Lewis Hamilton tornou-se campeão do mundo pela 7ª vez ao conquistar um Grande Prémio da Turquia com muita água e um pódio improvável. Para além de Sergio Peréz em 2º lugar, Sebastian Vettel voltou aos pódios na sua última época de vermelho.
Texto por: André Santos
Depois de um sábado onde as condições do asfalto, lado a lado com a forte chuva, levaram a uma qualificação estranha que acabou com dois Racing Point nos três primeiros lugares da grelha de partida, inclusive com Lance Stroll a conseguir a Pole, estávamos mais que prontos para uma corrida cheia de emoção… nem que fosse para os fãs de Lewis Hamilton, já que ao britânico bastava conquistar mais oito pontos que o seu colega de equipa, Valtteri Bottas, para se tornar campeão do mundo pela 7ª vez.
Tudo a postos e lights out! Max Verstappen, em P2, até partiu do lado mais seco de uma pista bastante molhada, mas não conseguiu ter o melhor arranque da sua vida e lá perdeu algumas posições, acabando por não ser adversário para os Racing Point, que depressa se destacaram no início da corrida. Bottas, que precisava de uma excelente corrida para conseguir continuar na luta, não partiu da melhor forma, tendo mesmo acabado por perder o controlo do carro para evitar bater em Estaban Ocon, que, por sua vez, andava às voltas nas primeiras curvas. As coisas começavam a ficar difíceis para o finlandês…
Do outro lado, e mais atrás, pois está claro, quem teve um arranque perto da perfeição (e uns toques de sorte) foi, o agora mal-amado, piloto da Scuderia Ferrari, Sebastian Vettel. O alemão, que volta assim ao circuito onde se estreou na Fórmula 1, passou de P11 para P3 durante a primeira volta, agora apenas atrás de Lance Stroll e Sergio Pérez, mas pressionado pelo Red Bull de Max Verstappen, que seguia agora em P4.
Enquanto o holandês da Red Bull pressionava Seb, os Racing Point continuavam a afastar-se, e o Ferrari ia agora a seis segundos da P2 e a 11 segundos do lugar mais alto do pódio… tudo parecia correr perto da perfeição para os dois carros cor-de-rosa na grid.
Ainda não se tinham corrido 10 voltas e, com a pista a secar, já grande parte das equipas pediam aos seus pilotos para parar e meter intermédios. Uns antes, outros depois, mas todos foram parando para trocar de composto. Paragens feitas e a batalha mais interessante era pelo quarto lugar, com Vettel a tentar segurar enquanto era pressionado por Lewis Hamilton e Albon. No entanto, e um Virtual Safety Car depois, é Hamilton quem perde controlo do carro por breves momentos, sendo passado por Albon, que aproveita e passa também o Ferrari, ficando, assim, em P4. Ui, começava a ser complicado acompanhar todas as trocas de posição.
Para tudo! É isso mesmo, Max Versttapen, cansado de ir atrás de Sergio Pérez, tenta passar o mexicano na curva 11, mas o spray do Racing Point e o alagar de trajetória fizeram com que o Leão Holandês perdesse o controlo do carro e, em vez de subir para P2, acaba por cair para P8, até porque teve que ir às boxes depois de um furo no pneu frontal direito. Com tudo isto já íamos a meio da corrida, Hamilton estava em P5 e o seu companheiro de equipa num modesto P17, o que fazia com que aquele 7º título estivesse cada vez mais perto.
Com DRS ativo e os pneus intermédios a começarem a aquecer em demasia, está na hora de tomar decisões. A pista não está seca o suficiente para slicks, por isso, há que trocar os intermédios para um conjunto em melhores condições… e todos param. Todos menos Hamilton e Pérez, P1 e P2 neste momento, com Lance Stroll, outrora herói para a Racing Point, agora renegado para P4 e com tendência a descer. É isso, já está em P8.
Estamos perto do fim e Bottas continua a entreter quem vê o Grande Prémio da Turquia com os seus piões à saída da curva 1. Bandeiras azuis, chegou aquela altura que nenhum piloto quer, muito menos com um Mercedes nas mãos: está na hora de Valtteri Bottas deixar passar o seu colega de equipa que, depois de uma qualificação nada positiva, está em P1 e prestes a ser campeão do mundo (outra vez).
No entanto, a batalha era de Mercedes contra Mercedes e a tarefa de dar uma volta de avanço não estava fácil, até que Bottas, na curva 1, perde velocidade e, após sair dos limites da pista, acaba por encostar ao lado de dentro da curva 2. Lewis Hamilton, em vez de alargar a curva e passar o colega de equipa, acaba por ficar atrás do carro 77 a reclamar, tal e qual um condutor de domingo na 2ª circular.
Faltam cinco voltas. Hamilton ainda não parou uma segunda vez, Pérez também não, e as previsões de chuva para a última volta estão presentes. Se chove, os pneus dos dois carros da frente não vão aguentar.
Última volta, ainda não chove. Os McLaren voam, mas apenas para P5 e P10 – Lando Norris, em P10, até conseguiu a volta mais rápida com 1:36.806. Stroll, que liderou, está em P9. Hamilton termina e é campeão do mundo pela 7ª vez, mas calma que ainda há emoção para relatar.
30 segundos atrás de Hamilton seguem colados Pérez, Charles Leclerc e Vettel… quem é que vai ganhar a batalha pelos últimos dois lugares do pódio? Última reta, antes das últimas curvas, e Leclerc tenta passar Pérez para conseguir o segundo lugar. Conseguiu! Mas… mas… lock na abordagem à curva e não quero acreditar! Pérez consegue manter o segundo lugar, por pouco, e sim, há um Ferrari em P3… é verdade! Mas não, não é o Ferrari de Leclerc. É, sim, o Ferrari de Sebastian Vettel, que volta a subir ao pódio tanto tempo depois, e logo no circuito que o viu começar em 2006 como terceiro piloto da BMW Sauber. Parabéns Seb.
Ah sim, parabéns Hamilton! Já são 7.