A tecnologia financeira, ou FinTech, está a acelerar os efeitos positivos no setor financeiro. A Samsung anunciou a 4 de março que vai lançar um cartão de crédito com um leitor de impressão digital integrado. Quais serão as próximas inovações em 2021?
A tecnologia e o sector financeiro estão cada vez mais conectados. O que hoje se chama FinTech (junção das palavras em inglês financial technology) nasceu dessa ligação que, atualmente, já está implementada na maioria da atividade financeira. A maioria dos bancos já tem aplicações móveis que permitem verificar o extrato bancário e realizar pagamentos através do tablet ou smartphone e até já é possível pedir um crédito 100% online sem sair de casa, tudo isto através de plataformas digitais.
Para além da facilidade no acesso a estes serviços, o boom tecnológico sentido nos últimos anos provocou uma drástica mudança nos sistemas financeiros no que diz respeito a segurança. Com a chegada de novas interações remotas, este ponto tem preocupado as instituições financeiras que agora procuram soluções biométricas – tais como o uso da impressão digital – para assegurar a identidade dos clientes sempre que fazem uma transação.
O que antes se pensava estar a ficar obsoleto poderá ganhar uma nova vida. É que esta inovação poderá trazer uma nova relevância aos cartões de crédito, dado que o uso da impressão digital para efetuar pagamentos através do Apple Pay ou Google Pay no computador ou telemóvel tem vindo a crescer. O mesmo acontece com os pagamentos contacless que, de acordo com os dados da Barclaycard, representaram 88,6% de todos os pagamentos por cartão em 2020. Algo que ajudou a chegar a esses números centra-se na pandemia da Covid-19 e nas medidas para conter a mesma.
No entanto, estes pagamentos têm limites de pagamento. Através de um sensor de impressão digital nos cartões, existirá um fator extra de autenticação, provando a veracidade do pagamento da mesma forma que uma pessoa realiza um pagamento por Apple Pay.
Em parceria com a Mastercard, a Samsung já está a trabalhar num cartão com um destes sensores. O anúncio foi feito a 4 de março e o projeto ainda aparenta estar na sua fase inicial. Segundo as fontes oficiais das empresas, o objetivo será reforçar a segurança nos pagamentos e evitar que a pessoa tenha de interagir com as teclas do terminal de pagamento, o que é realmente importante no contexto pandémico que vivemos. Assim, as empresas “pretendem oferecer experiências de pagamento mais rápidas e seguras” e salientam como a autenticação biométrica “permite interações mais seguras com pontos de contacto físico reduzidos”.
A Samsung vai testar o uso destes cartões biométricos na Coreia do Sul no final deste ano. Porém, ainda não é definitivo que estes cartões estejam disponíveis noutros mercados.
Outras inovações em crescimento
Como já se consegue verificar, os meios digitais têm a sua presença mais marcada. Para além de apps móveis, os bancos oferecem a possibilidade de os seus clientes conseguirem aceder a todos os seus dados, transações, transferências e operações bancárias através de plataformas de homebanking no computador. Visto que a pandemia confinou as pessoas nas suas casas, a tendência será melhorar os acessos de segurança neste setor. A proximidade com estas plataformas estabilizou a confiança neste tipo de serviço, o que significará uma menor adesão a serviços presenciais. Além disso, poderemos contar com cada vez mais bancos 100% digitais, como é o caso do Revolut ou o N26, em que nunca será necessária uma deslocação a um balcão.
Claro que isto ajuda na prevenção do contágio da Covid-19. A atual pandemia mundial mudou a forma como as pessoas contactam com os serviços financeiros, mas também alterou as suas práticas de poupança. Existe uma maior preocupação com a gestão do orçamento mensal por parte das famílias, o que permitiu um crescimento no desenvolvimento das apps financeiras que melhoram a literacia financeira dos utilizadores. Estas aplicações móveis ajudam as pessoas a cuidar das suas finanças e a criarem métodos de poupança.
Outra área que aumentará a sua atuação é a de tecnologia blockchain, que assegura uma maior proteção através da descentralização das redes de comunicação. Ou seja, não existe o envolvimento de entidades governamentais nem de outra natureza. Estudos do Business Insider Intelligence reportam que cerca de 48% dos representantes das grandes empresas bancárias acreditam que a tecnologia blockchain melhora a segurança das transações bancárias.
Também se pode esperar um aumento nas tecnologias de ativação por voz no setor financeiro. Assistentes de voz como a Siri (Apple) ou a Alexa (Amazon) já provaram que conseguem oferecer uma ótima user experience quando questionadas. De momento, já é possível programar pagamentos recorrentes, tirar dúvidas na área financeira e direcionar os clientes para certas moradas. Por isso, poderá ser uma questão de tempo até conseguirem realizar mais tarefas como autorizar pagamentos. Mesmo assim, será um desafio, já que novas medidas de segurança terão de ser criadas.
O que sabemos com toda a certeza é que 2021 será um ano marcado pelo desenvolvimento do FinTech nos serviços financeiros e pela automatização das suas plataformas. Os métodos de pagamento estarão mais adaptados a um mundo onde os contactos são reduzidos e a tendência será sempre aumentar as opções de pagamento sem o recurso a dinheiro físico.