A Google revelou que não tem intenções de se aventurar em novas categorias de produtos onde não acrescente valor.
Na passada quarta-feira, a Google revelou ao mundo uma nova vaga de dispositivos que marca a entrada oficial da família Google Pixel na sua 10ª geração. Foram anunciados os smartphones da série Pixel 10, o Pixel Watch 4 e os auriculares sem fios Pixel Buds 2a, todos eles sob o habitual discurso de inovação associado à marca. Porém, o que mais surpreendeu não foi tanto o catálogo lançado, mas antes aquilo que ficou de fora. Rick Osterloh, vice-presidente sénior de dispositivos e serviços da empresa, aproveitou uma entrevista ao Bloomberg para esclarecer que há categorias inteiras de produtos que, simplesmente, não estão na agenda da empresa.
A ausência mais notória prende-se com os smartphones dobráveis em formato de concha. Se o Pixel 10 Pro Fold tenta competir com os modelos de maior prestígio do mercado, o mesmo não se poderá dizer dos dispositivos que se dobram verticalmente, onde a Samsung e Motorola dominam o segmento. A Google, pelo menos para já, prefere apenas assistir ao desenvolvimento desse nicho, em vez de disputar um espaço saturado e exigente em termos de diferenciação.
Outro ponto relevante é a recusa em avançar para áreas que têm atraído curiosidade e investimento por parte de outras marcas. Não haverá, a breve prazo, anéis inteligentes ou novos tablets, e os óculos inteligentes continuam num limbo estratégico. O Pixel Tablet 2, já alvo de rumores sobre cancelamento, dificilmente verá a luz do dia, portanto a possibilidade de lançar um Pixel Tablet 3 é nula. Osterloh admitiu que a equipa ainda não encontrou uma fórmula convincente para tornar os tablets da empresa numa proposta diferenciadora, pelo que não faz sentido insistir num produto que será apenas mais um no mercado.
O segmento da realidade aumentada e mista também mereceu atenção. O Android XR foi revelado em protótipo, acompanhado de óculos inteligentes ainda em fase embrionária. Há quem veja neles uma possível evolução do ecossistema Pixel, mas a Google mantém-se prudente, pois só avançará quando conseguir transformar esta categoria em algo mais do que mera curiosidade. O executivo deixou no ar que tais óculos poderão, um dia, coexistir com um dispositivo compacto e dobrável, mas a mensagem central foi clara, e parece não haver pressa.
O anúncio dos novos Google Pixel foi, por isso, um retrato curioso da estratégia da empresa americana. Por um lado, reforçou a aposta em smartphones tradicionais, wearables e acessórios de som. Por outro, colocou um travão em segmentos que muitos esperariam ver no horizonte imediato da empresa. O que se percebe das palavras de Osterloh é que a Google prefere arriscar menos e consolidar mais.