Google Pixel 10 Pro XL – Review: O smartphone que vive da IA

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Zoom até 100x, novo processador Tensor G5 e IA em todo o lado. O Pixel 10 Pro XL impressiona, mas nem tudo é perfeito.

Em 2023, após oito anos de espera, os portugueses puderam finalmente ter acesso “oficial” a dispositivos com a chancela Google. Nesse ano, naquela que foi uma segunda vida para este nicho de mercado da Google – a empresa chegou a vender os smartphones Nexus a partir da sua loja oficial em Portugal -, tivemos oportunidade de testar aqui no Echo Boomer os Pixel 8 Pro, 8 e o mais modesto 8a. Já no ano passado, em pleno verão, a Google antecipou-se à concorrência com a linha Pixel 9, e desde logo se percebeu que o foco passava por apostar em força na Inteligência Artificial. Aliás, essa aposta está ainda mais presente no novíssimo Pixel 10 Pro XL, que tenho desde há uma semana e sobre o qual agora me debruço.

Anunciados há exatamente uma semana, e com chegada ao mercado a partir de amanhã, dia 28 de agosto, os novos Pixel 10 querem, claramente, conquistar toda a gente e fazer com que qualquer utilizador consiga retirar o máximo de potencial do seu smartphone com recurso às capacidades da IA. Para isso, claro, o smartphone tem de estar munido do melhor hardware disponível de momento. E no caso deste Pixel 10 Pro XL, há um novo processador, um novo sistema de câmaras, sistema de som melhorado, mais armazenamento – finalmente é o adeus aos 128GB! – e, claro, o modelo Gemini Nano, permitindo um desempenho rápido e funcionalidades de inteligência artificial mais integradas no dia a dia dos utilizadores.

Comecemos por aquilo que salta à vista de qualquer um, até porque é sempre o primeiro contacto: o design. Comparativamente ao 9 Pro XL, a Google não quis mexer no que resultou. A nível de dimensões de peso, são as mesmas – 162,8 mm (altura) x 76,6 mm (largura) x 8,5 mm (profundidade) -, enquanto que o peso do Pixel 10 Pro XL é de 232g, um acréscimo de meras 11 gramas em relação à geração passada. Ainda assim, a alteração mais visível está na barra da câmara, agora com um acabamento mais apurado e toques de metal polido. Aliás, isto nota-se se quiserem fazer um simples teste: tentem encaixar o Pixel 10 Pro XL na capa do Pixel 9 Pro XL. Apesar de as dimensões serem as mesmas, irão reparar que o módulo das câmaras não encaixa na totalidade por uma questão de milímetros.

A sensação ao toque também é diferente. Assim que lhe peguei, deu-me o feeling de estar perante um pedaço de tecnologia premium, mais do que a geração passada. E faz sentido, não é verdade? De facto, a nível de materiais e durabilidade, é de salientar que este smartphone está mais amigo do ambiente do que nunca. O Pixel 10 Pro XL apresenta-se com uma construção que privilegia tanto a resistência, como a sustentabilidade. A proteção do ecrã e do painel traseiro assenta no Corning Gorilla Glass Victus 2, um vidro desenvolvido para suportar riscos e quedas, que aqui surge combinado com uma estrutura em alumínio polido de qualidade espacial. O dispositivo conta ainda com certificação IP68, que assegura resistência à água e ao pó, e inclui um revestimento que reduz marcas de impressões digitais.

A novidade, porém, está no uso de materiais reciclados, sendo que, no caso do Pixel 10 Pro XL, é fabricado com, pelo menos, 29% de materiais reciclados, tendo por base o seu peso, um aumento de 11% face ao modelo do ano passado. E no interior, vários componentes seguem a mesma lógica. A célula da bateria utiliza 100% de cobalto reciclado e os ímanes incorporam elementos de terras raras igualmente reciclados. O motor responsável pelo feedback tátil é produzido com tungsténio reciclado e as placas lógicas principais recorrem a cobre e ouro de origem reciclada. O estanho usado nas soldaduras de várias placas de circuito também provém integralmente de reciclagem. Ao nível de uso de plástico, e dos seus 13 componentes deste material, 10 são fabricados com conteúdo reciclado, composto por pelo menos 53% de plástico reciclado. Portanto, o foco é claro: sustentabilidade.

Também o ecrã do Pixel 10 Pro XL é o mesmo. Temos aqui, à semelhança da geração passada, um Ecrã Super Actua de 171 mm LTPO OLED com resolução de 1344 x 2992 a 486 ppp com Smooth Display – o que faz com que consiga ir variando a taxa de atualização entre 1 e 120Hz, para poupar bateria. A diferença? O brilho máximo. Enquanto que, no Pixel 9 Pro XL, temos um até 2000 nits (HDR) e até 3000 nits (brilho máximo), no Pixel 10 Pro XL temos até 2200 nits (HDR) e até 3300 nits (brilho máximo). Apesar de não ser algo de muito significativo, este acréscimo faz diferença na intensidade máxima do brilho, algo especialmente útil para dias de forte incidência solar, algo cada vez comum no nosso país. A reprodução de cores também é fantástica, fazendo deste o painel mais brilhante e imersivo do Pixel até à data.

