Alcochete. Afinal, o que fazer numa escapadinha à vila?

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Da história da vila, às fogaças, passando pela gastronomia, Alcochete tem mais encanto e tranquilidade do que alguma vez pensaram.

Às margens do Tejo, Alcochete mantém-se como um refúgio tranquilo, a poucos minutos de Lisboa. O seu ambiente sereno, o contacto direto com a natureza e a forte ligação à tradição tornam esta vila num destino cada vez mais procurado por visitantes nacionais e estrangeiros. E não, não é apenas devido à deliciosa Fogaça.

O turismo na região tem vindo a crescer, impulsionado pelo StayUpon Hospitality Group, responsável pela gestão de duas das principais unidades hoteleiras do concelho. Com o Praia do Sal Resort, localizado junto à praia dos Moinhos, a disponibilizar mais de 230 camas, e o Upon Vila, nascido no local histórico Alfoz, a oferta de alojamento foi significativamente ampliada. O grupo, que tem investido ativamente na promoção de Alcochete, destaca-se pela aposta na valorização do património local e na criação de experiências autênticas para quem escolhe descobrir esta vila à beira-rio.

O Echo Boomer esteve recentemente numa press trip em Alcochete e conta-vos tudo o que podem fazer num dia em Alcochete, mostrando que, efetivamente, é uma vila com muita história e locais por descobrir.

O nosso dia, nesta vila por vezes esquecida na Margem Sul, começou no Upon Vila, hotel que surge no local do antigo Alfoz. O dia começou cedo, o que significa que a experiência teve início durante o pequeno-almoço, com o qual ficámos saciados até à seguinte refeição. Não falamos de um pequeno-almoço imensamente vasto, mas com quantidade e variedade de opções mais que suficientes. Desde variados pães a croissants, passando por vários enchidos e variedades de queijo, bacon, ovos mexidos, algumas frutas, frutos secos, donuts, pastéis de nata, queques, napolitanas, tranças de maçã e noz, folhados de maçã, folhados mistos, bolo do dia e as incontornáveis fogaças, a oferta é mais do que suficiente, onde a qualidade não deixa desejar, muito pelo contrário. Também há panquecas que podem ser guarnecidas com toppings de Nutella ou manteiga de amendoim, por exemplo. E sim, caso tenham alguma tolerância, fiquem descansados que, mesmo que não esteja à vista nenhuma opção a pensar nos intolerantes, bastará falar com um elemento do staff. A nível de bebidas, têm por exemplo uma máquina automática com uma série de opções pré-disponíveis para bebidas quentes.

Foi durante o pequeno-almoço que tivemos uma breve conversa sobre o Upon Vila. Esta unidade é ainda muito recente, uma vez que fará apenas em julho dois anos desde a sua inauguração. O plano inicial era que o hotel surgisse da renovação do antigo hotel Alfoz, um dos 3 estrelas mais antigos da região. No entanto, quando se tentou avançar com a renovação, e respetivo aumento do hotel, a equipa do Upon percebeu que essa tarefa seria bem mais complicada do que simplesmente demolir o histórico Alfoz. E foi assim que surgiu, de raiz, o Upon Vila, um hotel de 4 estrelas.

Com 89 quartos, uma sala de reuniões, ginásio e um rooftop no quinto andar com piscina aquecida e bar com capacidade para 80 pessoas, e ainda que não tenha restaurante, o Upon Vila procura mostrar o que é sentir um pouco a vila de Alcochete. Ou seja, não tenta parecer um hotel de cidade, mas sim mostrar aquela rusticidade, apostando em pequeno detalhes – como por exemplo quartos com varandas que recebem muita luz, móveis cobertos com folhas de oliveira, elementos em madeira, etc – que, efetivamente, o fazem sentir mais como um hotel de praia, mostrando também que, no Upon Vila, os hóspedes vão encontrar pormenores que não encontram noutras unidades hoteleiras. Portanto, é trazer um bocadinho da vila de Alcochete para o hotel, não só em termos decorativos, como também na questão dos produtos regionais – não só com fogaças, mas também com licores, o sal do Samouco…

No verão, por exemplo, a partir de julho, quando muitos portugueses dão início às típicas viagens rumo ao Algarve, há sempre numerosas famílias que acabam por pernoitar 2-3 noites no Upon Vila. Alcochete tem, também, dois eventos que chamam milhares de pessoas: Noite Branca e as Festas do Barrete Verde e das Salinas. Os munícipes dizem que estes eventos são uma loucura e, claro, hotéis como o Upon Vila acabam por beneficiar de muita procura, principalmente em época alta, ainda que as tarifas por noite sejam bem mais acessíveis ao longo do ano.

