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Chegámos ao fim do ano. E com ele, vem também a seleção de músicas que o marcaram.

2024 foi um ano cheio de acontecimentos musicais marcantes e de músicas icónicas que serão relembradas durante muitos anos – quer pelo impacto cultural, pela mensagem geracional ou pela sonoridade contagiante.

Os destaques deste ano capitalizaram-se entre dois grandes eventos, ambos amplamente promissores. O primeiro foi o despique, que abanou as estruturas do universo de música Rap, iniciado por Kendrick Lamar e seguido por Drake e J. Cole, e mais uns poucos de rappers que também quiseram a sua fatia de mediatismo.

O segundo, ironicamente, recaiu sobre o universo Pop, que parece estar prestes a sofrer um abanão. “Ironicamente”, porque no ano em que Taylor Swift chegou ao topo do mundo, como o maior astro do Pop, também lançou um dos álbuns mais medianos da sua carreira (com alguma polémica associada) e abriu portas a muitas outras artistas emergentes, que conseguiram ocupar esse vácuo com hits icónicos. Falo de Chappell Roan, Sabrina Carpenter, Addison Rae e Gracie Abrams. Outras artistas já estabelecidas também ganharam terreno, como Charli XCX e Billie Eilish, ambas com álbuns excelentes.

Para além disso, mas não menos importante, a música eletrónica ganhou um novo alento, com inúmeras produções intrigantes; E mesmo sem BTS, a globalização e influência do K-Pop, a nível cultural, continua a crescer a olhos vistos, fortemente influenciado por Rosé, NewJeans, Lisa e aespa.

Sem mais demoras, deixo-vos o link para a playlist no Spotify e a seleção final das 100 melhores músicas de 2024.