Para que tudo funcione sem quaisquer problemas, a linha Pixel 10 surge equipada com o novíssimo processador Tensor G5, que é descrito pela Google como “o processador mais avançado alguma vez desenvolvido para os seus dispositivos”. Aliás, a empresa diz mesmo que este chip – concebido em colaboração com a equipa da Google DeepMind e que é o primeiro a suportar de forma nativa o Gemini Nano, a versão mais recente do modelo de inteligência artificial da tecnológica – representa o maior salto de desempenho da linha até agora, com uma TPU capaz de processar tarefas de inteligência artificial até 60% mais depressa e uma CPU que assegura ganhos de velocidade de cerca de 25% face à geração anterior.

Confesso que não cheguei a descarregar nenhum jogo ou aplicação mais pesada durante este curto período de teste, mas, entre as várias aplicações que uso e deixo abertas, até ver não notei quaisquer engasgos ou lentidões por parte do Pixel 10 Pro XL – mal seria se assim fosse, na verdade. Em todo o caso, para mim o mais interessante é mesmo o facto de este novo processador proporcionar fotos e vídeos de maior qualidade neste smartphone, além de otimizar ainda melhor o uso de bateria para o dia-a-dia.

E por falar em bateria, confesso que, e tendo em conta que dou a este Pixel 10 Pro XL o mesmo tratamento que dava ao Pixel 9 Pro XL, não notei, pelo menos neste curto espaço de tempo, diferenças assinaláveis no consumo de bateria. Claro, por ser um novo smartphone será sempre melhor, não só porque tem capacidade da bateria com saúde a 100%, mas também porque o processador Tensor G5 ajuda nesse campo. Não obstante, se olharmos para as especificações técnicas, os dados são virtualmente os mesmos, ainda que a bateria do Pixel 10 Pro XL seja um pouquinho maior, com os seus 5.200mAh. Ainda assim, acredito que, com mais dias de uso, o smartphone irá adaptar-se melhor ao uso que lhe darei, o que fará com que a gestão de bateria seja melhor face ao ano passado.

É, no entanto, no campo da fotografia onde encontramos a maior diferença deste ano, e devido a um motivo: Zoom Pro Res até 100x, ou como indicado no Pixel, Zoom de resolução profissional, que melhora a qualidade através da IA generativa, ainda que com resultados imprecisos. E sem surpresa, é efetivamente impreciso em vários cenários, com muito espaço para melhorar. Noutras situações, diria que é quase perfeito. Experimentei esta novidade numa série de cenas: janelas, parabólicas, tampas das jantes dos carros, objetos decorativos, palavras, números, pessoas e, claro, animais. Regra geral, a IA faz aqui um bom trabalho, embora “aldrabe” um bocado para chegar ao resultado final. Isto faz-nos pensar sobre a quantidade de dados que a Inteligência Artificial teve que treinar para replicar o detalhe aproximado da realidade.

Apesar de ser bastante convincente, não pude deixar de me rir um bocado com certas fotos, como a incapacidade de ler o que estava escrito numa parabólica, não conseguir ler uma data e inventar caracteres, não conseguir perceber que estava escrito BMW – preferindo deixar as letras “borradas” -, o facto de ter criado uma nova parte da cara da gata da família – e que se percebe que não é a original -, ter dado um bigode ao meu sogro (algo que ele nunca uso) e o aspeto de outro homem… enfim, foram várias situações que deu para perceber que a IA, quando a foto original tem muito pouco detalhe, não tem outro resultado a não ser inventar para chegar a um resultado final. No entanto, há outros casos em que a IA generativa faz pequenos milagres neste Zoom de resolução profissional. Consegui captar um pato e um ganso ao longe e, não soubesse eu que a foto não era 100% real, era facilmente enganado pelo resultado – ainda que, na foto do ganso, o animal esteja com uma espécie de uma “aura”. Ou seja, se as coisas já estão neste estado… nem quero imaginar daqui a uns anos.

Ainda em relação às câmaras, o Pixel 10 Pro XL mostra logo porque é que será uma referência da Google. Fui tirando várias fotos ao longo desta semana de teste e logo percebi que as imagens estão cheias de detalhe – nas pessoas, por exemplo, a pele parece mais realista, não havendo exagero de saturação, e as selfies saem consistentes mesmo quando a luz não ajuda (neste caso aconselho o uso do modo noturno, mas fiquem quietos, caso contrário a foto sai tremida). Em vídeo, a nova estabilização ótica é, provavelmente, das melhores que já usei num smartphone, sem aqueles tremeliques chatos que podem estragar uma filmagem.

