Para quem valoriza e-readers compactos, este AiPaper Reader da Viwoods pode muito bem ser a próxima opção a considerar.
Por estas bandas, já se sabe que vivo rodeada de gadgets, mas há uma categoria que me conquista sempre de forma especial, os e-readers. E o que procuro, enquanto ávida leitora, é muito simples: um e-reader que seja fácil de segurar, leve o suficiente para acompanhar longas sessões de leitura e com um ecrã que trate bem os meus olhos.
Ao longo do tempo tenho vindo a experimentar vários dispositivos e, entre eles, esteve o AiPaper da ViWoods, um tablet E-ink muito bem conseguido e que me fez começar a acompanhar de perto o percurso da marca. Recentemente, a Viwoods decidiu dar um passo que me despertou ainda mais a curiosidade, com o lançamento do seu novo e-reader de bolso, o AiPaper Reader, que com muito gosto recebi para análise.
Tal como aconteceu com o AiPaper, o AiPaper Reader chegou bem acondicionado, dentro de uma caixa minimalista em cinzento-claro com tipografia a preto, num estilo que combina com toda a estética e comunicação habitual da ViWoods. Ao levantar o dispositivo da embalagem, encontra-se o conjunto esperado de acessórios: o cabo de alimentação, o manual de instruções e ainda um clip para abrir a slot do SIM. Juntamente com isto vem também uma capa em cinzento-escuro, simples e discreta, que completa bem o conjunto e deixa tudo pronto a usar logo desde o primeiro momento.
Assim que tirei o AiPaper Reader da caixa, a primeira coisa que me saltou à vista foi a leveza do aparelho. A espessura é mínima, com apenas 6,7 mm, e as dimensões de 159.39 cm por 80,27 cm colocam-no praticamente ao nível do meu iPhone 16 Pro Max em tamanho. A diferença está mesmo no peso: o AiPaper Reader é muito mais leve, cerca de 100 g abaixo do iPhone, ficando pelos 162 g, e já com a capa de proteção colocada, o que acaba por se traduzir numa leitura contínua sem esforço, uma vez que, ergonomicamente falando, é um dispositivo que cabe perfeitamente na palma da mão e acaba por não pesar praticamente quase nada.
Mesmo em relação à qualidade do material, e apesar do seu ar mais simples, o AiPaper Reader transmite uma qualidade inesperada. O seu chassis, em plástico cinzento-claro, de alta qualidade, confere imediatamente um ar premium ao equipamento. Aliás, ao deslizar os dedos sobre o equipamento, a sensação é muito agradável, em parte graças ao acabamento em mate, um detalhe fantástico, já que garante que nenhuma dedada fica à vista. Em relação à moldura que rodeia todo o dispositivo, é construída em alumínio e tem uma tonalidade verde metalizada muito subtil, que lhe dá personalidade, mas sem nunca fugir ao espírito minimalista do resto do AiPaper Reader.
A traseira do AiPaper Reader segue esta mesma lógica minimalista: no centro, encontramos apenas o logótipo da ViWoods, em prateado, e discreto o suficiente para quase passar despercebido. Mais abaixo, surge a designação AiPaper Reader em cinzento mais escuro, integrada de forma harmoniosa no painel. Por baixo há ainda um autocolante informativo que pode ser removido sem esforço.
Nas laterais, a organização dos elementos é simples e faz sentido. Do lado esquerdo encontra-se a slot para o cartão SIM 4G – e apenas isso. Não existe slot para microSD, por isso não há possibilidade de expandir o armazenamento por essa via, algo que convém ter em conta dependendo do tipo de utilização que cada um pretenda fazer. Tendo em conta que o AiPaper Reader vem com 128GB de armazenamento interno, diria que há espaço mais do que suficiente para guardar uma biblioteca generosa de livros e ficheiros. Mesmo sem expansão por microSD, dificilmente alguém chega ao limite só com leitura. E, para quem precisar de ir além disso, há sempre a alternativa de recorrer aos serviços de cloud, que acabam por complementar bem o armazenamento local.
Já do lado direito, estão os quatro botões físicos, habilmente pensados de forma a tornar a sua utilização muito intuitiva. São botões fáceis de encontrar sem olhar, bem separados entre si e com um formato que ajuda a distingui-los ao toque. Aliás, esta foi uma das surpresas mais agradáveis do hardware: o feedback é excelente, tanto tátil, como visual. Cada vez que pressiono algum destes botões, o clique é preciso (se bem que um pouco audível) e imediato, o que ajuda tornar a navegação no AiPaper menos stressante.
