Fim do Eurobic: clientes entram no sistema Abanca com novas regras e novo IBAN

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Transição para o Abanca encerra a plataforma Eurobic, impõe novos acessos digitais e atribui novos IBAN, num processo marcado também por queixas de segurança.

A integração do Eurobic no Abanca entra agora na reta final com uma série de mudanças que vão mexer com a rotina de milhares de pessoas. A partir de segunda-feira, dia 24 de novembro, o Eurobic deixa oficialmente de existir e toda a atividade passa para o Abanca, encerrando um processo iniciado com a compra do banco que esteve ligado a Isabel dos Santos. A transição traz ajustes práticos, interrupções temporárias e um novo IBAN, mas decorre também num ambiente de tensão entre um grupo de clientes e o próprio banco.

A primeira grande alteração sente-se logo no acesso às contas, diz o ECO. A app e o homebanking do Eurobic já ficaram indisponíveis, o que significa que qualquer consulta de saldo ou operação digital só volta a ser possível na segunda-feira, já através dos canais do Abanca. O acesso passa a fazer-se com o NIF no campo do utilizador e com a mesma password usada no Eurobic. Quem já tinha conta no Abanca pode notar algumas oscilações durante o fim de semana, embora o funcionamento geral se mantenha.

Isto significa que, provavelmente, já não irão a tempo para guardar comprovativos de operações. O mesmo aplica-se a operações pendentes de autorização: se não as concluíram, deixaram de estar disponíveis. Segundo o banco, a informação essencial – débitos diretos, beneficiários e documentação digital – será transferida de forma automática.

A mudança estende-se ao próprio número de conta. A partir de segunda-feira, cada cliente passa a ter um novo IBAN. Durante um ano, as entidades continuarão a aceitar operações recorrentes com o IBAN antigo, para evitar que tudo fique desorganizado de um momento para o outro. Ainda assim, convém atualizar o IBAN nas operações regulares assim que possível, sobretudo no caso das transferências imediatas, que podem falhar caso o emissor não disponha dos dados atualizados. Quem usa agregadores financeiros também precisa de rever essa informação, sob pena de falhas na visualização das contas.

Estas alterações coincidem com o fecho da fusão transfronteiriça que absorve a antiga estrutura portuguesa do Abanca e encerra definitivamente a marca Eurobic. Com a integração concluída, o banco galego fica com mais de 300.000 clientes em Portugal e passa a ocupar o sétimo lugar no mercado.

Mas esta fase decorre num ambiente marcado por contestação. Um grupo de clientes entregou ao Banco de Portugal uma exposição em que denuncia alegadas transferências realizadas sem autorização, envolvendo valores que, segundo relatam, variam entre 2.000 e 200.000€. Dizem que não forneceram códigos de confirmação nem acederam ao homebanking no momento das operações, e afirmam que o banco não consegue demonstrar que houve autenticação forte. Apontam também vulnerabilidades persistentes, lembrando que o Banco Central Europeu sancionou o Eurobic em 2022 por falhas graves de segurança e por não reportar incidentes obrigatórios.

Os queixosos citam a diretiva europeia PSD2, segundo a qual o prestador de serviços deve reembolsar o utilizador quando não consegue provar que a operação foi devidamente autorizada. Pedem ao regulador para reconhecer o incumprimento, ordenar o reembolso imediato dos clientes afetados e avançar com uma contraordenação ao banco, além de comunicar a situação ao BCE e à Autoridade Bancária Europeia. Criticam ainda o Banco de Portugal por, alegadamente, desvalorizar problemas que consideram recorrentes e bem documentados.

O Abanca tem insistido que os seus sistemas não apresentam falhas. Em resposta recente, afirmou que os casos de fraude resultam de esquemas externos cada vez mais sofisticados – desde páginas falsas a SMS e chamadas enganadoras – e não de vulnerabilidades internas. A instituição diz continuar a reforçar medidas de prevenção e a colaborar com as autoridades.

Alexandre Lopes
Alexandre Lopes
Licenciado em Comunicação Social e Educação Multimédia no Instituto Politécnico de Leiria, sou um dos fundadores do Echo Boomer. Aficcionado por novas tecnologias, amante de boa gastronomia - e de viagens inesquecíveis! - e apaixonado pelo mundo da música.
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