Ensaio ao Renault Scenic E-Tech 100% elétrico

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Apesar de alguns pontos menos positivos identificados, tais como a dureza em estrada, e de alguns pontos a ter em consideração no desenho estético e funcional do tablier, só temos a dizer maravilhas deste Renault Scenic E-Tech 100% Elétrico.

É verdade, estamos de volta aos ensaios. E resolvemos retomar com um veículo elétrico do segmento C, focado principalmente nas saídas em família tanto para viagens curtas, como de média-longa distância.

Falo do Renault Scenic E-Tech 100% Elétrico na versão Techno, 170 cv de potência e uma bateria de 60Kwh.

Quanto ao aspeto exterior, denota-se claramente um salto qualitativo, tanto em termos estéticos, apresentando-se este com linhas mais vincadas e futuristas, como em termos de qualidade de construção, tendo por base comparativa as versões anteriores do Renault Scenic, ainda com motor a combustão.

Interior

Já em termos de interior, constatei um ambiente bastante ergonómico e versátil, com vários compartimentos de suporte e arrumação, misturado com toda a componente tecnologia e de info-entretenimento, que ocupa mais do que 50% da consola central e que serve como um centro de controlo para todas as configurações do veículo.

E por falar em sistema de info-entretenimento, estamos perante a nova norma da Renault Open RLink. Este sistema com 12 polegadas está disponível em todos os modelos mais recentes da marca e oferece uma infinidade de soluções, uma vez que permite a instalação de aplicações diretamente da Google Play Store, tais como o browser de internet Vivaldi, o Waze ou até mesmo a Amazon Prime Video ou a Max. Para além de todas as capacidades Google, é também possível a conexão de equipamentos com Apple Carplay e Android Auto ao sistema Open RLink e usufruir de uma destas tecnologias maximizada às 12 polegadas do ecrã.

Outra das novidades que temos à nossa disposição é o quadrante TFT de 12 polegadas em frente ao condutor. Este oferece ao condutor várias opções de visualização, tais como o mapa Google Maps, informação de música ou estação de radio atual, médias de consumos ou, até, um indicador de condução ecológica, sempre conjugadas com a informação obrigatória de velocidade atual, sinaléticas de estrada e autonomia. Aqui também são indicadas todas as informações acerca do carregamento do veículo, tais como autonomia em quilómetros, percentagem de carga e tempo restante de carga até aos 80% e até aos 100%.

Um dos pontos a que a Renault se manteve fiel desde os seus primórdios, e que continua a dividir opiniões, continua a estar presente neste veículo: o comando satélite do radio posicionado atrás do volante.

Apesar das várias opiniões existentes desde a década de 80 até aos dias de hoje acerca deste comando, pessoalmente continuo a considerar que esta é uma opção bastante útil e menos evasiva em termos de espaço no volante, deixando assim mais espaço para a presença de diversas outras funções mais importantes, tais como a navegação nos diversos menos no quadrante TFT, Adaptative Cruise Control e até para um atalho rápido personalizável.

Quanto ao espaço traseiro, e contrariamente a alguns outros concorrentes, o Scenic dispõe de um piso plano na segunda fila de bancos e de um espaço bastante amplo para as pernas dos passageiros, pelo que me arrisco a dizer que uma pessoa com cerca de 1,90m de altura poderá viajar confortavelmente nos bancos traseiros deste carro.

Nesta mesma segunda fila de bancos, caso viajem apenas com 4 passageiros, é permitida a utilização de um braço central que cai entre os dois bancos traseiros e que coloca à disposição dos passageiros dois suportes de copos, uma arrumação para o telemóvel com duas fichas de carregamento USB-C e, até, um suporte modular para o telemóvel ou tablet, a pensar naqueles que desejam ver um filme ou uma série enquanto viajam.

