Quando surgiu, a franquia Dragon Ball logo começou a criar sucesso não só no Japão, mas além-fronteiras. Mangas, séries de televisão, filmes, jogos e todo o tipo de merchandise foram criados para explorar ao máximo a marca.
Sem dúvida alguma que milhões de pessoas em todo o mundo conhecem o universo Dragon Ball através do anime, sendo a introdução para o fantástico mundo criado por Akira Toriyama. Mas os jogos também tiveram uma parte importantíssima no desenvolvimento da franquia.
Quando foi anunciado na E3 de 2017, Dragon Ball FighterZ criou uma alta expetativa nos fãs, parecendo que, finalmente, um estúdio, neste caso a Arc System Works, conseguira criar um bom jogo em estilo 2D de Dragon Ball, algo que se pedia há muitos anos.
E, no geral, esse objetivo foi bem conseguido. Pedia-se um jogo que fosse rápido e feroz como muito dos combates que nos são mostrados no pequeno ecrã e que pudesse ser jogado por vários jogadores, mesmo por aqueles que não nutrem qualquer paixão pelo mundo Dragon Ball. E sim, os controlos são fáceis, mas requerem alguma habituação.
Comecemos pela apresentação do que o jogo nos oferece. Temos um modo história, arcade, combates locais, modo tutorial, online e ainda áreas onde podemos ver replays dos nossos combates, comprar cápsulas através da moeda do jogo e ainda consultar o nosso ranking. Estes modos estão reunidos num lobby onde estão concentrados outros jogadores que estejam ligados à Internet.
Basicamente, para irmos até um dos modos, temos de andar com o nosso avatar pelo lobby e falar com um outro avatar, responsável por nos indicar as opções existentes em cada modo.
Para quem não tiver paciência, pode logo aventurar-se pelo modo história. Contudo, o jogo recomenda (e insiste) que façamos os tutoriais, de modo a que fiquemos verdadeiros profissionais na arte de jogar Dragon Ball FighterZ.
Os controlos não são complicados, pelo contrário. São até bastante básicos e diretos. Claro que quem tiver estaleca de jogos Beat ‘em up não vai sentir dificuldades em executar combos ou ataques especiais, portanto, os tutoriais são mais orientados para quem não tem por hábito jogar títulos de luta. Ajudam imenso, na verdade, dando todas as indicações possíveis para que os jogadores fiquem a conhecer os combos mais básicos.
Há, contudo, um problema em jogos deste género que tendem a agradar a todo o tipo de jogadores: as combinações de teclas são bastante reduzidas. Aliás, basta colocar o jogo na pausa e ir à lista de ataques de cada personagem para o percebermos. Não obstante, acaba por ser um motivo para um jogador reinventar-se em cada combate. Mas já entraremos mais em pormenor nas mecânicas de jogo.
Dragon Ball FighterZ tem um modo história bastante peculiar. Apresenta-nos três perspetivas diferentes dos acontecimentos, como quem diz, três arcos de jogo diferentes, mas que levam ao mesmo fim. Pode prometer no papel, mas na prática é um modo que é pouco ou nada apelativo, a começar pela própria apresentação.
O argumento é bastante infantil e fica ao nível de episódios mais fracos que já passaram na televisão. Basicamente, existem umas misteriosas ondas de energia que retiraram o poder a praticamente todas as personagens e cabe ao jogador, que neste caso atua como uma alma desconhecida dentro de determinado lutador, descobrir a razão por detrás destas ondas misteriosas para restaurar tudo ao normal.
A piorar a situação, o modo como a história evolui é-nos apresentado através de sequências antes e depois de cada combate. Não lhes podemos chamar cutscenes sequer, uma vez que as personagens têm uma forma de movimentação pouca fluída, e nota-se que o esforço não foi aqui bem empregue.
Para avançarmos neste modo, é-nos apresentado um tabuleiro de jogo onde somos um mero peão que temos de levar de “casa em “casa”, de forma a avançar na história e a ultrapassar os obstáculos. Por obstáculos leia-se clones, neste caso das várias personagens do mundo Dragon Ball (não vamos dizer o porquê) que teremos de combater vezes e vezes sem conta.
