Produtores de Dispatch consideram o uso de IA uma solução criativa “para produtores que não são criativos”

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A equipa de produção de Dispatch, um dos melhores jogos do ano, apresenta-se contra o uso de ferramentas inteligentes generativas na produção de videojogos.

O uso de ferramentas inteligentes generativas durante a produção de videojogos é atualmente um tema recorrente e divisório. E assistindo à forma como têm sido implementadas, o resultado não tem sido apenas questionável, tem afetado a estrutura completa de alguns estúdios. Agora, após o lançamento de Dispatch, o jogo de estreia da AdHoc (equipa composta por membros de The Walking Dead, The Wolf Among Us e Tales from the Borderlands), o seu fundador, Nick Herman, em entrevista ao GamesIndustry.biz, não se poupou em críticas a quem usa ferramentas generativas para criação e produção de jogos, afirmando mesmo que quem as usa não é criativo.

Herman começa por contextualizar e dizendo que “nenhuma IA faz o que ele fez”, elogiando especificamente a atuação do veterano Jeffrey Wright, no papel de um super-herói aposentado, em resistência ao uso de vozes sintéticas no jogo. “Ele trouxe algo para aquela personagem que nós não estávamos à espera. Quero dizer, a sua atuação e a de Aaron e do resto do elenco elevaram o material de uma forma que simplesmente não se consegue ter (com IA). Se escolherem usar IA, não vai surpreender porque o resultado é baseado em algo que já se ouviu antes. Por isso, sim, honestamente, IA parece uma solução de produção e não uma solução criativa. Talvez seja se não fores criativo” remata Herman com palavras duras a quem escolhe esta via.

Michael Choung, produtor executivo também comenta as novas tecnologias, afirmando que “o que quer que estejamos a construir, tem que criar uma ligação”, refletindo sobre o lado humano e intencional das escolhas feitas na produção. “Tem que ser feito por pessoas. Tem que se ligar às pessoas. Estamos a olhar para a IA e estamos a ver o que a IA está a fazer, tal como todos os outros. Mas… parece estar a ter problemas em atingir um ponto de ‘é suficiente’. E ‘suficiente’ para nós, é o inimigo.

Não é ao acaso que Dispatch entra na discussão. O aclamado jogo é baseado em dois grandes pilares que muitos estúdios e produtores menos criativos tentam abordar com estas tecnologias. De um lado, temos um jogo que é virtualmente todo baseado em cinemáticas animadas de altíssima qualidade e uma direção de arte bem vincada, do outro, temos um elenco de vozes extraordinário, com a presença de alguns nomes bem conhecidos do cinema, televisão e Internet. Tudo elementos com custos, mas que provavelmente se traduziriam num jogo insipido, sem alma e objetivamente desinteressante se não tivesse feito com pessoas, vontade e paixão.

David Fialho
David Fialho
Licenciado em Comunicação e Multimédia, considero-me um apaixonado por tecnologias e novas formas de entretenimento. Sou editor de tecnologia e entretenimento no Echo Boomer, com um foco especial na área dos videojogos.
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