Motorola Edge 60 Pro – Review: A delicadeza em forma de smartphone

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Por cerca de 600€, o Motorola Edge 60 Pro oferece um conjunto de especificações que em muitos pontos rivaliza com equipamentos topo de gama, como ecrã p-OLED de enorme brilho, uma bateria de 6000mAh com carregamento rápido a 90W, e um sistema de câmaras versátil que garante bons resultados em praticamente todos os cenários.

Pensem naquele momento em que se abre a caixa e, ao primeiro contacto, se percebe logo que estamos perante algo diferente. Foi exatamente isso que senti ao retirar o Motorola Edge 60 Pro da embalagem, ao sentir uma delicadeza for do comum. E quando digo delicadeza, refiro-me no melhor dos sentidos, Pois na mão, este smartphone começou por transmitir uma sensação de conforto e leveza que já não encontrava há muito tempo.

Para começar, o Motorola Edge 60 Pro é um smartphone que oferece um excelente equilíbrio entre dimensões e peso. Não é demasiado grande, nem demasiado pesado, nem excessivamente espesso. Ao lado de um Galaxy S25 Edge, o mais fino smartphone da Samsung, pode até dar a impressão de ser mais fino graças às margens curvas, mas a verdade é que tem 8,2 mm de espessura, e ainda assim, o módulo traseiro não sobressai demasiado, apesar de integrar três sensores. As dimensões gerais também se mantêm dentro do aceitável, com 160,7mm de altura, 73,1mm de largura e 186 gramas, algo impressionante tendo em conta que no interior encontramos uma bateria de 6000mAh. É verdade que algumas marcas chinesas já equipam os seus smartphones com baterias de 7000mAh, mas é encorajador ver fabricantes mais tradicionais, como a Motorola, a apostar em capacidades que até há pouco tempo só víamos nos segmentos mais experimentais. O Edge 60 Pro é, de certa forma, uma mensagem clara para o mercado, de que é possível colocar uma bateria de 6000mAh num corpo elegante, quando até há alguns meses o padrão rondava os 4500/5000mAh. A juntar a isso, temos certificação IP68/69, que garante resistência não só à imersão em água de até 1,5 metro durante 30 minutos, como também a jatos de água a altas temperaturas. Soma-se ainda a certificação militar MIL-STD-810H, reforçando a robustez do equipamento, sem nunca esquecer a sua tal delicadeza.

O seu ecrã de 6,7 polegadas é rodeado por margens finas, ajudadas pela curvatura de 360°, mais acentuada nas laterais longas. Já na traseira, a unidade que testei, na cor PANTONE Shadow, que se destaca pela sua traseira em lona sintética, que além de conferir um aspeto distinto, é particularmente agradável ao toque.

Motorola Edge 60 Pro
Motorola Edge 60 Pro

O seu ecrã é composto por um painel p-OLED com 6,7 polegadas que tem embutido um sensor ótico de impressões digitais. É rápido e fiável, mas não chega à precisão e consistência de um sensor ultrassónico, sobretudo em ambientes com pouca luz. O desbloqueio facial também está disponível, mas limita-se ao reconhecimento 2D pela câmara frontal, que funciona mas está um pouco longe de ser o método mais seguro. Esse painel é protegido por Corning Gorilla Glass 7i, mas importa sublinhar que tanto a moldura como a traseira são em plástico. Apesar disso, a qualidade de construção é sólida e transmite uma excelente sensação quando está na mão. Com uma taxa de atualização que chega aos 144Hz, é o seu brilho que é o verdadeiro trunfo deste painel, já que chega aos cerca de 1600 nits na utilização diária e pode chegar a uns impressionantes 4500 nits em picos de conteúdos HDR. Claro que esse valor máximo não é utilizável em todo o ecrã, mas ainda assim garante excelente visibilidade em espaços exteriores. O suporte a HDR10 e HDR10+ está presente, mas infelizmente limitado. Por exemplo, funciona no YouTube e em poucas mais aplicações, já a Netflix continua sem oferecer compatibilidade, que é um ponto negativo a tirar à qualidade do painel. As curvas nas laterais não são demasiado agressivas, mas podem ocasionalmente provocar toques acidentais ou ligeiras distorções de cor. Outra ausência notável é a tecnologia LTPO, que podia permitir variar dinamicamente a taxa de atualização e poupar alguma bateria.