Ou seja, apesar de ser engraçado ao início, rapidamente torna-se muito monótono e repetitivo, fazendo com que os combates seguintes sejam praticamente iguais aos anteriores. Neste formato de tabuleiro de jogo, podemos escolher várias direções até chegar ao combate final de cada capítulo; porém, esses caminhos não são diretos, pelo que os combates contra clones serão inevitáveis.
Há apenas três motivos para concluir a história através das diferentes perspetivas: um, perceber como tudo acaba; dois, aproveitar para reunir o máximo de moeda possível; três, para desbloquear a personagem jogável Android 21.
Feito o modo história, é no modo arcade e no online que reside o núcleo deste jogo. É aqui que o sistema de luta ascende a todo o seu esplendor. Esperem combates frenéticos e renhidos, com toda a velocidade que sempre desejaram. Até podem tirar metade da vida ao adversário que é bem possível que percam esse combate. Tudo irá depender do vosso estilo de jogo: de como atacam, de como defendem e de como contra-atacam.
FighterZ assenta muito num sistema de combate de 3v3, ou seja, cada jogar escolhe três personagens com as quais pode ir alternando ao longo do combate, desde que não esteja KO, como é óbvio.
Como já referimos, os comandos são fáceis de executar, assim como os ataques especiais. Claro, cada personagem tem o seu forte; ora uns são especialistas em ataques à distância, ora outros apenas se safam em combates corpo-a-corpo ou em distâncias curtas. E atenção, se pensam que conseguem voar com os personagens, desenganem-se: isto não é o Xenoverse.
É aqui que percebemos que a Arc System Works conseguiu replicar na perfeição a essência do anime. Ao longo dos anos, no anime, as nossas personagens favoritas foram adaptando o seu estilo de combate consoante o adversário, e sempre melhorando a cada obstáculo ultrapassado. É precisamente isto que FighterZ propõe: sermos os melhores com diferentes personagens.
Este é, sem dúvida alguma, o selling point de Dragon Ball FighterZ. Esqueçam o modo história, apostem no modo arcade. A jogabilidade é um mimo e estão prometidas muitas horas de diversão.
No que toca às personagens, existem, nesta fase, um total de 24 jogadores. Mas calma, há que suar para desbloquear todas as que existem. A Android 21, por exemplo, só é desbloqueada após passarem o modo história nos seus três arcos. Já as personagens Vegeta e Son Goku na forma Super Saiyan Blue ou vieram desbloqueados com a pré-compra do jogo ou requerem muitos milhares de moedas de jogo, o que é extremamente complicado de conseguir. Há ainda uma terceira forma de os conseguir: desbloquear o modo Arcade em Hard e concluir os desafios com um mínimo de nota A. Esforçem-se, jogadores.
No futuro irão sair DLC com personagens, estando, para já, prometido um pacote com oito lutadores. É uma pena o leque de lutadores ser bastante reduzido nesta fase, e o próprio balanço de personagens necessita de um maior equilíbrio; há umas duas ou três que são mesmo muito fracas.
No que toca ao grafismo, é um regalo para os olhos. Esta pode ser uma expressão muito utilizada quando ficamos de queixo caído com algum jogo, mas FighterZ merece-o sem dúvida alguma. As animações estão fantásticas e os desenhos das personagens estão incrivelmente bem feitos, assim como o modo como os ataques são executados. Tudo é colorido, belo e detalhado, fazendo jus à qualidade apresentada na série de TV. Impressionante.
No que diz respeito ao som, há opção de vozes em ingles ou japonês, sendo que, no geral, os resultados são bastantes bons. As músicas de jogo é que acabam por ser bastante repetitivas, dando-nos vontade de desligar o som enquanto os combates não começam.
Por fim, o modo online. Alvo da fúria dos jogadores na fase beta, já que muitos não conseguiram experimentar o jogo em condições, nesta altura a situação já está completamente estabilizada e basta terem uma boa ligação para os combates decorrerem sem problemas.
Resumindo, Dragon Ball FighterZ é mesmo dos melhores jogos até à data. Jogadores mais saudosistas que ainda têm Dragon Ball Z Budokai 3 no imaginário vão dizer que esta nova versão não ultrapassa o título em questão, mas a verdade é que a Arc System Works fez uma bela homenagem à série. Só falta mesmo um maior leque de lutadores para que os jogadores nunca se venham a esquecer de FighterZ.
Dragon Ball FighterZ
Nota: 8/10
O jogo (versão PS4) foi cedido para análise pela Bandai Namco.