Casa Independente encerra portas em 2026 devido à pressão imobiliária

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Criada em 2012, a Casa Independente despede-se em 2026, encerrando um ciclo de 13 anos de programação artística e comunitária no Intendente.

A Casa Independente vai encerrar em dezembro de 2026, depois de um último período autorizado pelo proprietário do edifício. O acordo recente prolongou a atividade do espaço por mais um ano, sem deixar margem para a continuidade do projeto.

Foram várias as tentativas de encontrar alternativas que permitissem à Casa Independente permanecer aberta para além deste prazo, mas as negociações não tiveram sucesso. O proprietário alinhou-se com a tendência predominante em Lisboa, onde hotéis e condomínios geram mais rendimento do que projetos culturais com impacto comunitário. Mesmo a hipótese de arrendar um espaço municipal, com apoio da autarquia, não se concretizou, evidenciando a falta de respostas estruturadas para proteger os espaços independentes na cidade.

Lisboa enfrenta atualmente um desgaste urbano significativo. A pressão imobiliária e os aumentos de renda transformam edifícios históricos em empreendimentos de luxo, enquanto a vida cultural e comunitária se vai enfraquecendo. O caso da Casa Independente não é isolado: reflete uma cidade cujo centro, outrora vibrante e marcado pela cultura independente, se encontra cada vez mais esvaziado.

Inaugurada em 2012 por Inês Valdez e Patrícia Craveiro Lopes, a Casa Independente instalou-se num edifício com mais de 150 anos, no Largo do Intendente, então em plena revitalização. Desde cedo afirmou-se como um espaço de encontro, criação e partilha, acolhendo associações ligadas à defesa de direitos civis e à solidariedade. A programação variada do projeto, que incluiu concertos, exposições, festas e residências artísticas, contribuiu para revitalizar o Largo e consolidar o Intendente como ponto de convergência entre residentes, artistas e visitantes.

Ao longo de 13 anos, a Casa Independente tornou-se um pilar da transformação cultural da cidade. O encerramento previsto para dezembro de 2026 resulta da impossibilidade de garantir um novo espaço num contexto urbano marcado pela especulação imobiliária, que prioriza o lucro em detrimento da comunidade. Não se trata de falta de interesse ou relevância cultural, mas de um modelo urbano insustentável que coloca os projetos independentes à margem.

O fecho do espaço evidencia igualmente sinais de abandono do Intendente, com a redução de investimento público e a expansão de empreendimentos de luxo que afastam a função comunitária e cultural histórica da zona.

Até ao último dia, a Casa Independente manterá a sua programação, reforçando o papel de resistência e diversidade que caracterizou o espaço.

Foto: Paulo Vie

Alexandre Lopes
Alexandre Lopeshttps://echoboomer.pt/
Licenciado em Comunicação Social e Educação Multimédia no Instituto Politécnico de Leiria, sou um dos fundadores do Echo Boomer. Aficcionado por novas tecnologias, amante de boa gastronomia - e de viagens inesquecíveis! - e apaixonado pelo mundo da música.
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