Degusta Lisboa é o novo guia gastronómico que une tascas, clássicos e novos espaços

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Da Bobadela à Amadora, o novo guia gastronómico Degusta Lisboa quer preservar a autenticidade da gastronomia de Lisboa e valorizar profissionais e território.

O restaurante Carvoaria, de Vítor Sobral, em Lisboa, recebeu esta semana um almoço que começou muito antes de chegar à mesa. Antes de saírem as primeiras entradas, foi apresentado um novo guia gastronómico coordenado pela AHRESP: Degusta Lisboa. Foi pensado como ferramenta de trabalho para o setor e, ao mesmo tempo, como manifesto em defesa da identidade culinária portuguesa e do território da região de Lisboa.

O Degusta Lisboa nasce da vontade de reunir, num só espaço, todos os locais que merecem ser conhecidos na Área Metropolitana de Lisboa – desde restaurantes celebrados no centro da cidade até tascas discretas na Bobadela ou pastelarias de bairro na Amadora. O critério é direto: quem serve boa comida tem lugar neste roteiro.

A AHRESP sublinhou que não pretende agir como sindicato, mas como plataforma de ideias e soluções, com um mandato baseado em três eixos: pessoas e regiões, empresas e gastronomia. A lógica passa por construir pontes entre empresários, instituições públicas e parceiros privados, privilegiando o diálogo e a cooperação.

Ao apresentar o funcionamento do Degusta Lisboa, foi deixado claro que não se trata de um ranking nem de um sistema de estrelas. É uma matriz de referências que pretende mapear espaços com qualidade comprovada, enraizamento no território e ligação clara à gastronomia portuguesa. Para entrar, um estabelecimento pode seguir um de dois caminhos: integração automática se for indicado por três curadores; ou avaliação presencial pela equipa do projeto, caso tenha apenas uma ou duas indicações. A seleção pauta-se por critérios concretos, como a qualidade da matéria-prima, técnica de cozinha, equilíbrio do menu, coerência entre conceito e oferta, carta de vinhos estruturada, serviço competente, ambiente ajustado à identidade da casa e consistência ao longo do tempo. Valoriza-se também o contributo para o património gastronómico da região.

As tascas, apontadas como território essencial para compreender a mesa lisboeta, ocupam um lugar central neste Degusta Lisboa, pois mantêm viva uma tradição que resiste ao tempo e revelam a Lisboa mais antiga e acessível. No mesmo mapa convivem as cervejarias, que continuam a ser pontos de encontro naturais, quer para um copo descontraído com tremoços, quer para um banquete de marisco partilhado. Há ainda restaurantes que atravessam décadas com estabilidade rara, fiéis às bases da gastronomia portuguesa e essenciais para compreender a continuidade da identidade culinária local. Juntam-se-lhes mercados e feiras que marcam o quotidiano da cidade, mostrando uma Lisboa que acorda cedo e mantém uma relação directa com os alimentos, reforçando a autenticidade do território.

A ambição é, como referimos, cobrir toda a Área Metropolitana de Lisboa, garantindo diversidade suficiente para transformar o guia Degusta Lisboa numa referência sólida da cultura gastronómica regional. Qualquer estabelecimento pode apresentar candidatura através do site do projeto, num processo pensado para ser inclusivo, transparente e tecnicamente rigoroso. Está, ainda, a ser formada uma equipa de curadores com a missão de identificar e visitar espaços relevantes, ampliando o alcance do guia e consolidando o seu impacto num curto espaço de tempo.

A apresentação serviu também para sublinhar a importância das equipas que garantem diariamente o prestígio da gastronomia portuguesa, seja em restaurantes de renome, seja em cafés de bairro onde a regularidade e a memória contam tanto como a técnica.

Houve ainda espaço para destacar o papel do voluntariado especializado. Procuradores e curadores, que emprestam nome e credibilidade ao processo, foram identificados como peças essenciais para evitar que o guia se transforme numa operação de marketing. Reforçou-se a necessidade de regras claras e da separação entre interesses, dado que a AHRESP representa associados coletivos com prioridades distintas.

A intervenção da entidade regional de turismo de Lisboa colocou o foco na promoção territorial, lembrando que a região tem muito mais para mostrar do que os seus postais ilustrados. Falou-se da natureza na área metropolitana, dos eventos culturais menos conhecidos – como o maior festival de banda desenhada da Europa, na Amadora – e da importância de contar histórias alternativas que revelem a complexidade do território. Essa abordagem cruza-se directamente com o espírito do guia Degusta Lisboa, que pretende valorizar espaços muitas vezes esquecidos, mas fundamentais para compreender Lisboa e a sua envolvente.

Foram também apresentados outros projetos em curso: uma nova fase de credenciação técnica de estabelecimentos; a iniciativa Best Wine Selection, que reforça o papel dos vinhos na atratividade da restauração; e o trabalho em torno de datas simbólicas da gastronomia nacional. Além disso, o próprio guia terá uma evolução estruturada: no segundo ano será lançada uma edição anual em papel, distribuída nos postos de turismo e integrada num meio de comunicação reconhecido, juntamente com uma aplicação digital. Estão também previstas iniciativas complementares, incluindo um evento anual para distinguir espaços históricos, figuras do setor com trajetórias marcantes e novidades que tenham conquistado lugar próprio na paisagem gastronómica da região.

Alexandre Lopes
Alexandre Lopes
Licenciado em Comunicação Social e Educação Multimédia no Instituto Politécnico de Leiria, sou um dos fundadores do Echo Boomer. Aficcionado por novas tecnologias, amante de boa gastronomia - e de viagens inesquecíveis! - e apaixonado pelo mundo da música.
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