100 melhores músicas de 2024 - do número 100 ao 91

100. Lana Del Rey – Though (ft. Quavo)

99. The Smile – Friend of a Friend

98. Bob Vylan – Humble As The Sun (ft. JERUB)

97. METTE – BET

96. Linkin Park – The Emptiness Machine

95. Kacey Musgraves – Cardinal

94. Charli XCX – 360

93. Faye Webster – Lego Ring (ft. Lil Yatchy)

92. Babymonster – Sheesh

91. Jamie xx – Treat Each Other Right

100 melhores músicas de 2024 - do número 90 ao 81

90. Lola Young – Messy

89. Ducks Ltd. – Train Full of Gasoline

88. Nia Archives – Forbbiden Feelingz

87. Shaboozey – A Bar Song (Tipsy)

86. Justice & Tame Impala – Neverender

85. 21 Savage – redrum

84. Lisa – New Woman (ft. Rosalía)

83. KNEECAP – Fine Art

82. Beyoncé – II Hands II Heaven

81. Yaya Bey – chasing the bus

100 melhores músicas de 2024 - do número 80 ao 71

80. F5VE – Underground

79. Nick Cave & The Bad Seeds – O Wow O Wow (How Wonderful She Is)

78. A.G. Cook – Britpop

77. SiR – Tryin’ My Hardest

76. Soccer Mommy – Driver

75. Rose & Bruno Mars – APT.

74. Tierra Whack – Chanel Pit

73. Jack White – That’s How I’m Feeling

72. TripleS – Girls Never Die

71. Porter Robinson – Knock Yourself Out XD

100 melhores músicas de 2024 - do número 70 ao 61

70. Still House Plants – MMM

69. Ravyn Lenae – Love Me Not

68. Goat Girl – words fell out

67. ScHoolboy Q – THank God 4 Me

66. Remi Wolf – Cinderella

65. Riize – Impossible

64. Vampire Weekend – Capricorn

63. Rachel Chinouriri – Never Need Me

62. Bonny Light Horseman – When I Was Younger

61. Hitsujibungaku – Burning

100 melhores músicas de 2024 - do número 60 ao 51

60. Rosali – Rewind

59. Tyla – ART

58. Future Islands – Iris

57. Cassandra Jenkins – Delphinium Blue

56. A$AP Rocky & Jessica Pratt – Highjack

55. FLO – Walk Like This

54. Gracie Abrams – Close To You

53. Los Campesinos! – Feast of Tongues

52. Le Sserafim – Crazy

51. English Teacher – Nearly Daffodils

100 melhores músicas de 2024 - do número 50 ao 41

50. Zach Bryan – Pink Skies

49. Beabadoobee – Beaches

48. Childish Gambino – Lithonia

47. Addison Rae – Diet Pepsi

46. IDLES – Gift Horse

45. Creepy Nuts – オトノケ (Otonoke)

44. SZA – Saturn

43. Erika de Casier & Nick León – Bikini

42. Bring Me the Horizon – n/A

41. FKA Twigs – Eusexua

100 melhores músicas de 2024 - do número 40 ao 31

40. MJ Lenderman – She’s Leaving You

39. RAYE – Genesis Pt. II

38. Father John Misty – Screamland

37. Sum 41 – Dopamine

36. Kali Uchis – Igual Que Un Angel (ft. Peso Pluma)

35. Mk.gee – Alesis

34. Mannequin Pussy – Loud Bark

33. ILLIT – Magnetic

32. Hana Vu – Hammer

31. Fabiana Palladino – I Can’t Dream Anymore

100 melhores músicas de 2024 - do número 30 ao 21

30. Tems – Love Me Jeje

29. Clairo – Sexy to Someone

28. Vince Staples – Étouffée

27. Beth Gibbons – Floating on a Moment

26. Sabrina Carpenter – Espresso

25. XG – Woke Up

24. Jane Remover – Flash In The Pan

23. Ariana Grande – We Can’t Be Friends

22. Kendrick Lamar – luther (ft. SZA)

21. Fred again – Places to Be (ft. Anderson .Paak)

100 melhores músicas de 2024 - do número 20 ao 11

20. Adrianne Lenker – Sadness Is a Gift

Adrianne Lenker

“Sadness Is a Gift” transforma a melancolia numa reflexão profunda e agridoce sobre o amor. A voz rouca, carregada de intimidade, juntamente com o ritmo pautado pelo violino envolvente, são os principais responsáveis pelo jogo do gato e do rato entre o peso da perda e a beleza da resiliência.

A letra complementa o som que lhe dá alma na perfeição, celebrando ligações que superam o tempo e capturando uma nuance emocional de dor e esperança. Esta faixa torna-se, assim, numa experiência visceral, elevando a capacidade natural de Lenker em tornar a vulnerabilidade em algo especial e deslumbrante.

19. Tinashe – Nasty

Tinashe

“Nasty” superou todas as expectativas ao tornar-se, em 2024, num dos sons com mais sabor a verão, misturando sem esforço um R&B dotado de vibrações sensuais com o espírito desinibindo da artista. Com versos curtos e diretos, que são cuspidos ao som de uma batida algo simples, mas viciante, esta música serve de exploração às complexidades do desejo e solidão, tornando “Nasty” num género de chamamento universal para a re-conexão emocional e íntima, que se perdeu nos últimos anos.

Elevada pelo sucesso viral e a ressonância cultural, “Nasty” expõe, com objetividade, a fantástica habilidade de Tinashe em balancear componentes mais experimentais com uma abordagem mais mainstream. Quem conhece a artista não foi surpreendido, mas é inegável que este lançamento marcou um momento pivotal na carreira da mesma.

18. Blondshell – Docket (ft. Bully)

Blondshell

Tanto Blondshell como Bully lançaram álbuns excelentes em 2023, nos quais as suas abordagens se assemelharam um ao outro. Este ano, inesperadamente, juntaram-se para lançar “Docket” em conjunto – uma ousada e irresistível ode ao indie rock. A música assenta e desenrola-se sobre temas como a infidelidade e o sentimento de culpa, culminando numa comovente realização de desistir do parceiro.