O primeiro botão da fila é o de Ligar/Desligar, que também ativa ou desativa o modo de Repouso. Destaca-se logo pela cor vermelha, o que ajuda bastante a identificá-lo num instante. Além disso, está ligeiramente afastado dos restantes, tornando-se fácil de localizar ao toque, mesmo quando não estamos a olhar diretamente para o dispositivo. Um detalhe particularmente interessante é que este botão integra também o desbloqueio biométrico, algo que já existe no AiPaper que testei, mas que aqui funciona francamente melhor. A localização ajuda imenso, uma vez que está mesmo onde o dedo pousa naturalmente ao pegar no dispositivo. Sempre que o utilizo, o desbloqueio é imediato e fiável, sem aquelas falhas ocasionais que experiencie anteriormente com o outro dispositivo, o que acaba no dia-a-dia por fazer ainda alguma diferença.
Logo abaixo vêm os dois botões seguintes, que acumulam duas funções: controlar o volume e avançar ou recuar páginas durante a leitura. Como o AiPaper Reader não inclui colunas integradas, o áudio só pode ser usado através de auscultadores ou de uma coluna externa, por isso, na prática, estes botões acabam por ser usados sobretudo para navegar nos livros.
O quarto e último botão é o dedicado à IA, e distingue-se facilmente dos restantes graças aos três pequenos pontos em relevo que lhe dão uma textura rugosa. Essa diferença tátil é útil, porque novamente podemos identificá-lo sem precisar de estar a olhar diretamente. Ainda assim, há aqui um detalhe menos feliz na utilização diária: sempre que pego no AiPaper Reader, dou por mim a carregar acidentalmente neste botão. E, se o modo de repouso não estiver ativo, o dispositivo abre de imediato o chat de IA. Ou seja, quando estou a ler com o AiPaper pousado na mesa e o levanto para continuar, acabo por sair da aplicação em que estou e ir parar ao chat. Não é algo constante, mas aconteceu o suficiente para se tornar um pequeno aborrecimento ao longo do uso.
Já na parte inferior do AiPaper encontra-se a porta USB-C para carregamento, ligeiramente deslocada do centro (um pormenor que reparei, mas que não tem qualquer impacto estético ou funcional), acompanhada de um pequeno LED que indica o estado da bateria, ou seja, vermelho enquanto está a carregar e verde quando fica pronto a usar, e um microfone.
Para proteger o equipamento, o AiPaper Reader vem com uma capa plástica em cinzento-escuro que coloquei mal tirei o dispositivo da caixa e, na verdade, nunca mais a removi. Parte disso deve-se ao facto de eu ser um pouco desastrada e sentir que assim o aparelho fica melhor protegido, sobretudo quando o levo na mala, mas também porque a capa é tão justa que tirá-la é uma pequena odisseia.
Ainda assim, cumpre muito bem o essencial: protege a traseira e as zonas superior e inferior do e-reader, deixando as laterais expostas. Isso acaba por manter a estética elegante do AiPaper Reader, sem esconder a moldura metálica que lhe dá tanta personalidade. O único ponto menos prático é não haver qualquer proteção para o ecrã. Confesso que isso me deixa sempre ligeiramente inquieta quando o guardo junto a outros objectos, mas tenho tido cuidado e, até agora, não tive nenhum problema.
Na zona frontal do AiPaper Reader não há qualquer botão, só mesmo as margens finas que enquadram discretamente aquilo que realmente interessa, o ecrã Carta 1300, a tecnologia E-Ink mais recente, com resolução de 1648×824 e uma densidade de 300 ppi. Apesar de não ser um painel a cores, a reprodução a preto e branco tem um contraste muito bem conseguido, deixando o texto nítido, limpo e visualmente agradável. As letras do texto surgem sempre bem destacadas no ecrã e, apesar de não ser possível não podermos ajustar a tonalidade para luz quente, é possível controlar a intensidade do brilho, o que ajuda bastante a adaptar a leitura a diferentes ambientes, como espaços muito iluminados ou sem luz nenhuma. Para ajudar ainda mais o conforto visual, o tamanho do texto pode ser ajustado entre quatro opções diferentes. Pessoalmente, costumo usar o tamanho grande, sobretudo à noite, já que não há luz mais amarelada disponível e assim fico mais descansada porque que sinto que não estou a forçar demasiado a vista.
Quando o AiPaper Reader fica algum tempo sem uso, entra automaticamente em bloqueio e passa a mostrar o wallpaper pré-definido. Este detalhe é personalizável, permitindo escolher a imagem que mais gostamos (existem umas quantas muito giras para escolher!), e acabei por optar por alinhar com o wallpaper do meu outro AiPaper.
