Com capacidade para 4.000 espectadores, o complexo de cinemas do ArrábidaShopping ficará agora a operar com praticamente metade dessa capacidade.
Se, por um lado, os centros comerciais andam constantemente numa roda viva com aberturas e encerramentos de lojas, há outro aspeto que não está a correr de feição: a adesão às salas de cinema.
Este ano, os centros comerciais Estação Viana Shopping e o Nova Arcada, geridos pela Sonae Sierra, apresentaram ao Ministério da Cultura pedidos de desafetação de salas, ou seja, autorização para retirar ou deixar de usar uma determinada sala de cinema para a sua função original – exibir filmes. E agora, há mais um centro comercial a avançar com este pedido, especialmente grave por tratar-se do maior complexo de salas de cinema do país: o ArrábidaShopping.
Os proprietários do centro comercial pediram a desafetação da atividade cinematográfica de nove das 20 salas de cinema, e tudo devido a questões económicas, tal como disse à Lusa fonte da Inspeção-Geral das Atividades Culturais (IGAC). O Ministério da Cultura já aceitou o pedido, que se justifica com uma oferta de salas desproporcionada face à procura.
O complexo, operado pela UCI Cinemas e com capacidade para mais de 4.000 espectadores, registou em 2024 uma média de apenas 19 pessoas por sessão, número baixíssimo que totaliza 460.533 entradas. Os dados representam uma queda significativa em relação a 2019, antes da pandemia, altura em que as 20 salas acolheram 830.656 espectadores, e distam ainda mais do pico de 2011, quando ultrapassaram um milhão de entradas.
Com capacidade para 4.000 espetadores, o complexo de cinemas do ArrábidaShopping ficará agora a operar com praticamente metade dessa capacidade, e esta situação reflete uma tendência nacional de ajustes na oferta cinematográfica.
Infelizmente, ir ao cinema é caro, e também não ajuda o facto de os filmes chegarem aos serviços de streaming ou de aluguer poucas semanas após as respetivas estreias no grande ecrã.