No campo fotográfico, o Motorola Edge 60 Pro recorre essencialmente ao mesmo conjunto que já vimos em outros modelos da marca, mas aqui acompanhado por um processador da MediaTek, o Dimensity 8350, que garante processamento mais rápido e estabilização de vídeo mais consistente. Ele oferece gravação em 4K com HDR10+, câmara lenta a 120 FPS em FullHD e a possibilidade de alternar entre as três câmaras traseiras em 4K/30 FPS, algo nem sempre garantido em equipamentos desta gama. O sensor principal é um sensor Sony LYT-700C de 50MP, com abertura f/1.8, estabilização ótica e tamanho de 1/1,56″. Os resultados são francamente bons, com cores equilibradas, boa reprodução noturna graças ao sensor empilhado e um software de processamento que, desta vez, parece estar afinado. A lente ultra grande angular recorre a um sensor Samsung JNS de 50MP, também com foco automático PDAF. Não há estabilização ótica, mas a qualidade surpreende pela positiva. Já a lente teleobjetiva oferece zoom ótico de 3x com o sensor Samsung S5K3K1 de 10MP. É praticamente o mesmo sensor que encontramos nos Galaxy S25 ou S25+, mas aqui com abertura f/2.0, o que ajuda em cenários de menor luz. As fotografias são boas, mas não ao nível dos topos de gama da Samsung. Ainda assim, tendo em conta o preço do Edge 60 Pro, que é 569,01€, é uma mais-valia clara face a concorrentes diretos que muitas vezes nem sequer oferecem uma lente teleobjetiva.

Na frente, temos um sensor de 50MP com o sensor Samsung JNS, que é muito semelhante ao sensor ultra grande angular, mas sem foco automático. E essa ausência sente-se bem, especialmente em retratos de curta distância. Apesar disso, a qualidade é boa e o detalhe está lá, mesmo com vídeos em 4K/30 FPS. Ou seja, no geral este Motorola Edge 60 Pro apresenta um sistema fotográfico versátil e acima da média para o seu segmento, com a particularidade rara de incluir uma lente teleobjetiva dedicada, algo muito raro em equipamentos nesta faixa de preço.

Motorola Edge 60 Pro
Motorola Edge 60 Pro

Como já havia revelado, o Motorola Edge 60 Pro vem equipado com o MediaTek Dimensity 8350, um processador que, em termos de arquitetura, aproxima-se do Snapdragon 7 Gen 3, da Qualcomm, mas com ganhos relevantes. Os quatro núcleos Cortex-A715 e os quatro Cortex-A510 conseguem extrair mais potência, enquanto o GPU Mali-G615 MP6 supera claramente a Adreno 720 em desempenho gráfico. A isto junta-se os 512GB de armazenamento interno UFS 4.0, a mesma dos topos de gama, garantindo não só rapidez no acesso a ficheiros e aplicações, como também maior longevidade no desempenho. E, de facto, no dia a dia a experiência é praticamente a de um smartphone topo de gama. Fluidez total em aplicações como WhatsApp, Instagram, YouTube, Gmail ou Netflix, sem engasgos ou lentidões. Não há núcleos ultra-poderosos, mas a maioria dos utilizadores nunca dará pela sua falta. A velocidade da memória reflete-se sobretudo na galeria de fotos ou no carregamento de aplicações pesadas, e promete manter essa consistência mesmo ao fim de alguns anos de utilização.

No controlo de temperaturas, os resultados são muito bons. Durante os meus testes, a temperatura ambiente rondava os 30°C, e em momento algum o Motorola Edge 60 Pro demonstrou ficar demasiado quente, mesmo em aplicações mais pesada. E nos jogos, o Edge 60 Pro não oferece o desempenho de um smartphone topo de gama, ou de um smartphone gaming dedicado, mas está muito perto disso. Testes com títulos exigentes como Genshin Impact, Call of Duty: Mobile e PUBG Mobile, mostraram um desempenho estável, com gráficos fluidos e sem quebras graves. Não atinge a qualidade visual de um topo de gama, mas pelo preço, é uma das melhores experiências atualmente disponíveis.

E a bateria? Aqui está talvez um dos maiores trunfos do equipamento. Com 6000mAh, é praticamente impossível descarregá-la num único dia. Num cenário moderado (Wi-Fi + 5G), tive dias em que registei quase quatro horas de ecrã ligado e a sobrar 60% de carga. Em dias mais exigentes, com cerca de uma hora e meia de jogos, consegui mais de cinco horas e meia de ecrã e ainda sobrou 24% de bateria. Mesmo em cenários de maior stress, como um dia inteiro em dados móveis, Android Auto Wireless ativo e utilização constante, cheguei ao final do dia com mais de 35% de carga e mais de cinco horas de ecrã ligado. E isso não só bom, é excelente. O facto e poder oferecer dois dias de utilização moderada com apenas uma carga, não é para todos os smartphones.

