Passaram umas semanas deste que testei o último veículo da marca, pelo que, recentemente, tive oportunidade de ensaiar mais um, neste caso o BMW Z4 sDrive20i. Se é verdade que não achava grande piada à geração anterior do Z4, nesta estou completamente rendido. Exterior e interiormente, este é um carro que é um verdadeiro festim para a visão.
A unidade ensaiada apresentava-se na cor preto Sapphire metalizada e com os interiores em pele Vernasca Cognac, com costuras em preto. Esta é, na minha opinião, uma conjugação que assenta que nem uma luva neste descapotável da marca germânica, e, como se não bastasse, vinha ainda equipado com o Pack M com as jantes JLL 799 M de raios duplos bicolores em 19”, que são simplesmente soberbas.
Sendo a versão ensaiada a sDrive20i, que é a gama de entrada em termos de motorização para o novo Z4, não tem, obviamente, o músculo das outras versões existentes. Porém, esta situação em nada impede que seja um carro desportivo surpreendentemente satisfatório e muito preciso de conduzir, com resposta sob o pé direito muito boa e uma excelente aceleração direta, sem que se faça sentir muito lag ou falta de capacidade, seja em rotações mais baixas ou mais altas.
Ao fim ao cabo, estamos a falar de um quatro cilindros turbo, com dois litros, capaz de debitar 194 cavalos de potência que faz dos 0 aos 100km/h em 6,6 segundos. Não esquecer também que temos como aliada a fantástica caixa de oito velocidades ZF que nos acompanha até aos 240 km/h de velocidade máxima anunciada.
Quanto ao que não tem a ver diretamente com capacidade de propulsão, mas que está muito relacionada com o prazer de condução, a suspensão foi re-projetada relativamente à versão anterior, tendo agora não só uma proporção maior de alumínio, como uma nova configuração de cinco elos na traseira.
O motor fica mais próximo do centro de gravidade do carro, que é mais baixo do que antes, e o eixo da frente é 98 mm mais largo – um aumento colossal. Ao mesmo tempo, a distância entre eixos diminuiu 26 mm, a fim de endurecer a plataforma de alumínio e aço compartilhada com o BMW 5 Series e o novo Toyota GR Supra.
É tão confortável de conduzir que dei por mim a fazer quilómetros dentro e fora da cidade, sem rumo, apenas pelo prazer de condução, e isto é algo que não é fácil de encontrar: um carro que desperte iguais boas sensações a conduzir a velocidades moderadas, ou até mesmo lentas, como também em velocidades mais altas ou por caminhos sinuosos, como é por exemplo o belo traçado da Serra da Arrábida.
O que gostei também neste BMW Z4 é que é um descapotável que pode ser bastante prático de utilizar. É cómodo como poucos e tem espaço na mala mais que suficiente para levar três pequenos sacos de bagagem, ou uma mala maior e mais qualquer coisa.
Entre os lindíssimos e superconfortáveis bancos existe também espaço de arrumação, embora limitado, onde cabe pouco mais do que uma carteira e dois copos. Já atrás dos bancos temos ainda algum espaço disponível, não muito, mas algum.
Gostei muito da forma como os bancos permitem adaptar o apoio lombar até à perfeição, dando a ideia que cada condutor ou passageiro vai ter um banco de grande conforto e com muito apoio, quase feito à medida.
O interior é, no geral, um destaque de luxo, o que é também uma indicação de que o BMW Z4 continua a pretender ser mais um roadster versátil, do tipo tourer, do que um carro desportivo comprometido apenas com a performance.
Haverá quem possa dizer que a BMW poderia ter feito mais para fazer com que o painel seguisse com elegância os contornos de seus novos instrumentos digitais trapezoidais, mas o layout geral é elegante, objetivo e tranquilizador, com um nível de qualidade que salta à vista e que me agradou particularmente.
Gosto da forma como todos os elementos estão dispostos ao longo da consola. Tenho a certeza que não terão quaisquer razões de queixa quando começarem a mexer no sistema de informação e lazer do BMW Z4. Este conta com dois ecrãs de alta resolução como padrão e responde a uma variedade de comandos de voz, e, do que tenho experimentado, posso dizer que é, muito provavelmente neste momento, o melhor sistema de Infotainment do mercado automóvel.
O visor do driver digital pode mostrar uma combinação de gráficos de instrumentos e mapas de navegação por satélite de alta resolução. É tudo muito fácil de ler e pode-se personalizar a visualização usando botões dedicados no volante. Parece muito futurista, mas os mapas em si não são tão chamativos quanto as imagens do Google Maps que podemos obter, por exemplo, no Audi TT Roadster.
No entanto, o próprio sistema de navegação por satélite é superintuitivo de programar. Podemos inserir um endereço usando o teclado do ecrã tátil, escrevendo letras de um código postal no controlador rotativo ou usando o novo recurso de assistente pessoal da BMW. É como se fosse a Siri para o carro – entende os comandos e permite que se insira um endereço apenas dizendo em voz alta.
Este recurso também permite definir a temperatura do habitáculo, alterar o volume da estação de rádio (entre outras coisas). Depois existem ainda outras coisas, como podermos alterar a cor da iluminação interior, etc. Enfim, de aborrecido não tem nada.
Voltando ao exterior, a capota do BMW Z4 também é uma das melhores da sua classe. Com a capota, o Z4 parece quase um vulgar carro de capota rígida, sem grandes ruídos, e onde mesmo em velocidades mais altas não se sente qualquer desconforto.
Se é essa a utilização que pretendem dar ao BMW Z4, ou seja longas viagens, o carro pode ser adquirido com muitos sistemas avançados de assistência à condução, que fazem com que viagens longas pareçam um cruzeiro.
Se, por outro lado, preferem estar no controlo – afinal, é um carro desportivo – o pacote M Sport plus será uma opção muito mais tentadora. Conta com travões maiores, a suspensão rebaixada e um diferencial inteligente nos modos Sport, para que o Z4 se sinta em casa em estradas sinuosas, até porque o motor de dois litros não é suficiente para tirar o sono ao eixo traseiro, com o que isso tem de bom e de mau.
Ainda assim, acredito que, para a grande maioria dos compradores, será algo de bom. para os que pensarem o contrário, simples… vão para o sDrive30i ou M40i.