O lançamento do PlayLink para a PlayStation 4 surge com um catálogo de peso para um leque de jogadores muito grande.
Para jogadores mais adultos que gostam de experiências mais cinematográficas e com foco na narrativa, Hidden Agenda é a solução.
Tirando partido das capacidades do sistema PlayLink, que permite a utilização do dispositivo mais íntimo que existe (o nosso smartphone), é possível jogar a solo, ou com até quatro amigos, num jogo que pode fazer mais inimigos do que o UNO.
Aquela conversa de que “as tuas decisões definem a história”, aqui, é real. Uma má decisão ou um confronto de ideias entre os utilizadores pode levar-nos ao Game Over sem darmos por isso. Algo que podia ser frustrante numa primeira impressão, acaba por ser uma experiência única, levando os jogadores a repetirem sessões e a fazerem escolhas diferentes ao longo do jogo.
Hidden Agenda conta a história de uma polícia, uma detetive e um suspeito no corredor da morte. A trama acontece durante a contagem decrescente da execução do suspeito, enquanto estranhos crimes continuam a ocorrer, e as nossas personagens procuram saber a extensão destes crimes e o grau de culpa do suspeito.
O lançamento do jogo coloca-nos numa história muito semelhante ao que encontramos em séries de crime na FOX e no AXN, mas rapidamente transforma-se numa aventura doentia e psicótica como o primeiro SAW. E é aqui que tudo se torna emocionante.
O jogo divide-se entre diálogos, pequenas ações e procura de pistas. Durante os diálogos, podemos decidir algumas falas e ações da protagonista que estamos a controlar. Aqui tem que haver consenso dos jogadores, que, ou decidem o que escolher ou jogam um trunfo para ganhar controlo da situação.
Em conversas poderá ter implicações futuras, mas nas ações rápidas é necessário que alguém tome controlo, ou o jogo muda drasticamente, causando frustração por parte dos jogadores. Mas frustração da boa.
Existem também momentos que necessitam dos reflexos dos jogadores. Estes ocorrem normalmente em cenas de ação, e, quem cumprir o objetivo mais rápido, ganha um dos trunfos.
Por fim, temos a procura de pistas, em que os jogadores usam os smartphones como rato e passam o ecrã a pente fino durante algum tempo. Encontrar as pistas necessárias pode ser muito importante para conversas e situações futuras.
Hidden Agenda tem ainda modos de competição, em que ganha aquele que for mais rápido a fazer as escolhas. Contudo, é no modo tradicional de história que está a magia deste jogo.
Entre os vários episódios, em que o jogo nos diz para irmos beber qualquer coisa ou ir ao WC, e checkpoints, o jogo coloca-nos também questões íntimas sobre o que achamos dos nossos parceiros de jogo. “Quem é o mais astuto?”,“Quem é o mais forreta?” ou “Quem é o mais emocional?” são perguntas que, democraticamente, nomeiam quem é que vai ter o fardo de escolher algumas decisões.
Visualmente, Hidden Agenda é bastante bonito. Há algumas inconsistências na fluidez do jogo: umas vezes corre aos esticões, outras com a fluidez de uma telenovela. É estranho e pode incomodar os jogadores mais sensíveis, mas não é nada que afete gravemente a experiência geral.
As personagens são extremamente realistas e ganham uma nova dimensão graças às vozes e à edição de som. Apesar de sabermos de antemão que estamos a ver bonecos computorizados, sentimos a humanidade das personagens sem que isso se torne desconcertante.
A história, mesmo não sendo nada de extraordinária, é interessante pelo modo como pode transformar-se e pelo tratamento que lhe foi dado para este meio interativo. Não há aqui nada de ficção científica, fantasia, monstros e aliens. É uma história de crime, com peso humano, e que brinca com as nossas consciências no momento de tomar decisões.
Seja a solo ou com amigos, Hidden Agenda é uma surpresa, e, provavelmente, das melhores aplicações desta nova forma de jogar na PlayStation 4.
Hidden Agenda faz parte do catálogo PlayLink para a PS4 e está disponível por 19.99€.
Hidden Agenda
Nota: 7/10
O jogo foi cedido para análise pela PlayStation Portugal.