Independente daquilo que o Governo decidir, a ideia é mesmo avançar com este projeto.
Lisboa, Alcochete, Montijo, Beja, Santarém, Alverca, Tancos… Muitas são as localizações apontadas para um futuro aeroporto de passageiros a funcionar em Portugal, mas a indefinição por esta altura ainda é total. E pelos vistos, só mesmo no final de 2023, isto sem contar com possíveis atrasos, é que teremos noção de onde o futuro aeroporto será instalado.
Em entrevista à TVI/CNN Portugal no passado dia 12 de setembro, o primeiro-ministro António Costareferiu estar muito perto de ter um entendimento com o PSD sobre “a metodologia” a seguir para a localização do novo aeroporto, uma vez que o diálogo com o líder do PSD, Luís Montenegro, tem decorrido “de forma serena”.
Basicamente, o primeiro-ministro e o líder da oposição irão definir as alternativas às quais devem ser feitas uma avaliação ambiental estratégica. “E depois da avaliação ambiental estratégica concluída se tomará uma decisão final”, vincou António Costa, durante a entrevista.
Na verdade, uma das opções que começa a ganhar força, pelo menos no que toca a apoiantes, é a construção de um novo aeroporto na zona de Santarém. Aliás, Luís Montenegro disse recentemente que a localização em Santarém “deve, pelo menos, ser ponderada”.
Já nos últimos tempos, o presidente da Câmara de Leiria disse ver com bons olhos um aeroporto a norte do Tejo e mais perto da sua cidade, um sentimento partilhado também pelo presidente da Associação Empresarial da Região de Leiria – Nerlei.
Este projeto, recorde-se, está a ser promovido por investidores privados, feito de capital nacional e estrangeiro, e há um grande grupo português inserido neste projeto, neste caso o Grupo Barraqueiro.
De acordo com o Público, tudo terá começado quando, por curiosidade, um grupo de cinco pessoas começou a estudar uma localização para o aeroporto de Lisboa. Este grupo acabou por “descobrir” Santarém e apresentou essa ideia ao grupo Barraqueiro. Por sua vez, o grupo privado pagou a várias consultoras estrangeiras para elaborarem uma série de estudos sobre este possível aeroporto, que decorrem com algum secretismo durante três anos. E assim começaram a ser divulgados publicamente alguns dos detalhes deste projeto, que quer um aeroporto algures entre a estação da Mato Miranda, na linha do Norte, e a estação de serviço da BP, na A1.
Há dois cenários em cima da mesa: uma “infra-estrutura aeroportuária regional privada para servir a região centro” e o tão falado novo aeroporto de Lisboa.
E mesmo com o aeroporto de Alcochete, o de Santarém pode surgir na mesma
Se se optar pela versão de aeroporto regional, prevê-se um investimento de mil milhões de euros com uma pista de 3300 metros e capacidade para receber 10 milhões de passageiros por ano. Se a hipótese escolhida for de um novo aeroporto para dar vazão ao de Lisboa, então aí este projeto considera até três pistas paralelas (há espaço na lezíria para isso), o que permitirá receber 100 milhões de passageiros por ano – o que parece uma brutalidade para um país como Portugal. E neste caso, também o investimento é muito superior: algo na ordem dos 4,5 mil milhões de euros.
O Grupo Barraqueiro está convencido que, se se optar pela versão de aeroporto regional, então a infraestrutura estará pronta num prazo entre três a seis anos.
Para o grupo, esta localização adequa-se perfeitamente graças à facilidade das acessibilidades, que podem eventualmente ser resolvidas com um simples acesso rodoviário à A1 e a construção de um ramal ferroviário de três quilómetros à linha do Norte. A partir daí, era fácil realizar-se um serviço que levasse os passageiros de Santarém até Lisboa, ainda que, com um novo aeroporto na zona centro, tal poderia traduzir-se num aumento brutal de turistas.
De acordo com os estudos efetuados, valerá a pena reconsiderar o projeto de comboios de alta velocidade caso o Governo decide optar por esta solução para o novo aeroporto de Lisboa.
O mais curioso, de acordo com o Público, é que a Barraqueiro estará disposta a avançar com este aeroporto, mesmo que o Governo se dedica pelo aeroporto de Lisboa em Alcochete. E sim, tal é possível.
Do ponto de vista legal, a concessão do Aeroporto Humberto Delgado à francesa Vinci inclui um raio de 75 quilómetros em torno do qual não pode haver concorrência. Esta solução fica a 80 quilómetros, e o próprio Governo não deverá poder proibir este investimento.
Uma coisa é certa: a ideia passa mesmo por avançar com este projeto independentemente da decisão sobre o novo aeroporto de Lisboa.