A Ryanair vai suspender todas as ligações com os Açores em março de 2026, citando taxas elevadas e falta de intervenção governamental.
A Ryanair prepara-se para abandonar todas as ligações aéreas com os Açores a partir de 29 de março de 2026, alegando que o agravamento das taxas aeroportuárias em Portugal e a ausência de medidas governamentais tornaram a operação insustentável. O anúncio, feito esta quinta-feira, traduz-se na perda de seis rotas e de cerca de 400.000 passageiros anuais para o arquipélago, impacto que a companhia atribui directamente à gestão da ANA, concessionária controlada pelo grupo francês VINCI.
A transportadora sustenta que as tarifas aplicadas nos aeroportos nacionais seguem uma tendência contrária à de vários países europeus, onde os encargos estão a ser reduzidos para incentivar o crescimento do tráfego. Em Portugal, a falta de concorrência no setor é apontada como um fator que, na visão da empresa, tem permitido à concessionária aumentar custos sem consequências, afectando sobretudo regiões periféricas que dependem de ligações regulares e acessíveis, como é o caso dos Açores.
A companhia volta ainda a contestar o enquadramento fiscal ambiental imposto pela União Europeia. Critica o facto de o sistema ETS incidir apenas sobre voos intra-europeus, deixando de fora viagens intercontinentais com maior pegada ambiental, situação que, na sua leitura, gera um desequilíbrio que penaliza especialmente territórios remotos. A inclusão dos Açores neste regime, enquanto países terceiros permanecem isentos, é apontada como mais um elemento que inflaciona os custos operacionais.
Jason McGuinness, diretor comercial da Ryanair, afirma que o aumento das taxas aeroportuárias desde a pandemia, a introdução de um imposto de 2€ por passageiro e a subida das tarifas de navegação aérea inviabilizaram a continuidade das operações no arquipélago, referindo que a companhia não encontrou alternativa a deslocar capacidade para aeroportos europeus com encargos mais reduzidos. Recorda também que, após uma década de operações contínuas, desaparecerão as ligações diretas de baixo custo para Londres, Bruxelas, Lisboa e Porto, situação que associa à política tarifária da ANA e à ausência de resposta por parte do Governo português.
