Com três casas abertas, a Fábrica da Picanha tem um plano de expansão em curso para levar esta matéria-prima a cada vez mais clientes, onde cada dose é feita na hora.
Há um corte de carne que transcende modas gastronómicas, dispensa apresentações em churrascos e provoca debates acesos sobre o ponto ideal de cozedura – a picanha. Se muitos compram em supermercados e outros talhos para devorar em casa, há quem prefira sempre optar por um rodízio e comer à vontade. E é aqui que a Fábrica da Picanha tem uma palavra a dizer.
Depois de Odivelas (2022) e Alverca (2023), a Fábrica da Picanha instalou-se em Campo de Ourique em abril de 2024, e foi precisamente esta unidade que visitámos recentemente. Com uma operação centrada na rapidez e na qualidade, esta casa desafia o preconceito enraizado de que rodízio é sinónimo de carne em abundância, mas sem grande critério.
A ideia nasceu da experiência de Tiago Vaz, que trabalha em restauração desde os 18 anos. Aos 32, lançou-se no conceito que resume como um “rodízio 2.0”: uma carta reduzida, serviço ultra-rápido e uma aposta declarada na experiência. “Quando montámos a primeira unidade, já foi com um propósito de expansão rápida, e estamos com uma média de uma abertura por ano.”
A ementa não se estende, nem precisa. O foco está na picanha, maminha, cachaço de porco e salsicha, apesar de Tiago Vaz, em conversa com o Echo Boomer durante um almoço no restaurante localizado em Campo de Ourique, ter dito que a Fábrica da Picanha é um “restaurante específico de rodízio de picanha, específico ao ponto de não termos mais nada”.
A nível de preços, aos almoços de segunda a sexta-feira o custo é de 15,95€, passando a 20,95€ nos restantes períodos. Podem pedir quantas vezes quiserem, inclusive acompanhamentos, mas atenção que este all you can eat obriga ao consumo de uma bebida. Para crianças dos 6 aos 9 anos de idade, é cobrado um preço de 9,50€ por cada.
Todos os pedidos são feitos com recurso ao smartphone, uma vez que é necessário ler um QR Code, presente em cada mesa, que remete para uma app onde se escolhe o que vem para a mesa. “O nosso rodízio é um bocadinho diferente do normal. Normalmente as carnes estão na grelha, os funcionários trazem para a mesa do cliente e cortam na mesma. Nós aqui fazemos o inverso. Temos a carne toda crua e somente quando é feito o pedido é que a matéria-prima vai para a grelha”, revelou o responsável. E mais: cada dose pedida é individual, ou seja, uma excelente tática para garantir que todos os clientes recebem a sua carne exatamente como pedido – até porque há quem goste de carne bem passada, mal passada, média…
A app é facílima de usar. Basta selecionar os produtos desejados, adicionar ao pedido e confirmar a encomenda, para que vejam um resumo de tudo o que estão a pedir. E depois carregam em finalizar, para que efetivamente a cozinha receba o pedido e comece a trabalhar.
Tudo começa nas entradas, com opções como Azeitonas temperadas, Pão de Queijo, Pão Quente e Manteiga de Alho. Depois o rodízio em si, com as já mencionadas doses de Picanha, Maminha AA, Cachaço de Porco e Salsicha. E a acompanhar têm batatas fritas, arroz, feijão preto e salada. Todos estes produtos, à exceção das entradas, podem ser pedidos quantas vezes quiserem, pois estão incluídos no preço do rodízio. Ou seja, fazem um pedido, aguardam que a comida chegue e devoram tudo. Se quiserem mais, basta fazer um novo pedido via app. Nada mais simples. Este é um método interessante de funcionamento, uma vez que não cria “pressão” nos clientes, ou seja, comem ao seu ritmo, seja mais depressa ou devagar, e apenas metem mais comida no estômago se assim o entenderem.
Para acompanhar têm uma vasta seleção de bebidas – cocktails, sangrias (recomenda-se vivamente a de Maracujá), cervejas, entre outras opções. No fim de tudo, se ainda conseguirem, podem deliciar-se com sobremesas como Creme Brulée com chocolate branco – a nossa favorita, de tão gulosa que era -, Mousse de chocolate, Mousse de lima e o também caseiro Petit Gateau com doce de leite.
Outra mais-valia da Fábrica da Picanha são os rapidíssimos tempos de serviço. Em média, se for apenas reposição de carne, pode demorar apenas três minutos. Com acompanhamentos passa para os sete minutos. Mais minuto, menos minuto, comprovou-se não só a rapidez, mas a qualidade dos ingredientes – foi mesmo muita quantidade de picanha servida, cortada em fatias finíssimas, tal como se quer.
Apesar de tudo girar à volta da carne, há espaço para o inesperado na Fábrica da Picanha. No centro da sala destaca-se uma lua iluminada que, a certa altura da noite, brilha e marca o início de um pequeno ritual com shots gratuitos. Na casa de banho, um botão transforma o espaço numa mini-discoteca, com luzes coloridas incluídas.
Convém referir, no entanto, que o restaurante Fábrica da Picanha de Campo de Ourique vai deixar de funcionar ao almoço. A decisão é estratégica: o modelo do rodízio rápido funciona melhor à noite, quando o cliente tem tempo para a experiência completa. “Especificamente, esta loja tem menus de pratos feitos, uma vez que os clientes da zona não gostam tanto de rodízio”, disse o responsável, mas uma vez que acaba por ser “raríssimo” alguém optar por esse modelo de menu executivo, o restaurante vai focar-se, em exclusivo, no modelo de rodízio de picanha.
Com três casas abertas, o plano de expansão existe e terá seguimento muito em breve, com uma Fábrica da Picanha em Massamá. Há também elevada probabilidade de inaugurar um restaurante em Oeiras, embora a localização não esteja fechada.