O MACAM inaugura esta semana o àCapela, um novo palco intimista em Lisboa, dedicado à música ao vivo, fado, jazz, DJ sets e artes performativas.
O antigo espaço de culto do Palácio dos Condes da Ribeira Grande, em Lisboa, renasce agora como àCapela, uma nova valência do MACAM – Museu de Arte Contemporânea Armando Martins, dedicada às artes performativas e à música ao vivo. A abertura oficial acontece a 19 de junho, marcando o início de uma programação que visa diversificar a oferta cultural do museu.
O àCapela foi concebido como um espaço de proximidade entre artistas e público, num ambiente descontraído que contrasta com os formatos convencionais dos grandes palcos. A proposta passa por criar uma atmosfera intimista, onde o improviso e a autenticidade são valorizados. A programação, com curadoria da produtora Bands and Brands, será anunciada de forma progressiva e incluirá concertos, música ambiente e DJ sets, com foco na diversidade estética e artística. Estão previstos espetáculos de géneros como o fado, jazz, MPB, música clássica e sonoridades do mundo, a par de sets de DJs nacionais e internacionais aos sábados.
O novo espaço mantém a arquitetura e o simbolismo da antiga capela, funcionando agora como café-concerto, com serviço de bar e uma ementa de finger food. Um dos elementos centrais é a instalação Trinity, do artista espanhol Carlos Aires, criada especificamente para este local, e que estabelece um diálogo entre memória, arquitetura e expressão artística. A obra foi anteriormente apresentada em ocasiões especiais, como o Dia Internacional dos Museus.
A inauguração do àCapela insere-se na estratégia do MACAM de alargar o seu campo de atuação para além das artes visuais, aproximando-se de uma lógica interdisciplinar. Com esta nova valência, o museu reforça o seu papel como plataforma cultural dinâmica e aberta à experimentação artística.
Inaugurado em março deste ano, o MACAM resulta da transformação do Palácio dos Condes da Ribeira Grande num espaço dedicado à arte contemporânea, articulando um museu e uma unidade hoteleira de cinco estrelas. Com cerca de 13.000 m2 de área total, dos quais 2.000 são destinados a exposições, o edifício foi alvo de uma intervenção profunda, liderada pelo atelier MetroUrbe, que procurou preservar os elementos históricos do palácio, ao mesmo tempo que integrou uma nova ala contemporânea.
A fachada desta extensão moderna foi distinguida nos Surface Design Awards de 2024, em Londres, e integra uma composição em azulejo tridimensional da artista Maria Ana Vasco Costa. O projeto nasceu da vontade de Armando Martins, colecionador português, em partilhar a sua coleção privada, composta por mais de 600 obras de arte. O museu apresenta exposições permanentes e temporárias, incluindo obras de artistas como Paula Rego, Vieira da Silva, Helena Almeida, Olafur Eliasson e Marina Abramović.
Entre os projetos expositivos em curso, destaca-se O Antropoceno: em busca de um novo humano?, uma reflexão sobre o impacto da atividade humana no planeta, e Guerra: Realidade, Mito e Ficção, que interroga as narrativas sobre o conflito e a sua representação. Há ainda espaço para projetos experimentais, como MURMUR, que convida artistas emergentes a intervir no grande hall da ala contemporânea.
O MACAM Hotel, em regime de soft opening desde junho, oferece 64 quartos decorados com obras da coleção do museu. Entre os espaços emblemáticos do hotel, destaca-se a biblioteca Sala D. João da Câmara, em homenagem ao escritor que ali viveu e foi nomeado para o Nobel da Literatura. A oferta gastronómica está representada pelo MACAM Café e pelo Restaurante Contemporâneo – Food & Wine, onde se propõe uma leitura contemporânea da culinária portuguesa.
Com o àCapela, o MACAM assume-se como um pólo cultural multifacetado, onde o património histórico se cruza com a criação artística contemporânea em múltiplas expressões.