conclusão, a revisita ao Boshq revela uma cozinha com potencial e ideias claras. A nova ementa acerta em cheio nos pratos de raiz mais europeia e nos hambúrgueres, demonstrando boa técnica na execução de sabores robustos. No entanto, a incursão por cozinhas asiáticas, como provou o Pad Thai, carece do mesmo rigor no detalhe. Vale pela qualidade dos produtos e pela clara intenção de agradar, sendo uma opção bastante válida em Almada, especialmente para quem procurar os pratos mais bem conseguidos.

Aberto de segunda a sexta-feira das 12h às 15h e das 19h às 22h30, e aos sábados e domingos das 12h às 15h e das 19h às 23h, podem reservar a vossa mesa diretamente através do site oficial do Boshq ou ligando para o 211548648.

Graça Pacheco
Graça Pacheco
Licenciada em literaturas clássicas e com um doutoramento em estudos literários, sou colaboradora e fã do Echo Boomer. Escrever, para mim, é um ofício desafiante mas também um hobby. Também adoro gastronomia, gosto de explorar novas tecnologias e sobretudo, adoro cinema e TV.
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