Split Fiction (Nintendo Switch 2) – Review: Mais Aventuras a dobrar

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Split Fiction faz parte do catálogo de jogos de lançamento da Nintendo Switch 2, com uma conversão satisfatória daquele que ainda é um dos melhores jogos do ano.

Com a chegada de um novo hardware da Nintendo, a Nintendo Switch 2, começam também a chegar jogos — entre eles, exclusivos, atualizações e conversões de títulos que se estreiam no ecossistema Nintendo pela primeira vez, uma vez que a consola anterior não tinha estofo para aguentar os requisitos de jogos mais exigentes.

Entre uma seleção de jogos, para já tímida, encontramos Split Fiction, o mais recente jogo do visionário Josef Fares e da sua equipa da Hazelight, cujo lançamento foi tão celebrado que que bateu recordes, já tem adaptações cinemáticas garantidas e continua a vender cópias a bom ritmo — e, considerando a sua natureza cooperativa, soma o dobro dos jogadores únicos. Com a chegada à Nintendo Switch 2, Split Fiction tem a oportunidade de expandir a sua base de jogadores, mas também de ser um dos sítios mais interessantes para ser jogado, dadas as capacidades multijogador da consola – algo que não cumpre na totalidade, mas já lá vamos.

Não vou entrar em grande detalhe sobre o que é Split Fiction, apenas fazer um breve apanhado, uma vez que já o analisei no lançamento e me deixei levar pelas emoções e génio de game design desta aposta, que entrou diretamente para o topo da tabela dos meus jogos do ano até à data. Split Fiction parte de um conceito simples, com duas autoras adolescentes, cada uma com a sua visão criativas e dois mundos prestes a colidir. À medida que acompanhamos Mio e Zoe a tentarem sair de uma realidade virtual que combina as suas criações, Split Fiction é uma metralhadora de mecânicas e de reviravoltas de jogabilidade, que faz com que o jogo raramente perca a novidade, sem nunca se repetir. Na sua base, é um jogo de plataformas, com ações básicas de salto e movimento, onde cada personagem tem habilidades únicas associadas e contextuais aos mundos que visita.

Mas é a sua estrutura co-operativa que transforma a experiência, destacando-se pela forma como tudo muda constantemente — seja a jogabilidade, os ambientes que visitamos ou as regras — que incluem puzzles ambientais, montar criaturas, veículos e transformações. Split Fiction não tem medo de se reinventar nível após nível, e o mais impressionante é que o faz sem perder o equilíbrio. Porém, a sua cadência de reviravoltas pode também ser o seu maior inimigo, causando alguma exaustão, ainda que raramente.

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Split Fiction – Nintendo Switch 2 (Hazelight/Electronic Arts)

A relação entre Mio e Zoe sustenta também a viagem emocional do jogo e reflete extremamente bem o progresso da sua ligação, em paralelo à dos jogadores, que nas primeiras horas têm de aprender a controlar as suas personagens para ações bastante distintas em ambientes de trabalho de equipa. Mio e Zoe são também personagens bem definidas e interessantes de conhecer, com personalidades claras. À medida que se avança, o jogo vai revelando camadas mais subtis — traumas, memórias, a razão pela qual se juntaram ao programa, etc. — sem nunca o fazer de forma forçada ou artificial, o que é uma pequena conquista na escrita de videojogos, aproximando Split Fiction de uma qualidade digna do que encontramos em boas séries e filmes.

Estes são ingredientes de um bolo delicioso e extremamente satisfatório, num jogo que, apesar de não durar muito mais de 10 horas, dá a sensação de ter durado “uma vida”. E, talvez mais interessante dada a sua natureza, pode ser repetido de forma completamente nova, ao trocar de personagem.

A versão da Nintendo Switch 2 entrega-nos tudo isso. É essencialmente o mesmo jogo, sem tirar nem pôr. Ou seja, não inclui extras, DLCs ou outras novidades que, apesar de não serem obrigatórias, é normal encontrarmos. Como já referi, serve como expansão da sua base de jogadores, oferecendo uma oportunidade aos fãs da Nintendo de mergulharem nesta aventura, seja para jogar localmente ou online — até com amigos de outras plataformas.