Um dos aspetos que não gostei tanto foi da estrutura onde reside carregador de indução para o telemóvel, tendo em conta que tive de corrigir a posição do banco do condutor mais do que uma vez para não bater com o joelho, em posição de descanso, na esquina deste componente pertencente ao tablier do Scenic.

Outras partes menos bem conseguidas neste Scenic, e que mereciam maior atenção por parte da marca, são o posicionamento descentrado e discreto do botão do porta luvas, que nos roubou sempre alguns minutos na hora de o abrir, e a ausência de luz dentro do mesmo, o que impossibilita ver com clareza o seu conteúdo, mesmo com a ajuda das luzes de teto.

Condução

Quanto à condução em estrada, tal como é notado numa grande parte dos veículos elétricos devido ao peso que carregam da bateria, este é um veículo um pouco duro, especialmente ao circular sobre mau piso. No entanto, nem tudo é mau. Toda esta firmeza na suspensão proporciona ao Scenic uma estabilidade muito boa em curva, o que acaba por transmitir um grau de confiança um pouco maior a quem conduz este pequeno crossover familiar.

Existe também no Scenic outro ponto tecnológico que estranhei ao início, mas que depois lá se entranhou: o retrovisor interior inteligente. Este pode ser colocado no modo retrovisor comum, tal como a grande maioria dos veículos comuns, ou pode ser ligado, tornando-se assim um monitor da câmara traseira. Demorei um pouco a habituar-me a esta tecnologia, é certo, mas não duvido que vá sentir falta desta novidade nos próximos veículos que irei testar, especialmente em ambientes de final de tarde e noite, onde acabamos por ter uma visão claramente melhorada, comparando com um retrovisor interior comum.

renault scenic e tech eletrico imagem 14

Nesta versão temos também à disposição as câmaras de estacionamento 360º e o sistema Parking Assist, que nos dão uma grande ajuda quer pretendamos estacionar este veículo – com cerca de 4,470 metros de comprimento – de forma manual ou de forma totalmente automática de frente, de traseira ou até mesmo de lado.

Quer queira quer não (a não ser que haja muito espaço), e tendo em conta as dimensões do Scenic, fui sempre tentado a fazer pisca e a ativar a funcionalidade de estacionamento automático para reduzir a probabilidade de incidentes em manobras de estacionamento. E a verdade é que funcionou às mil maravilhas, com um grau de simplicidade que até me surpreendeu pela positiva.

Consumos

Mal comecei esta aventura, efetuei um reset a todos os valores de médias, de forma a obter valores minimamente fidedignos, tendo em conta o estilo da minha condução.

Depois de percorrer cerca de 120km, a uma velocidade que oscilava entre os 110km/h e os 125km/h por autoestrada, verifiquei um consumo de cerca de 45% da bateria de 60kwh ou seja, uma média de 17,7kwh/100km, ligeiramente acima dos anunciados 16,4 WTLP, mas que se revela um consumo bastante bom para um veículo elétrico familiar deste tipo.

Chegado ao meu primeiro destino, tive à disposição um carregador de 7kwh CA (cerca de 30Ah), pelo que testei toda a capacidade de carregamento do Scenic desde os restantes 55% até aos 80% e até aos 100%. A questão do limite imposto nesta versão do Scenic dos 7kwh ao carregar em corrente alterna, apesar de parecer à primeira vista insuficiente, acaba por ter alguma lógica, tendo em conta que, na maioria das situações, a potência que dispomos nas nossas casas ronda sempre os 4/5Kva e muito raramente ultrapassa os 7kwh (30Ah) – a menos que tenhamos um quadro elétrico trifásico, mas isso é outra conversa. Segundo os meus testes, o Scenic indicou e conseguiu atingir mesmo os 80% de carga útil em 2h30min e os 100% em 4h30min, valores bastante bons para um veículo elétrico que poderá ser facilmente carregado em casa com estas potencias com a implementação apenas de uma Wall Box.

