Excesso de Bagagem: Jel esgotou uma sala em Torres Novas com o seu primeiro solo de stand up comedy

- Publicidade -

E podem ler aqui a crítica ao espetáculo.

Aos 49 anos, Nuno Duarte, Jel para os amigos, arriscou pisar os palcos em nome próprio e estreou o seu primeiro solo, Excesso de Bagagem. Atuou na passada sexta-feira, 23 de fevereiro, por Torres Novas, onde lançou a segunda fase da digressão na Black Box Central do Caldeirão, sala intimista pertencente ao Teatro Virgínia. Eu estive lá e partilho agora com vocês a minha crítica ao primeiro espetáculo de stand up comedy de Jel.

Cem pessoas esgotaram a Black Box Central do Caldeirão para verem a estreia de Jel em Torres Novas. Tal como ele fez questão de reforçar, nunca tinha estado na cidade como artista, em mais de 20 anos de carreira.

Apesar do nome do espetáculo – Excesso de Bagagem – o palco estava vazio, apenas tinha um microfone e uma cadeira com águas. Este pormenor, a meu ver, é um ponto negativo. Considerando o nome sugestivo, bastava a presença de três ou quatro malas de viagem arrumadas ali no chão para criar um diferente ambiente. Tornaria a sala mais acolhedora e o espetáculo mais pessoal, mais intimista. Um ponto fácil de dar a volta e que pode adicionar bastante ao espetáculo.

Assim que começou a atuação, foi logo possível ver o à-vontade de Jel em cima do palco. Os mais de 20 anos de carreira transpareceram para aquela hora e pouco de texto, mesmo sendo o primeiro solo do comediante. Os primeiros minutos serviram, como já é habitual na comédia, para interagir um pouco com o público, ler a sala e perceber o quão envolvidas estavam as pessoas. Demonstrou uma excelente capacidade de improviso – por mais que tivesse pensado nas piadas nos bastidores, foram feitas de improviso considerando não pertencerem ao texto – através de umas brincadeiras que fez com o nome “Torres Novas” e com uma localidade vizinha. Assim, Jel ganhou o público que se manteve fiel até ao fim.

O texto foi bastante pessoal, e, ao mesmo tempo, muito atual. Jel apostou num texto adequado para qualquer faixa etária e que transpôs os limites da idade – foi buscar histórias do tempo dos Homens da Luta (dupla que teve em tempos com o irmão, “Falâncio”), falou do início da carreira, de problemas pessoais, e do seu primeiro disco, numa experiência como cantor que, claramente, falhou.

Os vários bits presentes na primeira metade do texto – antes de inevitável viagem nostálgica a que submeteu o público – representam bem o trabalho de bastidores de Jel, que se preparou bastante para que a estreia como stand up comedian corresse da melhor maneira. Temas atuais como política, liberdade de género ou televisão arrecadaram muitas gargalhadas num público com faixas etárias bastante distintas.

Contudo, apesar da enorme confiança em palco, à-vontade com o público e presença – são mais de 20 anos de carreira como comediante – há algumas falhas a apontar, talvez fruto da inexperiência no mundo do stand up comedy.

A principal falha aconteceu por muitas vezes, demasiadas até. Contudo foi compreensível, dado o entusiasmo com que a persona Jel estava em palco. A presença “atabalhoada” de Jel, com muitos movimentos de braços, muita ação no palco, causou o esquecimento momentâneo de que é necessário um microfone para que o público o oiça. Por várias vezes Jel continuava um bit sem ter o microfone junto à boca, esquecia-se de o utilizar – coisa que o próprio se apercebeu e brincou com isso. Contudo, é algo fácil de corrigir e, considerando o tamanho da sala, não foi grave porque não fez com que deixássemos de ouvir o artista.

Jel já passou por vários ramos diferentes da comédia, é um dos grandes comediantes da nossa praça, e assim se estreia, da melhor maneira, num dos poucos que lhe faltavam. Excesso de Bagagem é uma produção Kilt e continua a correr o país. A segunda fase de datas da digressão continua por Benavente (1 de março), Portimão (8 de março), Chamusca (16 de março), Alenquer (23 de março), Lisboa (10 de abril), Moura (13 de abril), Póvoa do Varzim (30 de abril), Alverca (5 de maio), Palmela (17 de maio), Sines (18 de maio) e Almada (24 de maio).

Fotografia: Facebook do Teatro Virgínia

- Publicidade -

Deixa uma resposta

Introduz o teu comentário!
Introduz o teu nome

Relacionados