Ancorada por guitarradas crocantes a rasgar e um refrão feito para nos levar com ele e cantar com toda a capacidade pulmonar existente, esta fábula de traição da perspetiva do traidor captura de forma magnífica a essência crua do rock n roll. A energia viciante e a profundidade emocional contínua em “Docket” fazem desta música uma das melhores músicas de rock puro de 2024.

17. KISS OF LIFE – Sticky

Kiss of Life

Ainda que muita gente não o saiba, as KISS OF LIFE foram as responsáveis pelo verdadeiro som do verão de 2024, com “Sticky”. Uma música fresca, com bases de afrobeats, veio mostrar a versatilidade deste novo grupo sul-coreano. O ritmo brilhante de “Sticky”, dotado de uma sensação tropical com vibração lúdica e sedutora, oferece aos ouvintes uma escapatória sonora viciante, com energia de romance de verão – elas próprias questionam “How long before we fall in love?”.

O som suave, mas polido, da música contrasta com lançamentos anteriores das KISS OF LIFE, mostrando a sua adaptabilidade. No fim de contas, “Sticky” é uma brisa refrescante no calor sufocante, marcando um momento crucial na crescente influência global do grupo.

16. Bon Iver – S P E Y S I D E

Bon Iver

Com “S P E Y S I D E”, Justin Vernon reclama a coroa no trono que uma dia foi exclusivamente seu, com um som acústico cru e sentido e um dedilhar de guitarra intenso e delicado. A voz frágil de Vernon flutua sobre um arranjo minimalista, recheada de sinceridade, arrependimento e o peso de sonhos que se desvaneceram com o passar do tempo.

Ainda que este não seja exatamente o Bon Iver de For Emma, Forever Ago, a abordagem traz memórias reconfortantes. Somos presenteados com fragmentos de nostalgia de um homem mais maduro, a lidar com os seus fracassos, enquanto se agarra à esperança de redenção.

“S P E Y S I D E” não é apenas um som sobre arrependimento, é um testamento à lenta e dolorosa beleza de começar de novo, fazendo desta uma das músicas mais emocionais e ressonantes da carreira de Justin Vernon.

15. The Cure – Alone

The Cure

Após 16 anos de hiato, “Alone” marca um regresso épico que incorpora toda a grandeza gótica que fez dos The Cure uma das maiores bandas do planeta. Três minutos de instrumental sombrio (que faz a faixa parecer uma procissão cinematográfica) são rompidos pela voz melancólica e pesarosa de Robert Smith, mergulhada em lamentos, pintando uma imagem vívida de um mundo em ruínas. No entanto, no desespero, há um calor familiar que prova que os The Cure nunca desistiram do título de senhores do rock gótico.

Para além do instrumental exuberante, “Alone” é uma peça profundamente refletiva, que vê Smith a lutar com a perda. As letras, cheias de imagens vívidas e emoções cruas, apoiam-se na inevitável passagem do tempo e nos fantasmas de uma vida bem vivida. Este regresso só confirma que a magia dos The Cure não de desvaneceu com o tempo, fazendo com que todo este tempo de espera tenha valido a pena.

14. JADE – Angel of My Dreams

Jade

“Angel Of My Dreams” é das músicas mais irreverentes de 2024, desafiando os limites do género, onde as variações instrumentais, emparelhadas com as variações vocais, capturam tanto a euforia como a angústia, refletindo no que é a montanha-russa emocional de navegar numa indústria que vive de transformar a paixão num produto.

Através de letras honestas e sem filtro e uma produção mirabolante, JADE critica o seu passado, enquanto cria um hino Pop cheio de raiva, alegria e libertação. Na sua estreia a solo, JADE abre conta com uma declaração ousada de independência, colocando um holofote sobre si mesma como artista a seguir.

