Iluminação, poda ou nutrição da planta, estão entre os fatores que podem alterar a flor de CBD.
A qualidade e as características da flor de CBD variam amplamente devido a vários fatores. A flor de CBD varia conforme o cultivo, e essa variação está documentada em diversos estudos sobre cânhamo industrial e variedades legais de Cannabis sativa. O tipo de flor produzida, em termos de densidade, aroma, rendimento e teor de canabinoides, depende não só da genética, mas também de escolhas específicas durante o cultivo.
A genética da planta é o ponto de partida. Diferentes cultivares apresentam perfis químicos distintos, com teores variáveis de CBD e THC. De acordo com vários estudos científicos, a genética responde por grande parte da variação na concentração de canabinoides. No entanto, o ambiente e o método de cultivo podem reforçar ou limitar esse potencial genético.
A iluminação é um dos fatores com impacto mais verificado. Estudos que analisam os efeitos da luz LED no cultivo de cânhamo indicam que o espectro utilizado (especialmente a proporção entre luz azul e vermelha) pode influenciar a produção de biomassa e os níveis de compostos como CBD e terpenos. No entanto, estes efeitos variam consoante a variedade e as condições experimentais. Não há consenso claro sobre quais os espetros ideais para maximizar o CBD, mas há evidência de que a luz afeta o crescimento e a morfologia da planta, o que pode alterar indiretamente a composição das flores.
A poda, nomeadamente técnicas como o topping (remoção do ápice central da planta), tem sido estudada sobretudo em cultivares industriais como Fedora 23 e Futura 75. Em alguns casos, observou-se um ligeiro aumento nos níveis de CBD e um ganho de biomassa floral. Este efeito parece depender da variedade, da fase de crescimento e do ambiente. Não existem dados suficientes para afirmar que a poda aumenta consistentemente o teor de CBD, mas pode alterar a distribuição da energia da planta e favorecer o desenvolvimento de mais inflorescências.
A nutrição também tem influência. O equilíbrio entre azoto, fósforo e potássio, assim como a regulação do pH e a qualidade do substrato, afeta diretamente o desenvolvimento da planta e o rendimento da colheita. Um excesso de azoto na fase de floração pode reduzir a produção de flores e de resina. Já o fósforo, quando administrado em níveis adequados, tem sido associado a uma floração mais eficiente. Ainda assim, a ligação entre regime nutricional e variações no CBD continua a ser objeto de investigação.
E claro, as condições ambientais, como temperatura, humidade e exposição ao stress, também podem alterar o perfil químico da flor. Em particular, o teor de THC, mesmo em cultivares legais, pode aumentar se a planta sofrer stress térmico, hídrico ou for colhida tardiamente. Esta instabilidade representa um risco para os produtores, que devem monitorizar cuidadosamente o ciclo de floração. Não há valores universais, mas é academicamente aceite que o ambiente pode levar a variações suficientes para ultrapassar os limites legais em algumas jurisdições.
Mesmo quando duas plantas têm a mesma genética, o local e o método de cultivo podem originar flores com diferenças visíveis. A forma dos cálices, a quantidade de tricomas, a intensidade do aroma ou a densidade da flor são determinados em parte pelo solo, pelo clima e pela técnica usada. Este é fenómeno semelhante ao conceito de “terroir” no vinho e está a ganhar reconhecimento também na canábis legal.
Assim, embora a genética defina o potencial da planta, são as decisões tomadas durante o cultivo que determinam como esse potencial se expressa na flor final. A variação não é apenas teórica, é mensurável e relevante tanto para consumidores como para produtores.