Conduzimos o novo Renault Clio, que chega ao mercado em 2026

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Conheçam a sexta geração do Renault Clio, com design mais expressivo, motor híbrido eficiente e condução confortável tanto na cidade como fora dela.

O Novo Renault Clio foi apresentado ao mundo em Portugal no início deste mês de dezembro, com ensaios internacionais na zona de Cascais e uma longa sessão técnica em Lisboa, onde a marca abriu o livro sobre o passado, o presente e o futuro daquele que continua a ser o seu modelo mais emblemático. E o Echo Boomer esteve por lá.

No discurso oficial repetiu-se uma frase que ajuda a perceber o peso do carro dentro da casa: “a Renault é o Clio, e o Clio é a Renault”. Não é exagero: em 35 anos de carreira, o Clio vendeu quase 17 milhões de unidades em 120 países e, no mercado português, é o modelo mais vendido de sempre desde o seu lançamento, sem rival direto em volume continuado.

A apresentação começou precisamente pela retrospetiva histórica. O Clio I chegou em 1990 para substituir o Super 5, estreando um nome próprio inspirado na musa grega da História e abandonando a lógica dos números. Cresceu em tamanho e segurança, ajudou a democratizar o airbag e o ABS no segmento e foi eleito Carro do Ano em 1991. O Clio II tornou-se a geração mais vendida de sempre, com 5,6 milhões de unidades, e ficou associado ao célebre 1.5 dCi, exemplo da tal “receita Clio”: ter o motor certo, com a energia certa, no momento certo. O Clio III deu um salto em refinamento, voltou a conquistar o título de Carro do Ano em 2006 e introduziu equipamentos marcantes para a época, como a navegação integrada TomTom. O Clio IV fez a rutura de design mais forte até então, com cores mais ousadas e tecnologia como a ecrã tátil e o cartão mãos-livres. Em 2019, o Clio V inaugurou a plataforma CMF-B, trouxe a eletrificação à gama e foi elogiado pelo conforto e precisão de condução.

Chegados a 2025, a Renault fala do novo Clio como sexta geração e assume que quis ir mais longe do que um simples restyling. As linhas exteriores foram redesenhadas com a obsessão das “proporções certas”: o carro ficou mais largo, com cerca de 4 cm adicionais na frente, vias alargadas em 39 mm e um aumento global de 7 cm repartido pela dianteira, traseira e distância entre eixos. O objetivo declarado foi criar “o Clio mais expressivo de sempre”, capaz de provocar “amor à primeira vista”, mas, por trás das frases de efeito, há trabalho técnico visível na integração dos faróis na carroçaria, na maior presença visual em estrada e na forma como os volumes são esculpidos.

Design e tecnologia que se notam à primeira vista

A aerodinâmica foi um dos grandes temas. Apesar de maior, o novo Renault Clio apresenta agora um coeficiente de arrasto de 0,30, melhor que os 0,32 da geração anterior. Para isso contribuem as grelhas com persianas ativas na frente, que abrem ou fecham em função das necessidades de refrigeração e de eficiência, o redesenho do spoiler traseiro e a própria assinatura luminosa, trabalhada para não perturbar o fluxo de ar. Os responsáveis falaram várias vezes na procura do menor consumo e das menores emissões possíveis, em linha com a meta interna de aumentar a percentagem de materiais reciclados: o objetivo de marca é 30%, mas no novo Renault Clio a fasquia sobe para perto de 34%. As jantes Triagun, por exemplo, utilizam cerca de 50% de alumínio reciclado, o que representa um abatimento de CO₂ equivalente a milhares de quilómetros de utilização de um Clio.

No interior, a evolução acompanha o que se vê por fora. O habitáculo está mais tecnológico e mais cuidado nos materiais, com plásticos de melhor toque, têxteis em preto e cinzento e, nas versões mais equipadas, aplicações de Alcantara no tablier, portas e bancos, além de um elemento decorativo em “titânio espectral”. Entre as curiosidades, a Renault destaca as 48 configurações de iluminação ambiente e bancos com maior apoio lateral nas variantes de cariz mais desportivo. A gama de cores exteriores inclui sete pinturas, com destaque para os novos Absolute Red e Absolute Green.

Outro grande destaque vai para a conectividade. Pela primeira vez num Renault Clio, o sistema OpenR com Google integrado chega ao segmento B: há Google Assistant, Google Maps sempre atualizado e acesso à Play Store com mais de uma centena de tipos de aplicações, incluindo plataformas de streaming de vídeo e áudio. Durante a apresentação, a marca sublinhou que, para a maioria dos utilizadores, deixa de ser obrigatório recorrer ao smartphone para ter navegação e entretenimento modernos, porque tudo está embebido durante três anos. Em 2026, o sistema deverá passar a integrar o Gemini, permitindo uma interação mais conversacional com o carro.

Motores, eficiência e dinâmica em estrada

A nível mecânico, o destaque recaiu na nova oferta híbrida, a versão que pudemos testar em estrada. O Renault Clio híbrido mantém a arquitetura full hybrid, mas vê a potência subir de 145 para 152 cv, graças à evolução do motor a gasolina e ao aumento da capacidade da bateria de 1,2 para 1,4 kWh, acompanhado por melhorias na transmissão multimodo. O resultado, segundo a Renault, é um carro mais rápido nas recuperações, mais suave nas transições entre modos e, ao mesmo tempo, com consumos homologados abaixo dos 4 l/100 km (foram apontados 3,9 l/100 km) e emissões na casa dos 89 g/km de CO₂. O sistema permite arranques sempre em modo elétrico e, em contexto urbano ou suburbano, até cerca de 80% do tempo de condução pode ser feito sem recorrer ao motor a combustão.