Alcochete era, há cinco anos, um destino bem mais sazonal que hoje em dia. Alcochete mudou, e para melhor. Para isso, ajudam muito novas construções, bem como novas lojas e serviços, fazendo com que este destino passe a ser uma escolha óbvia quando se planeia uma escapadinha – aqui com uma bela vista para Lisboa, mas sem a azáfama da cidade.

Já de estômago cheio, foi com a ajuda de um elemento da Câmara Municipal de Alcochete que demos uma volta pela vila, ficando a conhecer os principais destaques.

No centro da vila, o Largo de São João, anteriormente conhecido como Terreiro de São João, e mais tarde como Terreiro do Poço Velho, era o local das tradicionais touradas em honra de São João Baptista, o santo padroeiro de Alcochete. No século XVI, este espaço situava-se na periferia da povoação, mas com o crescimento da vila no século XIX, o largo foi incorporado no núcleo central de Alcochete.

Outro importante ponto de interesse na vila é a Igreja de São João Baptista, ou Igreja Matriz de Alcochete, uma construção tardo-gótica datada do século XV. A igreja, que possui uma nave central dividida por capelas laterais e um portal com uma rosácea na fachada, sofreu diversas modificações ao longo dos séculos, como a adição da torre sineira e o aumento da capela-mor em 1678. Este edifício foi classificado como Monumento Nacional em 1910, sendo um exemplo notável do património religioso e arquitectónico da vila.

A estátua de D. Manuel I, erigida em comemoração do 5.º centenário do nascimento do rei, é outro marco importante da vila. A peça foi criada pelo escultor Vasco Pereira da Conceição e é um testemunho da ligação de Alcochete à história do país. Também de grande significado histórico é a Igreja da Misericórdia, de traça tardo-renascentista e datada do século XVI. Segundo a tradição, a igreja teria feito parte do antigo palácio onde nasceu D. Manuel I. Atualmente, a igreja integra o Museu Municipal de Alcochete, que inclui um Núcleo de Arte Sacra.

Nas imediações, o Bairro das Barrocas, construído na segunda metade do século XIX, reflecte o crescimento urbano da vila, com um traçado regular de ruas paralelas e um total de cerca de 150 habitações. Este bairro foi inicialmente destinado aos operários das salinas e do carvão, sendo a primeira grande intervenção urbana destinada à habitação em Alcochete.

Outro elemento de valor patrimonial é o Pórtico do Antigo Convento de Nossa Senhora do Socorro. Construído no século XVI junto à Igreja de Santa Maria da Sabonha (datada de 1252), o convento recebeu a denominação de Nossa Senhora do Socorro, tendo sido habitado por frades franciscanos até 1834, altura em que foi encerrado. Anos mais tarde, o edifício foi demolido, restando apenas vestígios arqueológicos. Durante uma intervenção realizada em 2004, foram descobertas fundações do convento, sepulturas e três imagens de arte sacra datadas dos séculos XIV e XV, testemunhando a importância histórica e religiosa deste espaço.

Também a Ponte-Cais, outrora utilizada para a acostagem de embarcações de maior porte, é outro símbolo da ligação histórica de Alcochete ao rio Tejo. Até à década de 1950, a ligação fluvial entre a vila e a capital era assegurada pelo vapor Alcochete, também conhecido como O Menino. Atualmente, é possível embarcar no Bote Leão, uma réplica de uma embarcação tradicional que, até aos anos 60 do século XX, transportava pessoas entre Alcochete e Lisboa. Inaugurado em 2016, o Bote Leão foi construído com base nos desenhos da embarcação original e nas técnicas de construção naval tradicionais, oferecendo aos visitantes a oportunidade de explorar o Tejo de uma forma nostálgica e tranquila.

Com o tempo a escassear, o nosso percurso ainda parou uns minutos na Padaria Popular, onde se faz, e bem, a arte da fogaça de Alcochete. Conta a lenda que, ao aventurarem-se pelo mar, os marítimos foram surpreendidos por uma violenta tempestade. Em desespero, invocaram proteção divina e, no alto do Monte da Atalaia, surgiu-lhes a Virgem Maria envolta numa bola de fogo. O tempo serenou e, sãos e salvos, regressaram a terra.

Em sinal de gratidão e com a fé ainda mais fortalecida, organizaram uma peregrinação ao Monte da Atalaia, onde ofereceram à Virgem uma bandeira, uma miniatura do seu barco e uma bola morena e adocicada, inspirada no fogo da aparição, à qual deram o nome de Fogaça.

