Gastronomia açoreana na mesa do chef do Akla

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Atenção: têm de reservar mesa para que possam vivenciar toda esta maravilhosa experiência.

“A promessa de uma mesa açoreana em plena cidade de Lisboa, acompanhada pelo chef.” Foi com este espírito que aceitámos o desafio de jantar na mesa do chef do Akla, inserido no InterContinental Lisbon.

Ao entrar no Akla, facilmente se percecionou um ambiente bastante “Premium” e “Clean”, que contrasta na perfeição com as características do hotel onde se insere.

Após breves segundos a apreciar o ambiente do restaurante, fomos prontamente recebidos pelo sub chef de sala, Francisco Elisbão, que nos encaminhou para o local da nova experiência de degustação do Akla: Mesa do Chef.

Depois de uma breve apresentação do restaurante e do conceito da mesa do chefe, o chef José Carpelho veio explicar-nos um pouco melhor tudo aquilo que iríamos ter oportunidade de degustar do Menu Açores, menu este elaborado pelo chef açoreano Eddy Melo, em homenagem aos produtos locais e tradições destas ilhas portuguesas.

Um detalhe que considerámos bastante interessante prendeu-se com o facto de serem utilizados, praticamente na sua totalidade, ingredientes provenientes de origem açoreana na confecção dos pratos. São exemplos disto os vegetais, os queijos, os enchidos e os peixes, entre outros.

Entradas

Depois de explicado tudo aquilo que iria ser experienciado naquela noite, começámos então esta aventura pelas entradas: Uma seleção de pães fofos por dentro e estaladiços por fora, uma deliciosa foccacia com azeitonas, tomate e parmesão a cada dentada dada, uma prova de azeite já típica neste tipos de restaurantes premium e, por fim, um pratinho com um incrível Creme de Queijo São Jorge, um Humus de Beterraba indicado para os amantes do sabor deste vegetal, tendo em conta o forte sabor desta iguaria, e uma apaladada e super cremosa Manteiga de Manjericão e Lima.

O vinho branco

Mesa do Chef - Akla

Já o vinho escolhido pelo subchef de sala Francisco Elisbão para acompanhar as entradas e os primeiros pratos a serem servidos pelo chef José Carpelho foi o vinho branco Verdelho o Original, de António Maçanita da IG Açores. Este vinho, para além do facto de ser produzido no arquipélago dos Açores, é também elaborado a partir de uma casta específica de uvas denominada de “Verdelho”, o que confere a este produto uma grande grau de qualidade e uma considerável complexidade aromática. Foi possível denotar diversos aromas minerais e frutados envolvidos por acidez bastante equilibrada, o que torna este vinho uma excelente companhia tanto para as entradas, como para os seguintes três pratos de peixe.

Os 3 pratos

No meio de conversa, enquanto assistíamos à grande destreza do chef José Carpelho na ponta da nossa mesa durante a preparação dos pratos da noite acompanhada das entradas, eis que nos chega a primeira iguaria a ser registada: o Lombo de Atum Patudo de São Miguel. Este lombo de atum é grelhado num assador a carvão também denominado de “Josper” com carvão zero e é servido acompanhado de Pimento Banana, Batata Doce Assada e Redução de Cebola de Cortume. Todos os sabores presentes no prato estavam bastante bem equilibrados, o que culminou na ligação entre os elementos mais pesados e salgados e outros elementos mais adocicados e leves. A harmonização com o vinho branco Verdelho O Original atenuou diversos sabores mais fortes e fez sobressair outros sabores e sensações menos evidentes, tal como a frescura e autenticidade do atum e breves notas doces conferidas do Pimento Banana.

Mal terminámos a degustação do Lombo de atum, já era possível reparar no empratamento da segunda estrela da noite: a Lula Grelhada em Carvão Zero.

Este prato veio acompanhado pela Mousseline de Batata com Coentros, Molho Vilão, Limão Galego e Pico de Galo, o que prometia claramente ser uma experiência gastronómica bastante interessante, tendo em conta a mistura de aromas e sabores de todos estes ingredientes.

Após chegar à mesa e apreciarmos a elegância do prato que nos acabava de ser colocado à frente, ficámos agradavelmente surpreendidos com a textura super tenra e suculenta da lula, ligada na perfeição com a ligeira acidez e frescura transmitida pelo Limão Galego e pelo Pico de Galo. Já a Mousseline de Batata com Coentros e o Molho Vilão vieram dar-nos uma sensação de equilíbrio e conforto, tornando assim este um dos pratos candidatos a mais equilibrados da noite. A harmonização feita com o vinho branco Verdelho O Original ajudou claramente a amplificar alguns dos sabores não tão óbvios do prato, especialmente o do Molho galego e o do Limão Galego.

