Como o stress afeta o pavimento pélvico e a saúde da mulher

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Stress, ansiedade e experiências traumáticas podem provocar alterações na função e na sensibilidade do pavimento pélvico.

O pavimento pélvico, constituído por músculos, ligamentos e fáscias, sustenta os órgãos pélvicos, como a bexiga, o útero e o intestino, desempenhando um papel central em funções essenciais como urinar, evacuar, viver a sexualidade e permitir o parto. Para além de ser uma estrutura física, esta região funciona também como um reflexo do estado emocional.

O Dia Mundial da Saúde Mental, celebrado a 10 de outubro, é, por isso, uma oportunidade para compreender como o bem-estar psicológico se relaciona com a saúde do pavimento pélvico. E esta semana, durante um almoço promovido pela INTIMINA, e no qual o Echo Boomer esteve presente, Ana Miguel, fisioterapeuta especializada na Saúde da Mulher, explicou que o stress provoca uma resposta involuntária do corpo: os músculos pélvicos contraem-se de forma semelhante ao que acontece nos ombros ou na mandíbula. Quando esta tensão se mantém ao longo do tempo, podem surgir dores pélvicas, dificuldades em relaxar durante a micção ou evacuação, desconforto durante as relações sexuais e dor lombar.

A relação entre emoções e pavimento pélvico é complexa. Experiências traumáticas, como um parto difícil, cirurgias ginecológicas ou situações de abuso, deixam marcas que persistem no corpo, muitas vezes anos depois. A sensação de desconforto reforça a ansiedade e o medo de dor, gerando um ciclo contínuo de tensão muscular e stress. A questão não reside necessariamente na falta de força, mas sim na hiperatividade dos músculos, tornando o relaxamento e a reconexão com o corpo estratégias mais eficazes do que apenas exercícios de fortalecimento.

É possível reaprender a relaxar e restaurar a confiança no corpo. Técnicas de fisioterapia pélvica, apoio psicológico, exercícios de respiração, mindfulness e práticas como ioga contribuem para reconectar mente e corpo, ajudando a aliviar a tensão acumulada. O cuidado com o pavimento pélvico está diretamente ligado à saúde mental: respeitar, escutar e acolher o corpo é fundamental para recuperar o equilíbrio.

Algumas posturas de relaxamento ajudam a libertar a tensão na pélvis. A posição da criança alivia a tensão lombar e pélvica, permitindo respiração profunda; a postura do bebé feliz facilita a abertura das ancas e o relaxamento abdominal; e o agachamento profundo com apoio auxilia a base pélvica e a respiração. Estes exercícios promovem um contacto consciente com a musculatura, reduzindo a hiperatividade e restaurando a sensação de segurança na zona.

Quando há necessidade de avaliação ou acompanhamento individualizado, a fisioterapia pélvica é fundamental. Nem sempre a intervenção visa fortalecer: em muitos casos, o objetivo é relaxar músculos rígidos ou pouco coordenados, promovendo consciência corporal e a libertação de tensão acumulada. Técnicas de vibração ou massagem podem ser aliadas importantes, ajudando a reconectar a mulher com o seu corpo, a melhorar a circulação, o tónus muscular e o estado de cicatrizes, bem como a reduzir sintomas de secura vaginal, dispareunia, vaginismo ou anorgasmia.

Para quem precisa de fortalecimento, os exercícios de Kegel continuam a ser a base, mas dispositivos de treino vaginal podem complementar a prática, guiando a execução correta e adaptando o exercício à força de cada pessoa. Estes métodos não se limitam ao fortalecimento físico: promovem uma reconexão com a sexualidade, autoestima e energia vital.

A relação entre stress, saúde mental e pavimento pélvico evidencia-se na forma como o corpo reage às emoções. Reconhecer estas ligações e investir no cuidado consciente desta área é essencial para recuperar equilíbrio físico e emocional, libertando tensão, prevenindo disfunções e restaurando o bem-estar integral.

Inês Lopes
Inês Lopes
Dentista nas horas vagas e colaboradora do Echo Boomer no tempo que sobra. Fã de gadgets, livros e tâmaras (não necessariamente por esta ordem), adoro explorar o mundo através da comida e das viagens. Se não me encontrarem a escrever ou a trabalhar, é porque estou confortavelmente instalada no sofá, provavelmente a devorar um novo livro.
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