13. Tyler, The Creator – Sticky (ft. Glorilla, Sexyy Red & Lil Wayne)

Tyler, The Creator

“Sticky” de Tyler, The Creator é “só” mais uma prova do seu brilhantismo e constante evolução como produtor e rapper. Com o contributo de uma elenco de luxo (GloRilla, Sexyy Red e Lil Wayne), toda esta faixa é uma explosão constante de energia, misturando graves constantes, com uma batida típica de bandas marciais e um ritmo pesado e excitante.

Cada convidado contribui com versos de fogo rápido, enquanto Tyler, envolvido num perfecionismo constante, manipula a sua voz de forma a complementar esta faixa eletrizante. O resultado é um hino caótico, mas coeso e confiante, provando mais uma vez que Tyler joga numa liga sozinho – a da irreverência cultural.

12. Waxahatchee – Right Back to It (ft. MJ Lenderman)

Waxahatchee

“Right Back to It” de Katie Crutchfield é uma balada country moderna magistral que preenche a lacuna entre a sinceridade da nostalgia e o severidade do realismo. Num abraço sentido às suas raízes country, Crutchfield entrega uma canção de amor que troca o romance brilhante e de conto de fadas pela profundidade emocional crua. Acompanhada das harmonias de MJ Lenderman e da produção impecável de Brad Cook, a música explora a tensão entre a vulnerabilidade e a tranquilidade, envolta no som intemporal do género.

Esta não é apenas uma canção de amor, é uma meditação sobre a parceria duradoura. A escrita tenra e ressonante captura a escolha constante em permanecer comprometido e de viver os altos e baixos inevitáveis da vida, com alguém que serve como sua âncora. Mais uma obra-prima de Crutchfield e um clássico moderno em todos os sentidos.

11. Magdalena Bay – Death & Romance

Magdalena Bay

De um álbum tão rico, destaca-se “Death & Romance”, uma exploração hipnotizante de ânsia, amor e angústia existencial. Envolvida num synth-pop lento e emocional, e carregada pelos vocais cristalinos, assombrosos e reconfortantes de Mica Tenenbaum, a música flui e prospera, com batidas suaves e apressadas e uma composição instrumental exuberante.

O poderoso tema sobre perseverança existencial contrasta fortemente com a dissonância das crises globais de hoje (mudanças climáticas, agitação política e decadência social), oferecendo uma fuga eufórica alimentada pelo amor e pela expressão criativa – um hino de determinação apaixonada no meio da incerteza da vida moderna.

100 melhores músicas de 2024 - do número 10 ao 1

10. Nilüfer Yanya – Like I Say (I Runaway)

Nilüfer Yanya

“Like I Say (I Runaway)” combina serenidade e intensidade em igual medida, como Nilüfer Yanya sabe fazer tão bem. A faixa começa com uma guitarra acústica calma e percussão subtil, mas, à medida que o refrão se desenrola, assistimos a uma transformação numa erupção pós-punk dissonante. Os vocais de Yanya deslizam sem esforço sobre as guitarras distorcidas, num exercício de controlo fabuloso, mesmo quando a música cresce dentro de um caos sonoro – e é essa tensão entre a calma e o caos que torna esta faixa tão atraente, como que num reflexo às lutas internas que ela transmite.

O tema lírico da música assenta sobre isso mesmo, a luta com o controlo e tempo, o que lhe confere profundidade. “Like I Say (I Runaway)” encapsula na perfeição a capacidade de Yanya em fundir a energia pós-punk com a vulnerabilidade introspetiva (quase hipnótica).

9. Billie Eilish – Birds of a Feather

Billie Eilish

“Birds of a Feather” surpreendeu pelo contraste impressionante com trabalhos anteriores da artista, misturando um pouco da sua abordagem característica com a grandeza de uma poderosa balada. A mistura de sintetizadores leves e arpejos de guitarra, complementados por um refrão cativante, mostra uma entrega com tanta convição emocional, que transcende toda a simplicidade ou cliché que possa conter.