Split Fiction é um jogo ambicioso. Apesar de não primar pelos visuais mais foto-realistas e efeitos mais intensos de muitos jogos atuais, apostando até numa direção de arte mais animada, é ambicioso porque está, no fundo, a correr dois jogos em simultâneo, apresentando num mesmo ecrã a janela que cada jogador controla — algo que se torna particularmente impressionante quando cada um opera em mundos distintos, um pormenor que recorre, obviamente, a mais recursos.

O trabalho da Hazelight nesta conversão é positivo, mas longe de ser perfeito, com muitas concessões claras, nomeadamente na entrega de uma experiência de alta fidelidade. Tendo jogado Split Fiction originalmente na PlayStation 5 Pro, fiquei com uma ideia do que o jogo é capaz de entregar nas melhores condições. Comparativamente, a Nintendo Switch 2 oferece uma experiência visualmente mais limitada, com resoluções mais baixas, qualidade de imagem mais suave e texturas e geometrias com menor qualidade, que em alguns momentos se tornam bastante distrativas. Também é notória uma pequena diminuição na qualidade da iluminação dos cenários, com objetos e outros elementos sem sombra (especialmente à distância), mas nada que quebre por completo o jogo — especialmente em modo portátil, onde estes cortes passam mais despercebidos.

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Split Fiction – Nintendo Switch 2 (Hazelight/Electronic Arts)

E por falar em modos, em modo portátil o jogo opera entre 30 FPS e 60 FPS. Afirmo este intervalo por ser realmente difícil de perceber: se por um lado parece mais fluido do que os tradicionais 30 FPS, também não parece trancado nos 60 FPS, com ligeiras e subtis flutuações, onde o VRR do painel da consola ajuda a suavizar essas diferenças. Já no modo ligado à TV, a diminuição da resolução é bem visível, com uma imagem muito suave e, no meu caso — limitado a uma TV com 60 Hz — o jogo apresenta-se a 30 FPS trancados, o que oferece um excelente desempenho para este jogo.

No que toca a modos de partilha de jogo, o Friend’s Pass volta a estar disponível, permitindo jogar com amigos que não tenham o jogo. O melhor de tudo é que esta experiência pode ser partilhada com jogadores de outras plataformas: PC, PlayStation 5, Xbox Series X|S. Adicionalmente, Split Fiction oferece ainda a capacidade de jogar localmente entre consolas — por exemplo, dois jogadores com Nintendo Switch 2 podem jogar em conjunto na mesma rede.

Um pequeno aspeto que me desapontou foi, no entanto, o facto de o jogo não aproveitar o seu potencial com o uso de Joy-Cons — isto é, dar um Joy-Con a cada jogador. Infelizmente, cada jogador terá de ter o seu par de Joy-Cons ou um segundo comando, como o Pro Controller (ou dois Pro Controllers, se possível). Este era um aspeto que poderia ter sido melhor adaptado, especialmente para quem acabou de comprar a consola, o jogo, e ainda não decidiu se quer comprar um novo comando.

Mas esta última nota, ou os sacrifícios feitos para esta conversão, não estragam o génio e a experiência incrível que Split Fiction é. Não considero que seja a melhor versão do jogo, ou um título particularmente obrigatório para a nova consola da Nintendo — especialmente face às outras novas experiências deste período — mas é, sem dúvida, uma excelente adição ao catálogo. E, caso tenham curiosidade em jogar e conheçam alguém que já tenha o jogo, porque não pedir para fazer uma sessão grátis com o Friend’s Pass?

Cópia para análise (versão Nintendo Switch 2) cedida pela Electronic Arts.

David Fialho
David Fialhohttps://echoboomer.pt/
Licenciado em Comunicação e Multimédia, considero-me um apaixonado por tecnologias e novas formas de entretenimento. Sou editor de tecnologia e entretenimento no Echo Boomer, com um foco especial na área dos videojogos.
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