Na loja LEGO do Centro Colombo, em Lisboa, o designer português César Carvalhosa Soares partilhou com convidados e outros curiosos como se constrói uma Death Star da icónica saga Star Wars.
No passado sábado, dia 18 de outubro, a loja LEGO do Centro Colombo, em Lisboa, encheu-se de fãs e curiosos para receber César Carvalhosa Soares, o designer português responsável por um dos sets mais ambiciosos da linha LEGO Star Wars: a nova LEGO Star Wars Death Star.
Com 10 anos de experiência na marca e um percurso que atravessa vários projetos, César Carvalhosa Soares – com o qual já falámos no passado – apresentou ao público o processo criativo e técnico por detrás de um modelo que já é considerado um marco entre os colecionadores e entusiastas do tema.
Durante a apresentação, na qual o Echo Boomer esteve presente, o designer explicou como é organizada a estrutura de desenvolvimento dentro da LEGO. Cada set envolve normalmente dois ou três designers principais: o designer de set, responsável pela construção, cores, formato e dimensões; o designer gráfico, encarregado das minifiguras, peças impressas e elementos visuais; e, quando necessário, o designer de peças, que cria componentes totalmente novos. No caso da dEATH Star, apenas uma peça inédita foi necessária – um chapéu especialmente desenhado para o set -, sendo todas as restantes adaptadas de moldes já existentes.
O modelo, composto por 81 sacos e seis manuais de instruções, foi desenhado de forma modular, o que permite que várias pessoas o construam em simultâneo. César explicou que a montagem demora cerca de 15 horas e que o resultado final pesa 8,3 quilos. “Portanto, não pendurem isto na parede”, comentou entre risos, enquanto descrevia o processo de trabalho que se prolongou por cerca de 14 meses, iniciado no verão de 2023. Durante esse período, a equipa dedicou-se quase exclusivamente a este projeto, num exercício constante de construir e desconstruir o modelo para aperfeiçoar cada detalhe. “A experiência de construir e desconstruir diversas vezes é essencial para alcançar o melhor resultado final”, afirmou, sublinhando que a repetição é parte fundamental do método criativo dentro da LEGO.
A versão agora lançada distingue-se das anteriores pela opção estética e funcional de representar a Estrela da Morte em secção transversal, e não como uma esfera completa. A decisão, explicou César, teve dois motivos: a vontade de oferecer uma experiência de construção mais interessante e o desejo de destacar as cenas interiores, onde decorrem os momentos mais icónicos da saga. “Para mim, as cenas interiores são mais importantes. Decidimos focar nisso, mesmo diante de críticas”, disse. O set combina elementos de dois filmes – Star Wars: Episode IV – A New Hope e Star Wars: Episode VI – Return of the Jedi -, apresentando salas e espaços reconhecíveis dos dois enredos, como o hangar imperial, a sala de controlo, o corredor de resgate da princesa Leia, a sala de conferência onde Darth Vader usa a Força, e até o compactador de lixo.
Entre as surpresas deste set, César destacou a inclusão de vários “easter eggs” escondidos, entre os quais um stormtrooper de calções a tomar café junto a um jacuzzi, uma referência a um jogo clássico do universo Star Wars. “Um set deste tamanho, com tantas peças e tantas horas de montagem, se for muito repetitivo, perde-se a experiência. É preciso renovar cada etapa”, explicou, reforçando que o objetivo foi criar uma construção rica, funcional e divertida.
Do ponto de vista técnico, a parte traseira do set, alvo de algumas críticas por parecer incompleta, foi intencionalmente desenhada a pensar na funcionalidade. “Sabíamos que a maioria das pessoas iria colocá-lo contra uma parede ou dentro de um armário. Por isso, priorizámos o interior e as funcionalidades. Não é incompleto, é funcional.” O designer explicou ainda que a base foi projetada de forma a garantir estabilidade, aproveitando o espaço adicional para estender algumas salas sem comprometer o equilíbrio do modelo.
Entre as partes mais desafiantes do projeto, César destacou a construção da sala do trono e do compactador de lixo, duas áreas já abordadas em dioramas anteriores, mas que exigiram soluções novas. “Foi difícil criar algo diferente sem trair o que já existia. O tamanho deste set ajudou a reinventar tudo”, explicou. O shuttle imperial foi outro obstáculo de engenharia. O cockpit, maior do que o original, teve de ser adaptado para incluir uma minifigura. “O imperador vai deitado, mas cabe”, brincou.
Durante a conversa, falou-se também sobre o equilíbrio entre criatividade e tecnologia. Embora o processo de design envolva tanto construção física como digital, César confessou a sua preferência pela abordagem manual. “Alguns designers começam digitalmente porque é mais rápido, mas eu prefiro montar com peças físicas. É mais intuitivo”, explicou. Ainda assim, sublinhou que o trabalho é sempre colaborativo, envolvendo diretores criativos e representantes da Lucasfilm e da Disney, que supervisionam a fidelidade do produto em relação à narrativa dos filmes. Essa exigência, admitiu, limita a liberdade criativa dos designers, mas garante autenticidade e coerência com o universo cinematográfico.
Para os interessados, saibam que o novo set LEGO Star Wars Death Star – com 52,3 cm de altura, 48 cm de largura e 38,3 cm de profundidade – está disponível online e nas lojas da marca em Portugal por 999,99€. A escala e a quantidade de peças – são 9023 ao todo! – deste set tornam-no no maior set LEGO Star Wars até à data, ultrapassando a LEGO Millennium Falcon, da mesma coleção, lançada em 2017.