Num balanço perfeito entre a seriedade e a vulnerabilidade, Billie Eilish agarra na música com ousadia e confiança, especialmente quando canta “I’ll love you till the day that I die”, infundindo-a com uma sensação certeza e profundo afeto. Enquanto o tema da música gira em torno do amor, perda e mortalidade, esta destaca o crescimento de Eilish como artista, numa das suas faixas mais memoráveis e poderosas.

8. Jessica Pratt – World On a String

Jessica Pratt

A virtude de “World On a String” está na evocação natural de um tempo que já não volta mais, onde cada detalhe desta música foi cuidadosamente criado com o intuito de transportar os ouvintes para um domínio atemporal, onde é fácil perder a conta ao tempo. Pratt mistura uma reverberação natural com dedilhados de guitarra reconfortantes e uma percussão aprazível, resultando num som em tons de sépia e numa atmosfera musical que parece tanto familiar, como sobrenatural.

Os vocais sonhadores de Jessica Pratt, suavemente enquadrados com todos os detalhes sonoros delicados, têm um efeito sedativo, tornando impercetível a quantidade de vezes que é possível ouvir esta música sem sofrer fadiga. Ouvir “World On a String” é uma experiência auditiva cativante que desbota a linha entre o passado e o presente, deixando uma impressão permanente, mesmo depois da música terminar.

7. Chappell Roan – Good Luck, Babe!

Chappell Roan

“Good Luck, Babe!” de Chappell Roan é uma música de comovente sobre separação e um comentário ousado que recai na habitual “pré-definição” de heterossexualidade, espelhando a devastação de um amor que não pode florescer devido ao medo e à negação. A abordagem de Roan, longe do cliché, troca o típico sentimento de raiva pelo lamento para com a sua amante que, presa pelo próprio medo, escolhe a segurança em vez da liberdade.

A entrega vocal é magistral, numa mistura de falsete mordaz e sinceridade vulnerável, combinada com uma produção de synth-pop subtil, mas insistente. A postura lírica de Roan – direta, mas empática – captura perfeitamente a gravidade emocional de rejeitar a verdadeira identidade em favor das expectativas sociais.

6. NewJeans – How Sweet

New Jeans

Atualmente, as NewJeans são referência do universo K-Pop, pela forma como navegam no género e o revolucionam a cada música lançada, empregando influências de géneros de culto, com hits atrás de hits, e “How Sweet” não é exceção. Numa mistura de sons experimentais com raizes no Miami bass e eletroclash, vemos ser entregue mais um clássico instantâneo. De uma ponta à outra, há um fervilhar rítmico de energia contagiante, com harmonias vocais brilhantes que ecoam com uma naturalidade exímia.

A letra rema contra a sonoridade, expressando a sensação de liberdade de sair de um relacionamento tóxico – o que acaba por ser curioso face a toda a turbulência que o grupo tem passado com a sua editora. Dito isto e tendo conhecimento de todos os desafios que os elementos do grupo têm passado, é impressionante como se abstêm disso e continuam a entregar performances brilhantes e a bater todos os recordes que há para bater, fazendo das NewJeans o grupo feminino mais influente da Coreia do Sul.

5. Fontaines D.C. – Starbuster

Fontaines D.C.

“Starburster” marca a mais ousada mudança para Fontaines D.C., uma banda conhecida pelo seu toque pós-punk. A música captura o sentimento de ansiedade e pavor existencial do vocalista Grian Chatten, espelhado nas letras frenéticas e no som denso e atmosférico. A sua vibração caótica leva a banda a novos patamares, misturando elementos de pós-punk, rap-rock.

Com a sua composição instrumental irregular e a cadência desorientadora de Chatten, a faixa transforma-se numa exploração sonora vívida, embora perturbadora, de uma mente em pânico. Apesar da temática sombria, existe um justaposição de tensão, mostrando a crescente gama musical de Fontaines D.C..

