Divinity, o próximo jogo da Larian Studios, começou a ser desenvolvido com apoio de ferramentas inteligentes no processo de concetualização.
Até há uma semana a Larian Studios era um dos estúdios independentes mais adorados pela comunidade de jogadores. No entanto, após a revelação de Divinity, um novo episódio dessa saga desenvolvido pela equipa que nos trouxe Baldur’s Gate 3, o CEO do estúdio, Swen Vincke teceu comentários sobre o desenvolvimento do projeto que levantaram questões sérias sobre o uso de ferramentas práticas de inteligência artificial.
Em conversa com o portal Bloomberg – após a revelação de Divinity nos The Game Awards – e ao contrário de outros porta-vozes da indústria, Vincke mostrou-se mais relaxado quanto ao uso de inteligência artificial durante a produção de videojogos, admitindo até que durante a fase inicial de desenvolvimento de Divinity, algumas ferramentas estão a ser efetivamente usadas. Vincke afirma que está a usar as novas e controversas tecnologias para “explorar ideias, aprimorar apresentações em PowerPoint, desenvolver concept art e escrever textos temporários,” mas Vincke assegura que nenhum conteúdo gerado por IA irá ser aplicado no produto final, um argumento que pouco acham convincente.
Adicionalmente, Vincke afirmou algo que deixou até alguns trabalhadores inquietos. Na entrevista ao Bloomberg é referido que dentro da empresa houve alguma resistência, mas Vincke afirma que “acho que nesta altura toda a gente dentro da empresa está mais ou menos OK com a forma como a estamos a usar”, referindo-se à aplicação de ferramentas de inteligência artificial.
E, de facto, há uma grande distinção entre um uso prático e consciente de preparação e organização estrutural de dados e recursos com inteligência artificial, em contraste com atalhos na produção criativa, gerar conteúdos, elementos e outras características que necessitam de interpretação, análise e decisões humanas, algo definido como consciência semântica.
Ainda assim, após uma onda de críticas extremamente válidas, em contexto da forma como estas tecnologias são cada vez mais prejudiciais não só na indústria dos videojogos, como em outras áreas criativas e organizacionais, Vincke veio esclarecer a comunidade, reforçando o uso limitado das ferramentas.
“Ena pá pessoal não estamos a empurrar (a IA) ou vamos substituir os nossos artistas IA.
Temos uma equipa de 72 artistas dos quais 23 são artistas de conceitos e vamos contratar mais. A arte que eles criam é original e estou muito orgulho do que estão a fazer.” Declarou Vincke nas redes sociais.
Vincke continua a tentar contextualizar as suas declarações ao Bloomberg, afirmando que se referia explicitamente ao uso de Gen IA na fase inicial, indicando que a usam “para explorar coisas” e não para “a usar no desenvolvimento de concept art,” contrariando um pouco a citação original, mas garantido que “Os artistas fazem isso. E eles são dos melhores artistas do mundo.”
Na mesma publicação, Vincke esclarece mais o uso da IA dizendo “Nós usamos IA para explorar referencias, da mesma forma que usamos o Google e livros de arte. Numa fase muito inicial de ideias, usamos isto para fazer um rascunho, compor ideias, que substituímos depois com concept art original. Não há qualquer comparação.”
Com ou sem IA, Divinity é o novo ambicioso projeto da Larian Studios. Será o terceiro jogo principal da saga, mas não se apresenta como uma sequela dos jogos anteriores, com o estúdio a descreve-lo como “algo completamente novo”. Divinity não tem data de lançamento nem plataformas anunciadas.
