Ensaio ao Tesla Model 3 Performance

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A Tesla dispõe de um dos melhores (senão mesmo o melhor) softwares disponíveis num automóvel, pois coloca à disposição dos condutores diversas opções e utilitários que mais nenhuma marca automóvel no mercado possui. Mas nem tudo são rosas…

Tive recentemente a oportunidade de andar uns dias ao volante do novo Model 3 Performance da norte-americana Tesla. Neste sedan residem a alma e o espírito de um carro desportivo, desde as suas linhas super aerodinâmicas à potencia de 460cv oferecidos pelo motor duplo elétrico de tração integral. Este motor duplo leva-nos dos 0-100 em 3,1 segundos e nos oferece a possibilidade de atingir uma velocidade máxima de 262km/h.

Já a bateria que equipa este veículo anuncia uma autonomia para 528km (WTLP) e estima-se que tenha a capacidade para cerca de 78KWh, o que é um fator bastante importante tratando-se este de uma versão mais desportiva do Model 3. Mas vamos por partes.

Exterior

No exterior, verificam-se diversas alterações feitas neste novo Model 3, dando a este veículo um ar muito mais desportivo e agressivo, tendo por base de comparação o anterior Model 3. Já a presença das jantes Performance, combinadas com os Travões Performance, dão um ar superdesportivo a esta unidade da Tesla.

Quanto às dimensões exteriores, estamos na presença de um carro com 4,720 metros, o que significa que não é um veículo propriamente pequeno para o padrão de medidas europeias, pelo que poderá ter algumas dificuldades em arranjar sítio de estacionamento em alguns locais.

Interior

Quanto ao interior, saltam à vista algumas alterações que foram feitas tendo por base o Model 3 anterior, como é o caso da ausência da haste dos piscas, que passou a integrar o volante com dois botões. Este é um dos pontos com o qual tive claras dificuldades de adaptação, uma vez que várias foram as vezes em que dei por mim a esticar os dedos da mão esquerda em vão, à procura da maravilhosa haste que comanda os piscas.

Outra das grandes novidades, e que requer alguma habituação, é a ausência de alavanca seletora de marcha (D P R N). Esta passou para o lado esquerdo do ecrã central e é apenas necessário arrastar o veículo para cima ou para baixo, consoante queremos andar para a frente ou para trás. Mas nem sempre necessitamos de mexer no ecrã para andar para a frente – basta colocar o cinto de segurança, carregar no travão e, em seguida, no acelerador, para andar para a frente sem mexer em nada.

É de ressalvar o interior premium disponível neste Model 3 Performance, destacando-se pela presença de melhores materiais e maior cuidado na construção dos componentes interiores da viatura. Outro dos pontos que gostei foi claramente dos bancos desportivos ventilados, ajudando bastante a manter os condutores quentes no inverno, com a ajuda da funcionalidade de aquecimento dos acentos, ou mais frescos no verão, com a presença de ventilação para aqueles dias mais quentes onde tudo escalda.

Já a presença de pormenores em fibra de carbono no seu interior, juntamente com a iluminação LED que se encontra no tablier e portas, acabam por dar a este carro a aura desportiva que tantos desejam, fazendo lembrar aqueles superdesportivos a combustão que ainda hoje existem no mercado.

Quanto à central de infoentretenimento, acaba por centralizar todas as funcionalidades do veículo, desde o típico quadrante que nos dá informações sobre velocidade, autonomia e demais indicadores (como os piscas), até ao controlo multimédia, Bluetooth e áudio, passando também pelo controlo da climatização do veículo e, como já referido, o seletor de marcha (D P R N).

Este modelo equipa também com um ecrã traseiro táctil de 8 polegadas e que possibilita aos passageiros traseiros efetuarem as suas personalizações em termos de climatização, conectividade Bluetooth e entretenimento. É, assim, possível reproduzir um conteúdo, tanto de áudio como de vídeo, para os passageiros traseiros – ver Netflix por exemplo -, diferente daquele que está a ser reproduzido para os lugares de condutor e passageiro.

Em Estrada

Passando agora à experiência em estrada, o Tesla Model 3 Performance demonstrou verdadeiras características de lobo em pele de cordeiro. Por outras palavras, este é um Tesla Model 3, semelhante a outros da mesma geração, mas com a diferença de oferecer cerca de 460cv de potência ao pisar o acelerador com alguma veemência – fiquei várias vezes colado ao banco, fosse numa ultrapassagem ou em trajetos mais rápidos. Este é, assim, um modelo um pouco mais direcionado aos amantes de velocidade, e até de pista, tendo em conta as suas características técnicas, tais como a direção e suspensão reguláveis, e também a disponibilidade de um modo de pista, o que acaba por fazer as delícias de quem gosta de percursos em pista acompanhados por diversas métricas. Este é, portanto, um Tesla Model 3 que faz corar de vergonha muitos dos superdesportivos que se encontram disponíveis no mercado no que toca à performance.

Quanto à sua suspensão, ainda que dê para regular, não podia esperar outra coisa que um elevado grau de precisão e de dureza em estrada, sempre altamente preparada para responder a vários desafios.

Testei também uma das tecnologias mais exclusivas da Tesla: o famoso Autosteer. Aqui posso dizer que a Tesla conseguiu dar um passo em frente rumo à automação completa do automóvel comum, dando aos seus automóveis a capacidade de condução autónoma ao clicar num botão. É de referir, no entanto, que esta tecnologia ainda se encontra em desenvolvimento, pelo que, por diversas vezes, o seu funcionamento mostrou-se errático ou até instável.