4. Doechii – Nissan Altima

Doechii

“Nissan Altima” elevou Doechii ao próximo patamar de excelência, como uma força de destaque no hip-hop. Com a produção minimalista, mas contagiante, ficou montado o cenário perfeito para criar um fluxo dinâmico e uma proeza lírica excêntrica. Tecnicamente, a energia é insana, a entrega está recheada de confiança e a cadência é fluida. Doechii acertou na fórmula que a vai colocar na lista de rappers de primeira linha.

Para além disso, a escrita (extremamente pessoal) é ótima, recheada de auto-referências ousadas, como a de se auto-intitular de “a nova Madonna hip-hop”. O potencial de Doechii é gigante, pois as provas estão dadas e não há nada a apontar. Se tiverem oportunidade, vale e pena ouvir o álbum na íntegra.

3. Aespa – Supernova

aespa

O ano de 2024 foi gigante para as aespa, mas foi com “Supernova” que o grupo se estabeleceu como o mais influente do ano, quebrando vários recordes em solo Coreano (inclusive o de “Ditto” das NewJeans). “Supernova” é pautada pelo uso sublime de uma mistura eletrizante de sons futuristas e uma batida elétrica saltitante. Promissora desde o início, a música abre com um boom sónico e sintetizadores rasgados que estabelecem um ritmo contagiante, acendendo o rastilho para uma das viagens sonoras mais sensacionais de 2024.

Com versos dinâmicos, um hook cativante e uma produção ousada e energética, “Supernova” assemelha-se a um hino de hyperpop criado em laboratório num planeta distante para uma sociedade ultra-moderna e utópica. A combinação da composição sonora com versos de rap afiados e vocais poderosos de todos os membros mostra também a versatilidade das aespa, que se tornaram num dos maiores grupos do género num espaço de meses.

2. Charli XCX – Girl, So Confusing (ft. Lorde)

Charli XCX e Lorde

“Girl, So Confusing” trata uma exploração das complexidades dos relacionamentos femininos, mais concretamente as lutas internas que as mulheres enfrentam com as constantes comparações entre si e, por sua vez, inseguranças. A faixa original reflete os sentimentos e tensão de Charli XCX ao ser comparada a outra mulher que ela admira. Com o remix, Charli revela os seus próprios escudos emocionais e os mecanismos de autodefesa que desenvolveu, em resposta ao escrutínio do público.

A música não só aborda as nuances da rivalidade e projeção feminina, como também cria um espaço para compreensão e reconciliação. Charli e Lorde, outrora consideradas rivais, usam esta colaboração recheada de franqueza e a vulnerabilidade para mostrar crescimento, empatia e o poder de uma comunicação sincera e autêntica.

1. Kendrick Lamar – Not Like Us

Kendrick Lamar

“Not Like Us” de Kendrick Lamar marcou o climax dramático e explosivo de uma picardia de longa data com Drake. O cerne deste fenómeno está em como uma simples faixa de diss se transformou instantaneamente num fenómeno cultural sem precedentes. Construída com uma batida dinâmica (produzida por Mustard), Kendrick desmontou Drake com um uso brutal e inteligente de jogos de palavras. A mensagem apoia-se sobretudo na frustração geral geracional com a cena atual do rap e o papel destrutivo que Drake teve nela.

A produção e a cadência da faixa foram tão impactantes como o seu conteúdo lírico, com o qual Kendrick canalizou fluxos passados e adicionou as suas próprias críticas, sem filtros, à carreira de Drake. Embora muitas das acusações sejam infundadas, o sucesso da música residiu no ataque visceral à imagem de Drake, cimentando Kendrick como a voz definitiva na era atual do género.

Ao usar uma combinação de ataques sem filtros e comentários sociais astutos, Kendrick solidificou sua posição como novo rei do rap e, em simultâneo, tornou Drake numa anedota, criando mossa na sua reputação. “Not Like Us” também marcou um momento fulcral na história do hip-hop, com o qual o Kendrick elevou os standards e criou envolvimento de outros rappers.

Voltamos a falar no final de 2025!

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