Assim nasceu, há 600 anos, a tradição da Fogaça de Alcochete, que se mantém viva até hoje. Com um aroma inconfundível a canela e limão, esta especialidade – crocante no exterior e macia no interior – ocupa um lugar de destaque na Festa do Círio dos Marítimos de Alcochete. Como manda a tradição, são sete as fogaças que o arrematante do leilão se compromete a oferecer no ano seguinte, simbolizando os dias da semana e perpetuando uma promessa que atravessa gerações.

Após darmos umas trincas, tivemos ainda a oportunidade de, antes do almoço, de beber a Fogacinha da Fanfa, um Licor doce e suave com origem no bolo quinhentista tipicamente alcochetano, a Fogaça.

Já o almoço foi num histórico da zona, o já mencionado Alfoz, que agora é “apenas” um restaurante na vila de Alcochete. Deliciámo-nos com Santolas do Rio Sado, feitas de forma muito natural, cozidas em água do mar filtrada da lota de Setúbal; Sável, um dos peixes da época, que é congelado e, depois, cortado em finas fatias, sendo ultimamente frito; e uma Caldeirada de Línguas de Bacalhau, o prato mais emblemático do Alfoz, ou não fosse daquelas iguarias que levam clientes de propósito ao restaurante.

Mas há outros pratos muito conhecidos na vila, como o Ensopado de Enguias e o Arroz Doce à Alcochetana, além da emblemática Fogaça. Embora não tenhamos provado estes últimos, dá para perceber que o Tejo marcou, definitivamente, a gastronomia da vila, ou não fossem os pratos de peixe os protagonistas.

Além do seu património histórico, cultural e gastronómico, Alcochete é também um excelente destino para os amantes da natureza. A Reserva Natural do Estuário do Tejo, a maior zona húmida de Portugal, é um dos melhores locais para a observação de aves na Europa. Durante o inverno, é possível avistar mais de 100 espécies de aves em habitats como sapais, salinas e montados, tornando a região um ponto de referência para ornitólogos e entusiastas da fauna.

A Fundação das Salinas do Samouco, que tivemos oportunidade de visitar para uma atividade de birdwatching, está localizada numa zona de proteção especial e é um exemplo de preservação ambiental. Antigo complexo de produção de sal, este espaço mantém hoje uma salina ativa, ainda praticando o processo artesanal de produção de sal. Além disso, a Fundação tem como missão proteger a avifauna local e conservar a rica história social e cultural associada à produção de sal na região. É uma daquelas paragens obrigatórias numa escapadinha a Alcochete.

Daí seguimos para a nossa segunda unidade hoteleira, onde ficaríamos alojados nessa noite, o Praia do Sal Resort, também do grupo StayUpon. Este hotel teve o azar de ser inaugurado precisamente em janeiro de 2020, um mês antes da pandemia de COVID-19, mas o pouco tempo que esteve aberto antes desse encerramento precoce acabou por fortalecer o grupo StayUpon, que conseguiu limar algumas arestas e perceber o que funcionou. Atualmente, o hotel tem conseguido fidelizar não só muitos locais, como também quem está de passagem – há muitas estadias em modo escapadinha, mas também quem fique por ali uma semana inteira.

Com duas fases de construção, conta no total com 11 edifícios – leia-se blocos -, sendo um desses o principal, onde se encontra parte do hotel, SPA e restaurante Omaggio – a funcionar desde 14 de fevereiro de 2020 -, e que está ligeiramente afastado dos restantes 10, totalmente dedicados a alojamento, e dos quais dá para ver as Salinas do Samouco.

Em termos de tipologias, o Praia do Sal Resort vai do T0 ao T4 e funciona como um modelo misto, isto é, é um complexo turístico onde também existem proprietários. Dos 164 apartamentos, cerca de 90 estão em exploração a todo o momento.

Ou seja, e apesar de parecer um projeto residencial, não o é, até porque nunca seria aprovado, uma vez que se encontra integrado no Estuário do Tejo, mais especificamente onde chegou a existir um estaleiro da antiga seca do Bacalhau. Portanto, essa aprovação para avançar com o projeto do Praia do Sal Resort foi no âmbito de ser algo integrado na Natureza – e sim, há uma série de políticas ambientais a respeitar, com normas muito rígidas.

