Mark Darrah, ex-produtor executivo da BioWare, revelou que a editora não mostrou interesse em relançar os primeiros três jogos da série.
De acordo com Mark Darrah, ex-produtor executivo da BioWare, o seu estúdio tentou por várias vezes convencer a Electronic Arts a aprovar um projeto de remasterização de Dragon Age: Origins, Dragon Age II e Dragon Age: Inquisition, mas sem sucesso. A informação foi partilhada pelo antigo produtor executivo do estúdio, numa entrevista ao canal de YouTube MrMattyPlays.
Na conversa, Darrah partilha que ao longo da sua carreira na BioWare, durante quase 24 anos, a EA demonstrou sempre pouca vontade em apostar em remasterizações, um cenário que salvo raríssimas exceções, se confirma. “A EA tem sido historicamente contra remasters. É estranho uma empresa cotada em bolsa parecer ser contra dinheiro fácil, mas eles parecem ser contra. Isso é apenas parte do problema”, explica Darrah justificando parte abordagem negativa a remasterizações da Electronic Arts.
O ex-produtor explicou que, ao contrário da trilogia Mass Effect, que foi desenvolvida totalmente em Unreal Engine e que teve direito a um relançamento remasterizado com a Mass Effect Legendary Edition, os três primeiros Dragon Age foram criados em motores de jogo diferentes, o que representa um esforço maior e que complicaria o trabalho. Dragon Age: Origins e a expansão Awakening usaram o Eclipse Engine, Dragon Age II recorreu a uma versão atualizada chamada Lycium Engine, e Dragon Age: Inquisition foi produzido internamente com recurso ao Frostbite Engine, inicialmente desenvolvido para a saga Battlefield.
De acordo com Darrah, uma das propostas iniciais passava por usar as ferramentas Frostbite e contratar um estúdio externo para refazer Origins. “Dependendo do que se faz, com um remaster obtém-se Dragon Age II de forma praticamente automática. Com um remake, já não”, comentou.
O orçamento destes projetos e a gestão de recursos humanos também teve um obvio peso na decisão destas propostas. Darrah referiu que, embora a EA não proibisse formalmente o projeto, exigia que fosse feito com os recursos já existentes. “Não podíamos porque estávamos envolvidos noutras produções”.
Estas declarações surgem depois de John Epler (diretor criativo do mais recente Dragon Age: The Veilguard), também ter reconhecido no ano passado as dificuldades técnicas para uma remasterização completa, afirmando que a junção dos três jogos numa só coleção seria muito mais complexa do que no caso de Mass Effect, que tanto a nível de design como conceptualmente se trata de uma trilogia mais coesa e fácil de “colar”. “Nunca digas nunca, mas não vai ser tão fácil”, afirmou.
O mais recente jogo da série, Dragon Age: The Veilguard, chegou no ano passado para PC e consolas, mas registou resultados abaixo das expectativas, com cerca de 1,5 milhões de jogadores nos dois primeiros meses, surgindo rapidamente como oferta em serviços como o PlayStation Plus. No entanto, até foi bem recebido a nível crítico com uma média de 80 pontos no OpenCritic com a recomendação de 71% dos críticos.
O futuro da Bioware atualmente não passa por mundos de fantasia, mas sim no espaço futurista, enquanto o estúdio, agora reduzido, está concentrado no próximo capítulo principal de Mass Effect, que promete dar continuidade direta à trilogia original.