Já no segundo dia, e com a bateria novamente a 100%, percorri cerca de mais 120km – apenas em circuito urbano e extraurbano, e utilizando apenas estradas nacionais e municipais numa média 60km/h – e consegui consumos na ordem dos 13,4 kwh/100km e um consumo de cerca de 30% da bateria de 60kwh. Mais uma vez, os valores são ligeiramente superiores aos 12,4kwh/100km, mas, acima de tudo, revelam-se uma boa média para um veículo elétrico desta classe.

Para os que planeiam encher a bagageira de malas e tralha para efetuar longos percursos em família, podem fazê-lo sem grandes receios. Por outras palavras, caso necessitem de injetar uns bons km de autonomia de uma forma mais célere, dispõem também de uma forma de carregamento em corrente contínua a 130KWh em postos de carregamento públicos preparados para tal. Apesar de ser mais dispendioso, é possível efetuar uma paragem de 30 minutos e, sem grandes demoras, levar o nível de carga da bateria dos 15% aos 80%, para que consigam chegar ao destino sem qualquer sobressalto. Segundo os meus testes, num carregamento rápido de apenas 10 minutos, consegui ir tomar um café na área de serviço e recuperar cerca de 20% de bateria, o que acaba por ir de encontro aos 65% de carga em 30 minutos anunciados pela marca para este veículo.

Aliado ao carregamento rápido, outra das tecnologias que dá uma ajuda essencial neste planeamento destes percursos maiores é, sem dúvida, o sistema Open Rlink com Google incorporado. Por outras palavras, caso utilizem o Google Maps do veículo para planear todo o trajeto, este irá calcular tanto a rota, como a bateria necessária para ir e voltar de e para determinado destino. E sim, tem também em consideração todas as paragens obrigatórias ao longo do percurso para carregar a viatura, de forma a eliminar qualquer tipo de sobressalto durante o percurso.

Para além disto, ao utilizarem este planeamento do Google Maps incluído no Open Rlink do Renault Scenic, ativam o arrefecimento rápido das baterias vários quilómetros antes do posto de carregamento rápido. Parecendo que não, esta funcionalidade aumenta consideravelmente a performance de carregamento e reduz o tempo de espera em carregamento de forma a prosseguir viagem.

Veredito

De forma resumida, apesar de alguns pontos menos positivos identificados, tais como a dureza em estrada, já bem característica na maioria dos veículos elétricos, e de alguns pontos a ter em consideração no desenho estético e funcional do tablier, só temos a dizer maravilhas deste Renault Scenic E-Tech 100% Elétrico.

Depois de alguma apreensão para com a bateria de 60Kwh e para com o limite de 7kwh de carregamento em CA, esta versão do Renault Scenic E-Tech demonstrou-se bastante competente no que toca a consumos e a autonomia, tendo conseguido levar-me ao longo de 500Km sem gerar grandes preocupações na procura de carregadores rápidos a cada 100km para que conseguisse levar a cabo esta viagem.

Já em termos de sistema multimédia, considero que a presença do sistema Open RLink, com a forte inclusão de tecnologia Android e Google, é claramente uma aposta ganha pela Renault. Apesar deste já dispor de um bom conjunto de ferramentas Google, a presença da Play Store dá ao condutor uma liberdade de personalização do sistema. Ainda assim, acredito que este sistema ainda poderá trazer mais novidades aos proprietários de veículos com este sistema, através das atualizações FOTA (Firmware Over the Air), de forma a elevar a experiência de condução a outro patamar.

A versão testada nesta análise (Renault Scenic E-Tech 100% Elétrico techno 170 cv com carregamento CA 7KWh e CC 130KWh) pode ser adquirida em qualquer concessionário Renault pelo valor de 47.916,56€, valor este que considero justo, tendo em conta a tecnologia incluída neste modelo, mas que infelizmente não estará ao alcance de uma parte das famílias portuguesas. Existe, isso sim, uma versão com menos equipamento e, por isso, mais económica e apetecível, podendo ser adquirida por 40.690€.

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