Há, no entanto, um pormenor menos positivo relacionado com o ecrã. Para além da ausência de luz quente, nota-se um pequeno espaçamento entre o painel e as bordas do dispositivo, criando uma moldura ligeiramente acinzentada à volta do ecrã. É um compromisso necessário para permitir a retroiluminação, mas é visível e acaba por chamar a atenção a quem é mais atento a estes detalhes, No entanto, não senti de todo que atrapalhasse a leitura e tem a grande vantagem de permitir ler mesmo sem nenhuma fonte de luz disponível, o que é, no fundo, o essencial para qualquer leitor.

Relativamente a outras especificações, o AiPaper Reader vem equipado com 4GB de RAM, um valor que, quando comparado com alguns concorrentes no mercado, pode parecer mais modesto. Ainda assim, na utilização diária não senti qualquer lentidão. Pelo contrário, a navegação é fluida e responde bem às interacções, mesmo com várias aplicações instaladas.
Já a bateria tem 2580 mAh, um valor que se adequa a este tipo de dispositivo, embora fique novamente um pouco abaixo do que alguns concorrentes oferecem. Com uma utilização diária de cerca de duas a três horas de leitura, consigo facilmente passar uma semana sem o carregar. Ajuda também o facto de que só ligo o Wi-Fi, dados ou Bluetooth quando preciso efetivamente de os usar, o que ajuda ainda mais a conservar a bateria. Naturalmente, se o uso for mais intensivo ou envolver aplicações mais exigentes, a autonomia acaba por diminuir. No meu caso, como uso o e-reader essencialmente para leitura e deixo redes sociais e outras distrações para o telemóvel, a gestão da bateria tem sido bastante equilibrada.
Até porque, lá está, o propósito deste dispositivo é bastante evidente. Não pretende substituir o telemóvel, nem sequer o tablet. A ideia é ter um dispositivo ideal para uma leitura confortável e focada, longe das distrações constantes a que outros dispositivos nos sujeitam. Para quem contava usar o AiPaper Reader para escrita, convém esclarecer que essa não é uma das suas funções. A ideia de escrever num dispositivo destes pode parecer interessante à primeira vista, sobretudo para notas rápidas ou pequenas listas, mas tendo em conta o tamanho reduzido do e-reader, fico com algumas reservas quanto à real utilidade de uma caneta dedicada para este formato.

Falando agora de um dos pontos que mais se destaca, o AiPaper Reader chega já com uma versão adaptada do Android 16, algo de que neste momento poucos dispositivos se podem gabar. Isto garante compatibilidade e suporte para as aplicações atuais, que correm sem grandes entraves no uso diário.
Logo na primeira utilização, foi-me pedido que fizesse uma actualização de sistema e, desde então, a Viwoods tem continuado a disponibilizar updates de forma regular. Tenho-os feito sempre sem problemas, tanto no e-reader como no tablet.
Para isso, basta estar ligado ao Wi-Fi ou, graças à conectividade 4G, fazê-lo praticamente em qualquer lugar. A presença do 4G acaba por ser uma mais-valia clara, já que, desde que tenha dados disponíveis, posso usar o AiPaper Reader sem depender de redes externas, com toda a liberdade que isso implica, como por exemplo, descarregar livros à minha vontade ou qualquer outro tipo de documentos.
Também é bastante interessante poder recorrer ao chat de IA em qualquer lugar e a qualquer momento. Tenho-o usado sobretudo como apoio às minhas leituras, especialmente em textos em inglês, onde acaba por ser uma ajuda prática para esclarecer dúvidas ou contextualizar melhor certos conteúdos. O acesso é simples e rápido, graças ao botão físico dedicado que já falei e que abre imediatamente o chat. A partir daí posso criar várias notas, atribuir-lhes nomes e guardá-las numa área chamada Base de Conhecimento. Este espaço surge logo como um widget no menu inicial do AiPaper Reader e permite regressar facilmente às notas criadas, editá-las ou acrescentar nova informação sempre que preciso.

Na dock inferior encontram-se cinco aplicações que já vêm pré-instaladas de origem: Kindle, Kobo, Libby, The New York Times e Wattpad. Para mim, as mais relevantes acabam por ser o Kindle e o Kobo, até porque são as plataformas com maior expressão em Portugal. Ainda assim, nada disto é fechado. As aplicações podem ser removidas e substituídas por outras à nossa escolha. É possível instalar a Google Play Store, embora o processo não seja propriamente o mais simples. Em contrapartida, vale bem a pena, já que abre a porta à instalação de aplicações que realmente fazem sentido no nosso contexto, como é o caso da BiblioLED, um serviço digital de bibliotecas públicas portuguesas.
Para além destas aplicações, encontramos ainda outras já instaladas de origem, como a própria App Store da ViWoods e o sistema de transferência de ficheiros, o ViTransfer. Este último tem funcionado de forma bastante fluida sempre que preciso de fazer upload ou download de ficheiros entre o computador e o AiPaper Reader e o tablet.