Motorola Edge 60 Pro
Motorola Edge 60 Pro

O Motorola Edge 60 Pro conta com um botão dedicado à inteligência artificial, colocado na lateral superior esquerda. Ao ser pressionado, abre o painel das funções inteligentes da marca, algo que já tinha sido introduzido no Razr 60 Ultra. A diferença é que aqui a Motorola decidiu juntar praticamente tudo o que existe em IA no mercado, ou seja, Moto AI, Gemini, Copilot, LLaMA e até a Perplexity. O resultado é uma experiência muito completa, mas talvez complexa demais. O Moto AI e Gemini partilham a mesma base (o Vertex AI da Google), o que acaba por duplicar funções. O LLaMA resume notificações, o Perplexity analisa o que está no ecrã, o Gemini funciona como assistente de voz clássico e o Copilot, neste momento, parece não ter um papel muito definido. O Moto AI, por sua vez, serve de “hub”, encaminhando o utilizador para a ferramenta mais adequada em cada caso. Na prática, esta abundância acaba por ser confusa, muito confusa mesmo. Por exemplo, o Playlist Studio permite criar listas de reprodução, mas apenas no Amazon Music, deixando de fora o Spotify ou o YouTube Music, o que limita muito a sua utilidade. Já o Image Studio consegue gerar autocolantes e imagens personalizadas, mas podia ser integrado diretamente no teclado para maior praticidade. O excesso de menus e nomenclaturas acaba por obrigar o utilizador a investir tempo a descobrir onde está cada função.

Outro ponto a considerar é o custo. Para tirar o máximo partido destas ferramentas, muitas vezes é necessário recorrer a assinaturas externas, como as do Amazon Music ou de planos “pro” de alguns serviços de inteligência artificial. Num equipamento que se destaca pela excelente relação qualidade/preço, este detalhe pode afastar boa parte do público-alvo. Felizmente, fora da camada “AI”, a experiência de software continua a ser uma das melhores do universo Android. O HelloUI mantém-se limpo, muito próximo daquilo que a Google oferece, com gráficos simples e consistentes, pequenos ajustes visuais como temas e ícones, e quase sem bloatware, embora ainda exista algum. Com uma interface baseada no Android 15, a marca garante que o equipamento vai receber três grandes atualizações de sistema operativo, ou seja, será atualizado até ao Android 18. E para terminar de falar do software, os gestos característicos da Motorola continuam presentes, incluindo o duplo toque na traseira para abrir aplicações ou funções, além da integração no Smart Connect, que permite controlar o smartphone a partir do PC ou transformá-lo numa espécie de “desktop” sem fios.

Motorola Edge 60 Pro
Motorola Edge 60 Pro

O Motorola Edge 60 Pro posiciona-se como uma das opções mais interessantes do momento no segmento dos smartphones de gama média. Por cerca de 600€, oferece um conjunto de especificações que em muitos pontos rivaliza com equipamentos topo de gama, como ecrã p-OLED de enorme brilho, uma bateria de 6000mAh com carregamento rápido a 90W, e um sistema de câmaras versátil que garante bons resultados em praticamente todos os cenários.

O único verdadeiro calcanhar de Aquiles está no suporte de software. A Motorola promete apenas três grandes atualizações do Android e quatro anos de atualizações de segurança. É suficiente para a sua faixa de preço, mas está abaixo do que concorrentes como Samsung e a Google oferecem atualmente. Considerando que o Android 16 já é uma realidade, este período de suporte encurta-se ainda mais, o que pode ser um ponto a ponderar para quem planeia manter o dispositivo durante muitos anos. Já no campo da inteligência artificial, a Motorola tenta marcar território com uma oferta ampla, mas tal como no seu topo de gama, revela-se muito confusa. A presença de várias IAs em simultâneo, algumas redundantes e nem sempre bem localizadas, gera mais dispersão do que valor imediato. Para a maioria dos utilizadores, contudo, este aspeto não será decisivo.

Dito isto, a experiência global convenceu-me plenamente. O desempenho é fluido, o software é limpo e prático, a autonomia é excecional e o preço torna-o numa opção interessante. Apesar de no site oficial da marca o seu preço se encontrar nos 569,01€, em lojas online como a MediaMarkt, é possível encontrar o equipamento na casa dos 450€. E por este valor, o Motorola Edge 60 Pro garantidamente uma das melhores propostas de valor.

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Este dispositivo foi cedido para análise pela Motorola.

Joel Pinto
Joel Pinto
Joel Pinto é profissional de TI há mais de 25 anos, amante de tecnologia e grande fã de entretenimento. Tem como hobbie os desportos ao ar livre e tem na sua família a maior paixão.
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