Os tablets da Amazon deixarão de utilizar o Fire OS, apostando numa versão próxima do Android Stock.
A Amazon prepara-se para uma grande mudança na sua linha de tablets Fire, ao abandonar o Fire OS em favor de uma versão completa do Android. Esta decisão está a ser associada ao chamado Projeto Kittyhawk, que se distancia da ideia de um ecossistema fechado e centrado na Appstore da própria empresa, e que sempre funcionou como um entrave à expansão da gama Fire fora do universo mais fiel da marca.
Desde 2011, os tablets Fire serviram como porta de entrada para os serviços da Amazon, sacrificando a compatibilidade com o Android a favor de uma estratégia de fidelização. O resultado foi uma oferta acessível, mas limitada, sem acesso oficial à Play Store e com restrições que os consumidores mais exigentes nunca aceitaram de bom grado. Com o Projeto Kittyhawk, a empresa procura dar a volta a essa questão, oferecendo um sistema operativo próximo do Android puro, capaz de rivalizar diretamente com as soluções de marcas como a Samsung ou a própria Google.
O primeiro modelo desta nova geração, previsto para 2026, deverá posicionar-se num patamar mais ambicioso, com um preço anunciado em torno dos 350€, praticamente o dobro do Fire Max 11. Contudo, apesar da ausência de detalhes técnicos, como o tamanho do ecrã, processador ou memória, não impediu a já inevitável comparação com o iPad de entrada de gama, sinal de que a Amazon parece disposta a enfrentar concorrentes de peso..
Curiosamente, a informação avançada pela Reuters surge sensivelmente na mesma altura em que a Amazon anunciou o encerramento da Appstore para dispositivos Android que não sejam Fire, limitando-a exclusivamente aos seus próprios tablets e televisores. Esta aparente contradição só reforça a ideia de uma reorientação estratégica: se a loja de aplicações perde terreno, a adoção plena do Android poderá devolver relevância ao hardware da Amazon, agora com acesso nativo ao ecossistema da Google.
Ainda assim, a história aconselha cautela. Em 2014, o Fire Phone revelou-se um fiasco monumental, preso entre um sistema fechado e um preço demasiado alto. Portanto, o projeto interno Kittyhawk sugere que a Amazon vê a situação como um novo ponto de partida, mais aberto a parcerias externas, como se viu recentemente com o investimento na Anthropic para reforçar o papel da inteligência artificial no Alexa e no chatbot Cedric.
Caso o plano resulte, os tablets Fire poderão conquistar uma relevância que nunca tiveram, deixando de ser meros dispositivos low-cost para se afirmarem como alternativas credíveis no panorama Android. Se falhar, será apenas mais um episódio na longa lista de experiências tecnológicas da Amazon que nunca tiveram o sucesso desejado.