É também de destacar a lente teleobjetiva, uma estreia na linha Pixel. As fotos até às 10x têm uma nitidez que não esperava, e mesmo em 20x digitais dá para usar sem grande sacrifício. Para paisagens ou para captar algo mais distante, torna-se uma ferramenta que abre possibilidades. A Google mexeu também no HDR+, e isso nota-se logo. As cores estão mais equilibradas, há menos ruído nas zonas escuras e o Modo Retrato ficou mais natural, não dando tanto aquela sensação de recorte artificial em torno do sujeito. Já o novo assistente de câmara com Gemini também merece destaque. Não é intrusivo, mas vai dando sugestões que realmente ajudam – às vezes indica que o enquadramento podia funcionar melhor de outro ângulo ou sugere pequenas correções de luz. É bastante útil para explorar opções sem ter de pensar demasiado.

Ah, não me posso também esquecer que são os primeiros telemóveis com Credenciais de Conteúdo C2PA, incorporadas diretamente na aplicação da câmara. Os metadados são gerados no próprio dispositivo e registam o processo de criação da imagem, podendo ser consultados posteriormente no Google Fotos. Ou seja, é uma novidade que mostra como é que determinado conteúdo foi criado – no caso do Pixel 10, dá as indicações de “Conteúdo multimédia capturado com uma câmara” e “Conteúdo editado com ferramentas de IA”, se for o caso, claro.

De resto, e ainda no campo da IA, o Pixel 10 Pro XL está munido de funcionalidades que vão deixar os mais curiosos surpreendidos e, claro, bem entretidos. Uma bem útil é a tradução de chamadas em tempo real, ainda que seja de lamentar a ausência do Português de Portugal – ou seja, há suporte para o Português do Brasil. Basicamente, o Pixel 10 consegue traduzir, em tempo real, a conversa entre duas pessoas. Experimentei com a minha mulher enquanto ela falava em inglês… e os resultados não foram maus de todos. Estávamos os dois a fazer o teste, com boa rede e sem mais ninguém à volta, e por algum motivo o Pixel não conseguiu apanhar toda a conversa, apesar da ótima leitura dela. No entanto, e quando conseguiu perceber o que estava a ser dito, traduziu praticamente na perfeição. Todavia, não consigo perceber porque é que existiram cortes na conversa e o smartphone não conseguiu processar o que foi dito do outro lado da linha, o que demonstra que não só há muito espaço para melhorar, como os resultados vão deixar a desejar em zonas muito povoadas ou com muito barulho em redor. Há muito ainda para explorar, é certo, e com apenas uma semana de uso, foi difícil espremer todo o “sumo” deste Pixel 10 Pro XL. No entanto, já deu para ter um vislumbre do quão dependente está da IA… e o quão consegue usá-la a seu favor. E neste nível, parece-me imbatível.

De resto, há outras melhorias face ao modelo do ano passado: a qualidade sonora foi melhorada devido às novas colunas, com um som que quer ser cada vez mais encorpado, mas que ainda não enche uma sala; temos agora Bluetooth 6 com diversidade de antenas para ligação e qualidade melhoradas; e temos finalmente uma versão de entrada com 256GB de armazenamento interno. Honestamente, já era tempo de a Google deixar de comercializar equipamentos com 128GB…

Mas no final de tudo, a escolha entre optar pelo Pixel 10 Pro XL ou outro equipamento topo de gama resume-se a apenas um detalhe: preço. No caso desta versão de 256GB, o smartphone surge com um preço de 1.329€, o que está dentro da faixa de valores que a concorrência pratica. O preço parece-me justo face ao que oferece e tendo em conta todas as novidades relacionadas com IA, mas se por acaso não necessitarem dos 256GB de armazenamento interno e os 128GB forem suficientes, talvez não seja má ideia optarem pelo modelo Pixel 10 Pro. As diferenças são mínimas além do tamanho do ecrã e bateria… e sempre poupam 210€.

Se se sentirem tentados a fazer a pré-reserva do Pixel 10 Pro XL ainda hoje, terão direito a uns bónus bem catitas. Caso não consigam aproveitar e preferirem esperar, diria que, e caso sejam clientes Vodafone, que aproveitem a campanha atualmente em vigor no Clube Viva, através do qual, e com 2200 pontos, fará com que consigam o Pixel 10 Pro XL por 829,90€, uma diferença de 500€ face ao PVP. E aí é mesmo um preço imbatível.

Este dispositivo foi cedido para análise pela Google.

Alexandre Lopes
Alexandre Lopeshttps://echoboomer.pt/
Licenciado em Comunicação Social e Educação Multimédia no Instituto Politécnico de Leiria, sou um dos fundadores do Echo Boomer. Aficcionado por novas tecnologias, amante de boa gastronomia - e de viagens inesquecíveis! - e apaixonado pelo mundo da música.
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