A maioria dos criadores de conteúdo na área dos videojogos opera nos tempos livres, conciliando a produção com emprego ou com os estudos, e revelando desafios na profissionalização.
Um novo relatório da Yrs Truly, uma agência especializada em marketing para jogos, revela que 92,7% dos criadores de conteúdo na área dos videojogos trabalham de forma independente, sem agência de representação. O Gaming Content Creator Report 2025, baseado em dados recolhidos junto de mais de 100 criadores sobretudo da Europa, indica ainda que a maioria produz conteúdo a tempo parcial, em paralelo com responsabilidades profissionais ou académicas, ou seja, como um hobby. Com apenas 30,3% a afirmarem dedicar-se em exclusivo à criação de conteúdos.
O estudo salienta que esta realidade contraria a perceção comum de que ser criador de conteúdos é, por norma, uma profissão a tempo inteiro. Para muitos, o tempo disponível para produção é limitado, reforçando a necessidade de uma comunicação clara e eficiente por parte das marcas.
Quanto às plataformas, o YouTube e a Twitch continuam a ser dominantes (68%), mas 89% dos inquiridos afirmam publicar também em formatos curtos no TikTok, Instagram e YouTube Shorts. A agência refere que a republicação entre plataformas é uma estratégia comum, que permite ampliar alcance sem esforço adicional significativo.
Os criadores destacam ainda a importância da participação em eventos, com 36% a referir que espera por apoio financeiro em custos de deslocação e estadia, quando surgem as oportunidades. No campo das colaborações, todos os participantes mostraram abertura para negociar valores, com 65,9% a praticar tarifas diferenciadas para projetos independentes.
A relação com a comunidade surge como a maior prioridade dos criadores de conteúdo. De acordo com o relatório, 70,7% dos criadores colocam a reação do público como preocupação máxima antes de aceitar patrocínios. O rendimento proveniente de colaborações comerciais representa, em média, 29,6% do total dos ganhos dos inquiridos.
MJ Widomska, fundadora da Yrs Truly, explica que o objetivo do relatório foi de recolher testemunhos diretos dos criadores, para compreender a realidade daquela que foi em tempos vista como uma possível profissão com garantias, algo que de acordo com os resultados, revela na realidade desafios na profissionalização. “Queríamos corrigir a falta de dados concretos sobre marketing de criadores no setor dos jogos. Eles foram muito transparentes connosco, partilhando experiências negativas e deixando claro como gostariam de ser tratados pelas marcas”.