O nome, esse, deve-se não só à já referida antiga seca do bacalhau, mas também pelo facto de o hotel estar dentro da Praia dos Moinhos. Um dos ex-libris do hotel é a piscina exterior do estilo infinita com vista para o Tejo, uma das valências que mais atrai os hóspedes. A parte gira é que esta piscina é tratada a sal – logo a água é salgada – e a entrada é gradual, ou seja, como se estivéssemos a entrar na água do mar. Por outras palavras, não há escadas!

A nível de sustentabilidade, o Praia do Sal Resort tem lutado para conquistar vários prémios, tudo para reduzir o seu impacto ambiental – por exemplo, o hotel incentiva à plantação de árvores cada vez que os hóspedes não precisarem de trocar as toalhas usadas.

Outra valência muito importante é o SPA, parte importante do hotel, até porque foram feitos investimentos significativos na formação das terapeutas, na qualidade dos rituais e, claro, na escolha de excelentes produtos.

Por altura do jantar, a sugestão foi ficar pelo restaurante do hotel, o Omaggio, que é baseado na comida italiana. Como o nome indica, Omaggio serve para homenagear a gastronomia italiana, sendo um espaço que trabalha muito com as bases da comida italiana, como as massas frescas, e com molhos feitos na casa. Além de respeitar os produtos, o Omaggio tenta não só ter uma gastronomia de conforto, como se fosse da bella nona – a nossa avó -, mas também incorpora alguns produtos da região, como a Salicórnia, presente numa das entradas do restaurante, e as amêijoas.

Sendo um italiano digno desse nome, o Omaggio está equipado com um forno clássico a lenha, de onde saem as pizzas com estilo napolitano. Em breve, será possível pagar a conta através do emenu, o que fará com que seja bem mais fácil na hora de dividir a conta do restaurante – a pensar naqueles convívios de amigos, por exemplo. É um restaurante que acaba por ser mais frequentado por quem passa por Alcochete ou, simplesmente, vai à procura da boa gastronomia italiana. É, também, um espaço dinâmico com música ao vivo, pelo que, se forem lá jantar, é provável que encontrem um pianista, violinista, saxofonista ou DJ, só para referir alguns.

Durante o nosso serão, fomos brindados, logo ao início, com uma Sangria de Limoncello para acompanhar as entradas. Esta bebida foi criada após um desafio interno e, atualmente, é a mais vendida no restaurante. Não admira porquê: é incrível!

Depois chegaram muitas opções à mesa: Pane allagllo con mozzarella (Pão de alho com mozzarella), Tagllere di Prosclutto Itallano (Tábua de Charcutaria Italiana), Burrata All’ Omaggio (Burrata artesanal, tomate cereja, tomate seco, pesto de pinhão e manjericão, figo, rúcula selvagem e salicórnia de Alcochete), Risotto alla zucca atfumicata con raga di coda di bue (Arroz Camaroll, abóbora fumada e Ragu de rabo do boi), T-Bone, entre outras opções da carta, que tem várias novidades para descobrir – logo vale mesmo a pena uma visita dedicada.

Para sobremesa, tivemos direito ao Cheesecake di ricotta con purea di frutti rossi (Cheesecake de ricotta com puré de frutos vermelhos), Brownie de chocolate com caramelo salgado e bola de gelado de baunilha, Tiramisú (Creme de mascarpone, cacau e biscoitos embebidos em café e amaretto) e Gelato Omaggio (Gelado de queijo fresco com doce de abóbora, calda de gengibre com pistachio e grana padano). Já tínhamos tido oportunidade de visitar o Omaggio, mas sabe sempre bem regressar a um local onde fomos felizes.

E assim se passa um belíssimo dia, sendo que, numa escapadinha de dois dias, podem sempre ver as atrações locais com mais calma, bem como descobrir toda a gastronomia local.

De resto, o Grupo Upon irá inaugurar este ano uma nova unidade hoteleira, o Upon Bay Mundet, no Seixal. Mas essa não é a única inauguração para os próximos tempos, estando planeada, para 2026, a abertura de uma unidade hoteleira em Albufeira, no Algarve. O Echo Boomer também sabe que há um hotel previsto para perto da Baía de Setúbal, naquele que poderá ser o primeiro hotel 5 estrelas do grupo, embora nada esteja ainda decidido nesse sentido. Neste último caso, esta futura unidade hoteleira nunca será inaugurada antes de 2028.

Uma coisa é certa: cada hotel tem a sua própria identidade, e isso é de louvar. Em Alcochete, quando visitarem a vila e ficarem a dormir no Praia do Sal Resort ou no Upon Vila, é mesmo isso que irão sentir.

Nota: O Echo Boomer Report viajou até Alcochete a convite do grupo StayUpon Hospitality Group.

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