Dou como exemplos desta situação a condução noturna, condução com chuva (ainda que muito pouco intensa) e estradas com falhas de marcação. Nestas situações, o veículo desativa repentinamente toda a sua funcionalidade de Auto Steer, seguido de breves apitos e avisos ao mesmo tempo que desacelera algo repentinamente, o que obriga os condutores a ter uma atenção redobrada quando usam esta funcionalidade. A Tesla ainda tem algum caminho a percorrer, especialmente se conseguir evitar estas ações bruscas mal seja desativado o Auto Steer, de forma a que o condutor tenha alguns segundos para se preparar para tomar o controlo do veículo.

Quanto à funcionalidade de ultrapassagem assistida, esta encontra-se no bom caminho, necessitando de alguns ajustes por parte da marca. Digo isto especialmente para algumas situações em que se coloca o pisca em funcionamento e somos obrigados a virar o volante e a assistir toda a manobra em pouco tempo, sob pena da ultrapassagem ser cancelada por ter sido ultrapassado o tempo limite para a mesma. Acreditamos que, com mais umas atualizações e correções num futuro próximo, teremos estes sistemas a funcionar de uma forma tão irrepreensível que irão estabelecer um novo standard no mercado automóvel do futuro.

Outra das funcionalidades que adorámos foi a questão do estacionamento automático. Aqui não existe propriamente a questão do travar e colocar a marcha atrás (R), ou travar novamente para colocar em marcha (D). Ao passar por alguns lugares que o veículo identifique que sejam adequados, basta clicar no lugar de estacionamento que aparece no ecrã e clicar em iniciar e voilá: faz tudo de forma automática sem termos de fazer mais nada. Apesar de termos de continuar a prestar atenção com aquilo que o carro vai fazendo, podemos ir logo recolhendo alguns dos nossos acessórios para sairmos rapidamente da viatura assim que terminar o seu estacionamento, aproveitando assim um pouco melhor o nosso tempo.

Tirando uma ou outra situação em que o veículo interpretou mal o lugar selecionado, ficando mal-estacionado (devido muitas vezes a lancis delimitadores dos lugares de estacionamento), esta foi uma das funcionalidades que mais me deixou rendido a este Tesla Model 3, para além da sua potência demonstrada em estrada.

Consumos

Passando agora aos consumos, estes também não são muito simpáticos, como já seria de esperar. Dos percursos que fiz, consegui obter uma média de 18,9kwh em autoestrada num percurso de cerca de 120km, adotando como habitual uma velocidade média de 120Km/h.

Já num percurso fora de autoestrada, consegui obter médias na ordem dos 15,9Kwh ao percorrer uma distância de 76km, a uma velocidade média de 70km/h.

Quando combinados os consumos, obtive uma média que ronda os 17,4kwh, consumos estes um pouco acima do habitual para um veículo elétrico, mas perfeitamente aceitáveis quando falamos de um veículo como o Tesla Model 3 Performance com 460cv. A tudo isto há também de considerar que este veículo dispõe de uma grande bateria de 78kwh, onde 75kwh são usáveis, o que dá uma sensação de confiança maior para a realização de trajetos até 450 km, perante os consumos anteriormente registados.

Outra das coisas que a Tesla me deu oportunidade de testar foi o seu carregamento num posto Supercharger, pelo que fiz um desvio por Fátima para beber um café e testar estes carregadores Tesla, que oferecem potências espantosas até 150Kw. Todo o poder deste carregador deixou-me boquiaberto, pois foi possível recuperar cerca de 228km em apenas 15 minutos de utilização. É perfeito para quem pretender percorrer uns bons km sem ter de pensar que os tempos de carregamento vão ser um problema.

Ao utilizar um carregador comum, a potência máxima oferecida pelo carregador CA do Tesla Model 3 Performance é de 11Kw, o que acaba por adequar-se à maioria das situações domésticas dos mercados automóveis, onde normalmente se dispõe de um máximo de 7kwh.

Veredito

Terminada mais esta aventura, posso afirmar, com toda a certeza, que a Tesla dispõe de um dos melhores (senão mesmo o melhor) softwares disponíveis num automóvel, pois coloca à disposição dos condutores diversas opções e utilitários que mais nenhuma marca automóvel no mercado possui, tais como a identificação quase perfeita de sinais (verticais e horizontais), marcas de estrada, pessoas e veículos. Outra das funcionalidades que me surpreendeu foi o Auto Steer (Direção Automática), permitindo conduzir este Tesla por alguns km de forma semi-assistida, sendo necessário alguns toques no volante de tempos a tempos e a ativação do pisca para a realização de ultrapassagens.

No entanto, nem tudo são rosas, pois grande parte destas evoluções está ainda em fase de testes de desenvolvimento (Beta), logo com diversos erros e um funcionamento inconsistente, especialmente em cenários noturnos ou até de chuva, ainda que seja muito pouca.

Quanto a consumos, considero que, para um carro com 460cv de potência, juntamente com a bateria de 78kwh, não existe qualquer tipo de problema, visto que há potência de aceleração e bateria que chegue para, pelo menos, 450km, de modo a chegar ao destino sem grandes medos.

Valores de um brinquedo destes? Começa nuns “modestos” 58.475€ apenas com Autopilot Básico, passa para os 62.275€ com Autopilot Aperfeiçoado, e termina nos 65.975€ com Capacidade de condução autónoma. São números um pouco acima da média para um veículo elétrico, mas perfeitamente aceitável quando estamos a falar de um Tesla Model 3 Performance com 460cv de potência e que “nos cola” ao banco quando carregamos no acelerador.

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