Após término do prato anterior, gerou-se uma sensação de curiosidade pelo próximo prato a ser servido na mesa do chefe: o Chicharro. A pouca nobreza e consequente subvalorização do Chicharro no mercado piscatório faz com que a utilização deste peixe seja bastante incomum no mundo da alta cozinha, pelo que se justificou a curiosidade gerada em torno do prato que nos chegava à mesa. A primeira impressão que tivemos deste prato foi bastante boa, tendo em conta a apresentação bastante simples e cuidada, cuidado esse já replicado por todos os pratos degustados até agora pelo chef José Carpelho. Bastou levar à boca uma garfada deste prato para percebemos o interessante que pode ser a cozinha: Um prato de peixe com um aroma bastante notório a morcela. E sim, leram bem: Morcela. Acreditem ou não, a junção do Chicharro dos Açores Recheado com o Inhame das Furnas e Morcela, a Cebolada com Pimenta da Terra e o Molho de Limão Cravo e Salsa superou claramente todas as nossas expectativas iniciais, pois transformou um prato com um peixe “nada de especial” para muitos, numa experiência claramente a repetir. No final, e após o pairing com o vinho branco Verdelho, ficámos com aquele gostinho a morcela muito suave na boca, com leves notas a limão, salta e a mar.

O vinho tinto

Antes de atacarmos a última criação do chef do Menu Açores, o Arroz de algas, o subchef de sala Francisco Elisbão propôs a harmonização deste último prato com um Tinto Vulcânico, também de António Maçanita da IG Açores. Ao contrário do primeiro vinho, este é produzido a partir da mistura de múltiplas castas, o que lhe confere um sabor ligeiramente frutado, uma textura média com muita salinidade e uma frescura adequadas para acompanhar o próximo prato.

Último prato

Mesa do Chef - Akla

Por fim, tivemos oportunidade de degustar também o prato de Arroz Malandro com Algas dos Açores. Este foi acompanhado por Fava do Mar, Alface do Mar, Abóbora, Cebola, Queijo de São Jorge 36 meses, Cenoura Bio Assada com Tomilho, Mel e Anona. Mais uma vez, as nossas papilas gustativas foram colocadas à prova pelo chef na hora de provar mais um prato cheio de sabores e diferentes texturas. Depois de o provarmos, chegámos à conclusão que queríamos desde início: O verdadeiro e intenso sabor a mar, propiciado pelas algas, Fava do Mar e Alface do Mar, atenuado por sabores característicos dos açores tais como a Anona e acabando no aconchego de estômago oferecido pelo Queijo de São Jorge.

Este, sim, foi um dos pratos que mais nos surpreendeu, pois conseguiu equilibrar sabores bastante intensos tais como o das algas, anona e queijo de São Jorge em apenas um só prato. Na nossa opinião, a escolha do Vinho Tinto Vulcânico para acompanhar este prato teve uma importância bastante grande nesta experiência, pois foi através dele que conseguiu atenuar sabores mais intensos e fazer aparecer outros menos evidentes no prato, tal como o Mel e a Cenoura. Para quem procura um prato sem qualquer tipo de carne ou peixe, irá certamente ficar bastante surpreendido com esta iguaria.

Sobremesa

Mesa do Chef - Akla

Chegando agora à etapa das sobremesas, foram-nos trazidas duas iguarias do Menu Açores no mesmo prato: O Bolo Micaelense com o Cremoso de Chá de Gorreana de São Miguel e Sorbet de Anona e o Ananás dos Açores Grelhado no Josper com Espuma de Queijo da Ilha Picante e Sorbet de Araçal.

Depois de provarmos todas estas sobremesas, ficámos bastante indecisos sobre qual repetiríamos vezes sem conta, a julgar pela apresentação, sabores e texturas oferecidos por cada peça integrante deste misto de sobremesas. Tanto a junção do super fofo e delicioso Bolo Micaelense com o Cremoso de Chá de Gorreana de São Miguel e Sorbet de Anona, como a junção do Ananás típico dos Açores Grelhado no Josper com a Espuma de Queijo da Ilha Picante e Sorbet de Araçal, levaram-nos aos Açores por breves momentos sem que tivéssemos que sair de Lisboa, mais propriamente do Akla, devido à mistura de todos estes sabores insulares. Falando da forma mais sincera possível, nota 10 para ambas as sobremesas que nos ajudaram a fechar toda esta viagem gastronómica.

Considerações finais

Caso desejem visitar o Akla para vivenciar toda esta maravilhosa experiência da mesa do chef, fiquem sabendo que o poderão fazer mediante reserva antecipada de 48 horas para um grupo no mínimo de 4 pessoas e no máximo de 6 pessoas. Na mesa do chef é possível escolher entre o Menu Açores, já descrito acima, e o Menu Lisboeta e os seus preços variam entre os 78€ (experiência sem harmonização de vinhos) e os 98€ (experiência com harmonização de vinhos).

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