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Um dos maiores exclusivos do ano da Nintendo Switch chega pelas mãos da PlatinumGames, o reputado estúdio por detrás de alguns dos melhores jogos de ação das últimas duas gerações, como Bayonetta, Vanquish, Metal Gear Rising ou Nier: Automata. Falamos, obviamente de Astral Chain.

Correndo o risco de ser um jogo onde o estilo eclipsa o seu conteúdo (style over-substance), Astral Chain é um dos jogos mais interessantes do ano, que, apesar de se apresentar como um jogo de ação, é muito mais do que isso, misturando todos os elementos de uma série anime, com todas as possibilidades interativas que só um videojogo é capaz de oferecer.

É logo desde os primeiros minutos de apresentação que percebemos que esta é uma experiência narrativa, com uma série de cinemáticas de altíssima produção que nos fazem esquecer que isto é um jogo e passava bem por uma série de animação. Estes momentos também são um testamento de que Astral Chain promete visuais incríveis na consola da Nintendo, que, ao longo do jogo, se mantêm sólidos e confirmam que o título está entre os melhores nesta liga, mesmo com alguns compromissos.

Astral Chain Review

Entre os corredores de uma esquadra policial, ruas e estradas de uma cidade futurista, ou numa série de planos astrais noutras dimensões, Astral Chain é um jogo diverso, extremamente bonito e cheio de detalhes ricos que tornam todos estes ambientes vivos, seja pelos elementos dinâmicos, pelas personagens que lá vivem ou pelo modo como o mundo responde ao jogador e às suas ações.

O elemento anime aplica-se também na direção artística, com personagens extremamente sexy com animações exageradas e movimentos de combate e cinemáticas que lembram até outras series live action, como Super Sentai e Kamen Raider (os “Power Rangers” originais).

Outros elementos, como clichés e inúmeras referências a clássicos como Neon Genesis Evangelion, fazem parte desta remistura de estilos, mas a cereja no topo do bolo, e aquilo que pode tornar o jogo charmoso ou saturante ao longo das 20 horas de aventuras policiais entre dimensões, é a sua narrativa desnecessariamente complexa e o melodrama.

Astral Chain leva-nos a um futuro pós-apocalíptico, onde a humanidade tenta sobreviver concentrada numa mega-metrópole chamada Ark, constantemente ameaçada pela ameaça interdimensional que quase a dizimou. Com o poder de controlar algumas dessas entidades de outro mundo, os serviços de segurança da Ark são a última linha de defesa contra estes ataques e uma eminente invasão. E é com esta premissa que entramos em ação.

Astral Chain Review

Com a possibilidade de podermos jogar com uma personagem masculina ou feminina, a outra versão toma o papel de nosso irmão gémeo e leva com ele a nossa língua, já que o protagonista nunca fala, tornando algumas interações mais dramáticas, estranhas e cómicas. Fora com as cordas vocais, teremos sempre ao nosso lado alguns companheiros importantes, os Legion, criaturas interdimensionais que estão acorrentadas a nós e que podem ser chamadas para uma série de diferentes ações, fazendo parte do ponto central da jogabilidade frenética, e por vezes caótica, de Astral Chain.

Com uma jogabilidade muito única, comparada aos restantes jogos da PlatinumGames, a comparação mais imediata e fresca na memória será com a de Nier: Automata. Mas em vez de saltos, piruetas e combos entre armas, aqui temos as habilidades da nossa personagem principa e as habilidades dos nossos Legion, que podem ser chamados para o campo de batalha e controlados independentemente com o recurso do joystick, que também controla a câmara. Esta coordenação não é imediatamente intuitiva, mas o jogo faz um excelente trabalho ao apresentar-nos as diferentes mecânicas de combate, com treinos e tutoriais simples e dedicados.

Com imensas opções de personalização de controlos e de dificuldade, a maioria dos jogadores vai, e deve, optar pelo estilo de modo standard, que oferece as moletas necessárias para uma jogabilidade simplista, mas profunda. Basta usarmos os dois gatilhos dos joy-cons ou comandos para atacar, lançar o nosso Legion e navegar até à sua posição. Ao mesmo tempo, temos que fazer uma boa gestão de batalha e usar o desvio no momento certo para contra-atacar. A complexidade do combate é acrescida por diversos powerups e ataques especiais que podemos dar aos nossos Legion, assim como as habilidades específicas de cada um, que podem também ser usadas fora das batalhas.

Astral Chain Review

Cerca de metade do jogo é, surpreendentemente, fora de lutas, mas a fazer missões secundárias e travessias de níveis reminescentes de jogos de plataformas com puzzles à mistura. No mundo humano, começamos cada capítulo a dar uso às nossas capacidades de investigação, falando com outras personagens, ajudando-as nos seus problemas e somando pistas que nos levam ao objetivo primário e que avançam com a história.

Esta mudança de ritmo transforma Astral Chain num jogo que faz precisamente aquilo que só os videojogos são capazes de fazer, remisturando géneros e mecânicas de forma intuitiva e interessante, ao mesmo tempo que agarram o jogador que fica impacientemente à espera do próximo “twist” ou novidade. Contudo, estas mudanças podem, por vezes, quebrar o ritmo, com segmentos de investigação longos entre níveis a requererem alguma paciência para serem navegados.

Tal como outros jogos da PlatinumGames, algo que não deve, de todo, ser ignorado, é a sua fantástica banda sonora, cheia de temas fortes que vão desde a electrónica, à tradicional banda sonora orquestrada com cantos e coros, passando por um rock pesado com recurso ao subgénero de djent. As batalhas são muito emocionantes graças aos temas usados durante os diferentes controlos e andar pela esquadra é uma experiência interessante, já que parece que estamos a passear num night club.

Por vezes, Astral Chain parece dizer que “mais é menos”, com um jogo que pode ser saturante ao longo do tempo, com missões longas e alguns segmentos que se tornam barreiras até que deixemos a consola por instantes para respirar. Por outro lado, é um testamento do quão explosivo e frenético Astral Chain é. É um título de ação que chegou para partir a loiça toda, tem estilo e joga-se extremamente bem.

Astral Chain já está disponível na Nintendo Switch.

Astral Chain
Nota: 8/10

Este jogo foi cedido para análise pela Nintendo Portugal.

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