Novo Renault Clio

Para mercados onde o motor de combustão continua dominante, caso claro do mercado português, a Renault apresentou também um novo motor 1.2 turbo de três cilindros, partilhado com outros modelos do grupo. No Clio, passa a ser a proposta central da gama a gasolina, subindo a potência de 90 para 115 cv e aumentando o binário, para responder melhor tanto na cidade como em autoestrada. Este bloco estará disponível com caixa manual de seis velocidades e com uma nova opção automática de “toque direto”, que permite reduzir o consumo em cerca de 12%. No caso específico de Portugal, o GPL é um pilar essencial da estratégia para o Clio e foi tratado como tema central da sessão. A versão Renault Clio Eco G vê a potência subir de 100 para 120 cv e a capacidade do depósito de GPL aumentar de 32 para 50 litros, permitindo autonomias até 1.460 km. A marca sublinha que, no Clio V, cerca de 69% das vendas em Portugal já são de versões a GPL, quando há cinco anos esse valor rondaria apenas os 4%.

A dinâmica em estrada beneficiou do trabalho feito na plataforma CMF-B, comum a outros modelos da casa, mas com afinações específicas para o Renault Clio. A frente mais larga traz ganhos de estabilidade e comportamento, permitindo ao mesmo tempo a utilização de jantes de 16 a 18 polegadas sem sacrificar o conforto. Apesar do aumento das dimensões exteriores, o diâmetro de viragem permanece nos 10,4 metros, sinal de que a vocação urbana continua preservada. Na bagageira, os valores oficiais apontam para 391 litros nas versões a combustão e 309 litros no híbrido, um compromisso que mantém o uso diário em primeiro plano.

No campo do conforto acústico, os engenheiros deram exemplos concretos do que foi feito. Um deles é a utilização de espuma de isolamento em pilares estruturais para reduzir ruídos parasitas e melhorar a sensação de isolamento a bordo. Ao mesmo tempo, a segurança ativa foi fortemente reforçada, enquadrada no programa Human First. O novo Clio pode chegar a 29 sistemas de ajuda à condução, o que a marca reivindica como recorde no segmento. Desde o nível de entrada, todas as versões passam a contar com travão de estacionamento elétrico e cruise control adaptativo, e os níveis superiores acrescentam funções avançadas capazes de interpretar contextos mais complexos, como rotundas e mudanças de faixa. Foram também introduzidas ajudas especificamente pensadas para a cidade, como travagem automática em marcha-atrás e alerta de abertura de portas perante ciclistas ou veículos próximos.

Uma das novidades de utilização é o “Smart Mode”, um modo de condução inteligente que analisa o estilo de quem vai ao volante e alterna automaticamente entre Sport, Comfort e Eco. Quem já pôde experimentar o sistema por dentro admitiu ter passado muito mais tempo em Eco do que esperava, com consumos finais melhores do que o previsto.

Ao volante em Cascais: o Renault Clio na prática

Durante o ensaio internacional em Cascais, conduzi a versão Renault Clio Full Hybrid E-Tech 160 para perceber até que ponto este modelo evoluiu sem abdicar da sua identidade urbana. Antes de sair para a estrada, houve tempo para absorver os detalhes do carro e sentir a coerência do design, a qualidade dos materiais e a evolução tecnológica no habitáculo. A instrumentação digital e o sistema OpenR Link, já presentes noutros modelos recentes, melhoraram a experiência, sem que ficasse complexa. A navegação é intuitiva, os menus rápidos, e à primeira vista não senti “excessos”.

Ao volante, o Renault Clio confirma a sua vocação citadina. Em contexto urbano, destaca-se pela facilidade de utilização, pela suavidade do sistema híbrido e pela forma quase impercetível como alterna entre o modo elétrico e o motor a combustão. A condução torna-se descontraída, silenciosa e natural, ideal para o dia a dia. Fora da cidade, em percurso extra-urbano, o comportamento mantém-se equilibrado e confortável. A suspensão está bem afinada e transmite confiança mesmo quando o ritmo aumenta. Não é um carro com ambições desportivas, mas cumpre com segurança e previsibilidade em todos os cenários. Durante o ensaio, o consumo médio misto – combinando cidade e estrada – situou-se nos 4 litros aos 100 km, um reflexo de como o sistema híbrido trabalha de forma eficiente sem exigir atenção constante do condutor.

Este novo Renault Clio não procura reinventar o segmento B. Procura, isso sim, manter-se relevante num mercado em rápida transformação. Com mais tecnologia, melhor eficiência e uma abordagem equilibrada, continua a ser uma das propostas mais consistentes para quem procura um citadino moderno e versátil. As primeiras unidades estarão disponíveis no início de 2026, com versões a partir de 21.990€ no TCe 115 e 28.990€ no Full Hybrid E-Tech 160.

Hugo Faria
Hugo Faria
Licenciado em Informática de Gestão e com Mestrado em Sistemas de Informação de Gestão na Coimbra Business School, fui um dos que contribuiu, do ponto de vista tecnológico, para o nascimento do Echo Boomer. Tenho uma paixão que se divide pela tecnologia, pela música e pelos automóveis, tópicos esses que são explorados por mim em cada artigo que escrevo e publico por aqui.
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