Localizado bem no miolo de Telheiras, o Amabie Sushi apresenta sushi de qualidade em diversas formas e feitios. E não quer ficar por aqui.
Inaugurado a 23 de novembro de 2018, sendo inicialmente um projeto pensado para se focar apenas na vertente de take away, a existência de oito lugares em que os clientes se sentavam à espera de levantar a sua encomenda levou a que os responsáveis passassem a introduzir serviço dentro do restaurante, acrescentando um menu de degustação. Foi esse mesmo que fomos experimentar.
Aqui procura-se conciliar tradição e fusão, com a adição de alguns ingredientes que não estão tipicamente associados à nossa ideia de sushi, para garantir um toque de criatividade. Desta forma, o menu de degustação não é fixo e varia praticamente todas as semanas, com as especialidades para entrega a manterem-se estáveis.
Assim, e após uma entrada bem fresca de Pepino em pickle e sésamo, a refeição inicia-se com as Gyozas à chefe, e o factor criativo começa logo a destacar-se. Servidas em redução de manteiga e citronela, com alho francês crocante, são extremamente suaves e leves, um mundo de diferença face às gyozas massudas tantas vezes servidas por aí.
Em seguida, nigiris: de salmão braseado com ovas de peixe voador, de atum e de salmão natural. A boa qualidade do peixe ressalta num conjunto equilibrado.
O regresso à invenção apareceu na forma de um Gunkan de salmão coberto por um ovo estrelado e azeite trufado, o qual se anunciou com o seu cheiro inconfundível. Sem dúvida algo que nunca tínhamos provado num estabelecimento do género, e torna-se evidente que esta quer ser uma marca de distinção do Amabie.
O Hosomaki de caranguejo de casca mole frito em tempura é outro prato que procura afirmar a individualidade deste espaço face à oferta existente na cidade, com o uso de mais um ingrediente não conotado com o mundo do sushi. Vencedor na sua crocância.
Para variar do arroz, chegam umas Bolsas de massa frita com recheio de salmão, cenoura e alho francês, com uma pitada de sweet chili. De novo, sabores suaves e frescos.
Nova ronda de Hosomaki de caranguejo de casca mole e, em seguida, o Gunkan de atum servido em rodela de toranja.
Chega a Tempura de vegetais e camarão, coroada pelo bouquet igualmente comestível, como se deseja nestes casos. O cuidado na utilização da loiça servida e na apresentação é, aliás, uma constante ao longo da refeição. Quanto à tempura, polme leve e fritura cuidada, sem sabor a gordura. Corretíssimo.
Para finalizar, a sobremesa apresenta uma base ocidental com um toque nipónico: Gelado de baunilha com o selo da Davvero acompanhado de harumaki recheado de chocolate derretido. Reconfortante.
Ao nível da oferta das bebidas, e para além do tradicional sake, destaca-se a disponibilização das clássicas cervejas japonesas Asahi e Kirin, sempre boas a acompanhar uma refeição de sushi com o seu paladar leve e toque de malte, e uma carta de vinhos curta mas eficiente, constituída por uma referência de branco (Lacrau), uma de rosé (Carquejal) e outra de tinto (Herdade da Calada).
A sala, pequena e intimista, pede uma refeição de grupo, numa lógica quase de sala de jantar em casa de amigos, e garante um ambiente sereno e relaxado.
Em resumo, o Amabie apresenta uma qualidade claramente acima dos industriais all you can eat, procurando um ambiente mais intimista e uma refeição capaz de surpreender. A estética cuidada, desde o logótipo que redesenha a mítica sereia japonesa, ao enquadramento de tons escuros com apontamentos de madeira e branco, alia simplicidade à sofisticação.
Com uma oferta que apresenta diversas alternativas, desde o menu de degustação na casa dos 45€ para quem procura uma experiência mais personalizada, a diversos combinados de take-away a menos de 1€ por peça que garantem sushi de qualidade numa lógica mais democrática, o espectro para os amantes da culinária japonesa é vasto.
O Amabie tem planos de expansão e quer criar novos espaços para a marca, apresentando bons argumentos para tal: o cuidado na apresentação, a qualidade do produto, a escala reproduzível do primeiro espaço. No fundo, tem pretensões mas não é pretensioso. Ainda bem que assim é.
Fotos de: Teresa Graça Moura