Dentro da aplicação ViWoods Files, temos acesso a diferentes pastas bem organizadas. A pasta Learning reúne documentos e livros destinados à leitura, enquanto a pasta Armazenar concentra os ficheiros descarregados através da página web. Existe ainda uma terceira secção dedicada à Nuvem, que permite iniciar sessão em serviços como Google Drive, OneDrive e Dropbox. Ou seja, opções para transferir conteúdos de e para o AiPaper Reader não faltam.
Logo abaixo surge também um acesso directo à página Learning, facilitando o regresso rápido aos conteúdos de leitura. Para completar o conjunto, vêm ainda pré-instaladas aplicações como o Google Chrome, Telefone e WhatsApp (não esquecer que as chamadas têm sempre de ser feitas com recurso a auscultadores) além do Messenger, InstaPaper, entre outras aplicações que já fazem parte do sistema.
Ainda na página principal existe um pequeno botão flutuante, o Assistive Touch, que neste caso serve para tirar capturas de ecrã. Como não é uma funcionalidade que uso com frequência e acaba por estar sempre visível enquanto navego no e-reader (incluindo durante a leitura), optei por desativá-lo nas configurações. É também nas configurações que posso alterar e personalizar várias coisas, como o wallpaper, o tamanho da letra, a palavra passe e dados biométricos, aceder à Wi-fi e criar um Hotspot pessoal ou procurar atualizações. Também é aqui que ativamos os serviços da Google para então podermos ter acesso à Google Play Store e instalá-la.
Há ainda um menu de acesso rápido a estas funções, disponível ao deslizar o dedo de cima para baixo na zona superior do ecrã. A partir daí, é possível ativar opções como o modo de remoção de fantasmas, entre outras definições úteis, sem necessidade de entrar nos menus principais que estão nas configurações. Na utilização diária, notei que o AiPaper Reader apresenta algum ghosting ocasional, algo relativamente comum em ecrãs e-ink. Para contornar isso, a “resolução automática de fantasmas” permite escolher entre quatro modos diferentes, adaptando o comportamento do ecrã ao tipo de aplicação em uso. Por exemplo, para navegação pelos menus ou quando é necessário fazer scrolling, o modo de atualização rápida revela-se o mais indicado, deixando tudo mais ágil. Já para leitura, opto sempre pelo modo de melhor exibição, que faz um excelente trabalho a manter os vestígios de imagens anteriores longe do texto.

E é mesmo na leitura que o AiPaper Reader me conquistou de vez: a experiência é confortável, fluida e pensada para longas sessões sem esforço. O AiPaper Reader funciona muito bem para leitura de livros e também para acompanhar notícias, onde o formato compacto e o ecrã e-ink fazem todo o sentido. Já no caso das bandas desenhadas, a experiência não é tão interessante. O ecrã é mais reduzido e, sendo a preto e branco, acaba por não ser a melhor escolha para quem procura um e-reader essencialmente para esse tipo de conteúdo.
Mas para quem lê sobretudo texto, a qualidade da imagem é excelente. O contraste é ótimo, a nitidez do texto nunca me cansou os olhos e, já agora, a leveza do aparelho também faz com que a mão não se canse, mesmo após longos períodos de leitura. Gosto particularmente da possibilidade de avançar ou recuar páginas através dos botões laterais, algo que uso constantemente e que torna a navegação muito mais prática.
Durante a leitura, é ainda possível sublinhar texto, surgindo de imediato várias opções. Entre elas destaca-se o acesso rápido à IA, que permite obter traduções ou esclarecer o significado de palavras e expressões em várias línguas, como inglês, espanhol, francês, italiano e, claro, português. É uma ajuda muito útil, sobretudo em leituras noutras línguas.

No final de contas, o AiPaper Reader acabou por conquistar um lugar muito próprio na minha rotina. Não tenta substituir o telemóvel, e é precisamente isso que o torna especial. É um dispositivo pensado para ler, pura e simplesmente, e fá-lo muito bem. O seu ecrã e-ink nítido, o peso reduzido e os botões físicos tornam a leitura confortável, contínua e sem esforço.
A integração do Android, do 4G e das ferramentas de IA acrescenta utilidade sem roubar protagonismo ao ato de ler, funcionando mais como apoio do que como distração. Claro que existem compromissos, como a ausência de luz quente ou de escrita com caneta, mas nunca senti que isso prejudicasse aquilo que realmente importa, a leitura.
Para leitores assíduos que valorizam portabilidade, conforto visual e foco, o AiPaper Reader cumpre exatamente aquilo a que se propõe e é o meu fiel companheiro do dia-a-dia para as minhas leituras dentro e fora de casa. E por menos de 300€, é mesmo daqueles aparelhos essenciais para fãs de leitura.

Este produto foi cedido para análise pela Viwoods
