Dramas a bordo.
Já fica um pouco cliché falar de séries espanholas e da sua popularidade. Mas muito graças à Netflix e outras plataformas, como a HBO Portugal, esses projetos passaram a fazer parte do nosso dia-a-dia quase tanto como as produções americanas.
Se juntar a qualidade reconhecida das produções espanholas ao selo de qualidade da Netflix, espero sempre que o resultado seja positivo. A terceira temporada de Alta Mar estreia esta semana na Netflix e é mais uma das suas séries originais espanholas.
Hoje venho-vos falar dela, que até pode passar algo despercebida no catálogo do serviço de streaming, visto que tem muita pouca promoção.
O navio Bárbaro de Bragança volta ao mar alto e, durante a sua travessia, vemos um novo mistério que terá de ser resolvido pelas irmãs Villanueva. No barco vemos, ainda, um cientista perigoso que tem na sua posse um vírus letal. Tudo isto acontece no trailer e é basicamente isso que se passa no primeiro episódio da mais recente temporada de Alta Mar.
Uma nova aventura no mar parece arriscada, mas pode funcionar
Ainda que não seja a minha série preferida ou entre sequer nas minhas produções espanholas preferidas, Alta Mar guarda um lugar especial neste mundo. Não é espetacular, mas também não é horrível. Longe Disso. É uma série que cumpre o que promete, ou seja, entretém o espetador sem que seja demasiado complexa. É uma boa opção para passar o tempo.
Depois de duas temporadas onde conhecemos as personagens, com histórias de amor e desamor e reviravoltas, Alta Mar regressa com uma premissa parecida, mas diferente. Ao Invés de um passageiro mistério que vai desencadear uma série de eventos, temos um vírus que promete fazer os seus estragos. Um pouco irónico, não?
Dois episódios não foram suficientes para avaliar esta trama no seu pleno, mas, tendo em conta o que vi, não sei se estou totalmente convencido. Ainda que as temporadas anteriores não sejam as mais brilhantes, tinham o elemento de novidade e de crime no barco que esta parece não apresentar.
Foi uma jogada de risco por parte dos guionistas e produtores, esta de voltar a uma travessia marítima, desta vez da Argentina até ao Brasil, pegando em algumas das personagens principais das temporadas anteriores e juntando novas personagens. Não me convenceram totalmente, mas há uma exceção.
No segundo episódio, Carmen, uma das novas personagens, revela um segredo que é capaz de ser o mais interessante desta temporada e que parece que é o caminho que os guionistas vão seguir. É caso para esperar e ver.
Espião português e possível crossover com Gran Hotel
Nesta temporada, que muda um pouco a história de Alta Mar, há aspetos interessantes e que são, sem dúvida, um ponto positivo. Apesar de não ser interpretado por um ator português, mas sim por um brasileiro, o espião português é a personagem mais interessante desta nova leva de episódios. Um português a trabalhar para os serviços secretos britânicos faz-me lembrar a história de A Espia na RTP. Isso agrada-me. O ator consegue interpretar muito bem o papel de Fabio e o sotaque está muito bem conseguido.
Fabio parece um simples agente dos serviços secretos, mas acho que esconde muito mais segredos do que aqueles que revela nestes dois episódios. A sua relação com Eva também tem “pernas para andar” e vai dar espaço ao trio amoroso desta temporada.
Além disso, há um possível crossover com Gran Hotel, outra série espanhola produzida pela Bambú. Não foi confirmado oficialmente, mas o nome é o mesmo. O detetive Ayala, uma das personagens principais de Gran Hotel, aparece interpretado pelo mesmo ator e com o mesmo nome.
No entanto, aqui é mencionado como doutor e não com detetive. Além disso, há também uma diferença grande em termos temporais. Alta Mar passa-se quase 40 anos depois do fecho de Gran Hotel. Coincidência ou propositado? Não se sabe bem.
A terceira temporada arrisca com uma nova trama e com novas personagens. O potencial está lá, falta saber se Alta Mar, da Netflix, consegue chegar ao que se propõe.