Com Teammates, a Ubisoft reforça a sua aposta em inteligência artificial, num protótipo generativo que volta a reacender a discussão sobre o recurso de ferramentas generativas na indústria.
A Ubisoft apresentou o Teammates, um projeto experimental concebido para explorar comandos de voz em jogos, permitindo que os jogadores falem diretamente com personagens controladas por IA. A tecnologia está atualmente a ser usada como ferramenta interna não sendo aplicada ainda em produtos finais. De acordo com a Ubisoft, esta fase serve para a empresa perceber como estas interações funcionam em ambientes controlados, antes de considerar aplicações em jogos.
O sistema foi anunciado como um modelo capaz de interpretar instruções simples, responder a perguntas relacionadas com o contexto do jogo e ajustar comportamentos em função do tom do jogador. A Ubisoft descreve-o como um ambiente de teste destinado às equipas criativas, que podem avaliar o que funciona, o que é confuso e onde é necessário colocar limitações.
O uso de IA generativa neste tipo de cenários continua, porém, a ser um tema de grande discussão e críticas. Uma das mais recorrentes surge do lado dos criadores, que questionam o impacto destas tecnologias no trabalho humano, desde a escrita de diálogos até ao desempenho de atores de voz, e temem que sistemas automáticos acabem por substituir parte desses processos. Há também preocupações sobre a origem dos dados usados para treinar modelos generativos, especialmente quando incluem obras protegidas por direitos de autor ou atuações não autorizadas.
Do ponto de vista dos jogadores, as questões passam pela consistência narrativa e pelo risco de comportamentos imprevisíveis dentro de jogos que dependem de regras fixas. Uma personagem gerida por IA pode responder de forma pouco coerente, quebrar o tom do jogo ou criar situações que entram em conflito com a intenção original dos criadores. Para além disso, os sistemas que exigem captação de voz levantam questões de privacidade e de armazenamento de dados, sobretudo quando envolvem análise contínua de fala e acesso a servidores online.
A Ubisoft afirma que está ainda estudar estes problemas e a recolher feedback técnico e ético durante o desenvolvimento do Teammates. Não havendo para já datas, jogos associados ou compromissos públicos sobre implementação.
Ao contrário da Ubisoft, que continua a explorar formas de usar ferramentas de IA generativas com objetivo de a normalizar nos seus jogos, outras vozes da indústria afastam-se desse desejo com duras críticas ou abordagens mais moderadas. Recentemente tivemos o CEO da Take-Two, Strauss Zelnick, que afirma que a IA não é capaz de substituir a originalidade humana no desenvolvimento de jogos, dando o exemplo que “A inteligência artificial é, por definição, um sistema que olha para o passado. É composta por grandes volumes de dados e poder de computação. E os dados, por natureza, são retrospetivos.”
Já membros da AdHoc, o estúdio que nos trouxe o recém lançado Dispatch, foram mais duros na crítica, acusado até que quem usa IA no desenvolvimento de jogos não é criativo. “honestamente, IA parece uma solução de produção e não uma solução criativa. Talvez seja se não fores criativo” remata Herman com palavras duras a quem escolhe esta via,” afirma Nick Herman, fundador da AdHoc.
