A PlayStation começa a aquecer os motores para a chegada da sua próxima grande aposta, Days Gone. O jogo de ação em mundo aberto foi produzido pela Bend Studio, a produtora norte-americana responsável por jogos conhecidos pelos fãs da PlayStation como Syphon Filter e as versões portáteis deResistancee Uncharted.
No passado dia 25 de fevereiro, o Echo Boomer, a convite da PlayStation Portugal, teve a oportunidade de não só experimentar este novo jogo, mas também trocar algumas palavras com um dos criadores de Days Gone, Emmanuel Roth, Senior Staff Animator na Bend Studio.
O estúdio localizado no estado de Óregon, nos Estados Unidos, olha para o seu quintal para dar vida ao estado fictício de Farewell, o mundo verde e azul de Days Gone, que se deixa pintar de tons de cinza e castanho ao ser o palco para um ambiente pós-apocalíptico.
Na demonstração, pudemos controlar Deacon St. John numa mini jornada de uma hora que começou com o início do jogo. Durante este tempo, foi possível conhecer algumas personagens, situarmo-nos nos eventos de Days Gone, interagir com algumas mecânicas e, obviamente, saber como se comporta.
Começando pelo óbvio, Days Gone é mais um extraordinário exemplo das capacidades gráficas da consola nipónica. Este é um dos poucos jogos internos criados para a PlayStation 4 com o motor de jogo da Epic Games, o Unreal Engine (Fortnite, Gears of War, Hellblade), aqui usado com grande otimização para a criação de visuais fotorealistas e imersivos.
Difícil de se colocar ao lado de outros grandes jogos da PlayStation 4 em nível de detalhe, Days Gone apresentou-se com uma solidez capaz de invejar alguns jogos lançados atualmente. As cinemáticas são bem dirigidas, as animações das personagens são realistas e, mais uma vez, contamos com um excelente trabalho de animação facial nas personagens, tanto nas cinemáticas como em jogo. A diferença entre cinemáticas e jogo é quase nula, tornando a experiência fluída, sem destoar no registo sujo e usado deste mundo decadente.
Na demonstração, viajámos entre florestas densas, ruínas ou túneis com carros abandonados, tudo com uma atmosfera consistente e diversa, com imensos elementos que incentivam a exploração e interação.
É na jogabilidade que Days Gone parece jogar pelo seguro, e por boas razões. Days Gone é um jogo de ação em mundo aberto na terceira pessoa. Esta foi a designação que Emmanuel Roth usou quando questionado sobre o género de jogo. Inspirado noutros jogos de mundo aberto, Days Gone lembra mcanicamente titulos como Horizon: Zero DawnouMetal Gear Solid, mas sem os seus elementos futuristas.
É um jogo na terceira pessoa, com recurso a armas de fogo e de arremesso, com funcionalidades de crafting através da procura e armazenamento de materiais espalhados pelo mundo, e que conta com um sistema de progressão de personagem dependendo da forma como queremos jogar, se de forma mais ofensiva ou furtiva.
Este template é familiar e, nesta altura, é quase o ADN dos jogos da Sony, algo que torna bastante acessível a qualquer jogador pegar no comando e lançar-se à aventura sem ter que ir aos menus, ler manuais ou ver tutoriais.
Esta familiaridade se fica-se por aqui, até porque o que a Bend Studio fez aqui foi dar o seu próprio cunho à jogabilidade, nomeadamente tornar a experiência mais imersiva através do realismo no controlo da personagem.
Controlar Deacon é simples, mas sente-se um certo peso nas suas animações, que reagem de acordo com as suas ações escolhidas, de forma dinâmica e variada. Este foi um dos desafios mais interessantes da equipa de animação, como explicou Emmanuel Roth, dizendo que “durante o desenvolvimento do jogo queríamos que a personagem mostrasse este peso para acentuar o sentimento de brutalidade e de perigo“.
Perigo é outra palavra chave em Days Gone. Numa primeira impressão, Days Gone parece ser só mais um jogo de zombies, mas é muito mais do que isso. Segundo Emmanuel Roth, neste jogo não há zombies, mas sim “freakers”, que se distinguem do que é popularmente conhecido por estas criaturas nunca terem sucumbido à morte, mas por se tornarem infetadas. Segundo o produtor, “são criaturas vivas que respiram. De dia descansam e, de noite, saem à rua para procurar comida.”
Uma das grandes novidades de Days Gone está no comportamento destas criaturas, especialmente quando estão em grupo, não de dezenas, mas de centenas de “freakers” no ecrã. Estes aglomerados prometem alterar as regras do jogo e causar alguma ansiedade ao jogador, principalmente pelo perigo acrescido quando se comete um erro ou tenta confrontar o inimigo de frente.
Segundo Roth, uma vez em frente a estes grupos, o melhor é fugir. “Podemos pensar em subir por aqui ou acolá para fugir ao perigo, mas nem sempre resulta, os freakers vão-te seguir e tentar flaquear dinamicamente,” como um fluido que reage com objetos.
Este tipo de comportamentos lembra os grupos de criaturas como já vimos em filmes como World War Z, uma influência que a equipa da Bend Studio não esconde, tal como o seu carinho por The Walking Dead. Como é que pretendem afastar-se destes mundos? Com uma história totalmente original que aposta na jornada íntima e emocional das suas personagens.
Em Days Gone, há algo maior do que a vida a acontecer nos bastidores da sua história, mas é na aventura e na jornada de Deacon que vamos explorar este mundo e acompanhar, de tangente, esses eventos. Na demonstração, pudemos conhecer Deacon, a sua mulher Sarah e Boozer, que faz parte do mesmo gang de motoqueiros do nosso herói.
É na pele de Deacon, um sujeito que não é assim tão boa pessoa como aparenta, que vamos viajar pelas florestas de Farwell e tomar algumas decisões difíceis que colocam em causa a sua segurança e a dos seus. É através de Deacon que vamos ser colocados à prova no meio do perigo constante, do físico e do emocional, e, pela demonstração, o jogo promete.
Finalmente, temos a forma como o mundo pode transformar a nossa experiência de jogo em Days Gone. Para além do tradicional ciclo dia-noite deste tipo de jogos, Days Gone vai contar com estações do ano, que alteram com o decorrer da história. Enquanto mundo aberto, vamos contar com diferentes atividades e missões secundárias que podem ser concluídas de forma não linear e liberta, o que significa que dois jogadores podem fazer as mesmas missões em condições completamente diferentes. De dia temos a ameaça humana, de noite a dos freakers. Já no inverno, a chuva e a lama põem em causa a nossa mobilidade de mota e acordam outras ameaças.
O que experimentámos em Days Gone serviu para aguçar o apetite para um jogo que aparenta ser especial. Apesar dos seus elementos fictícios, promete ser um jogo feito com alma e coração para os fãs do género.
Cheio de influências e referências, Days Gone tem ingredientes suficientes para se destacar dos demais graças ao seu lado mais realista e emocional. Mas para termos a certeza se estamos perante mais uma killer app para a PlayStation 4, teremos que esperar até dia 26 de abril, quando este chegar às lojas.
Days Gone é um exclusivo PlayStation 4 e já está disponível para pré reserva na PS Store e nas lojas habituais.