A aposta do Monte da Bica inclui a internacionalização da marca e a promoção do enoturismo e da cultura local.
O Monte da Bica, propriedade com raízes centenárias em Montemor-o-Novo, prepara-se para dar um novo rumo ao seu percurso. A herdade, hoje gerida por Manuela Pinto Gouveia, vai investir mais de 1,5 milhões de euros na criação de um hotel de pequena escala, dois lagares de pisa a pé e uma sala de provas.
A intervenção contempla também a inauguração de uma nova adega com espaço expositivo, pensada para acolher mostras de arte e receber visitantes, reforçando a ligação entre produção vínica e cultura. A marca está também a apostar numa reformulação da sua presença digital, com o lançamento de um novo site e loja online, acompanhados por um reposicionamento da imagem e pela apresentação de novas referências de vinhos.
A ambição passa ainda pela expansão internacional. Com planos definidos para começar a exportar em 2025, o Monte da Bica aponta a mercados como Angola, Irlanda, Brasil, Canadá e Espanha. A estratégia inclui a diversificação dos canais de distribuição e a criação de novas colaborações comerciais.
Desde 1919, a família Pinto Gouveia detém esta herdade de cerca de 350 hectares, cuja história está profundamente ligada à produção de cortiça e cereais. A partir de 2016, a produção de vinho passou a ocupar um papel de destaque, assente numa viticultura iniciada em 2005. A gestão da propriedade mantém uma abordagem sustentável e diversificada, estendendo-se a áreas como o pinhão, o eucalipto, o mel, as sementes e a pecuária.
O projeto vínico nasce de uma herança familiar marcada pelo apreço pelo detalhe e pela terra. Os vinhos Monte da Bica, produzidos em quantidades reduzidas, procuram aliar autenticidade e expressão aromática, refletindo as características singulares do terroir de Lavre, uma zona de transição entre solos argilosos e arenosos que favorece uma maturação equilibrada das uvas.
A produção está a cargo dos enólogos André Herrera, que colabora com a marca desde 2016, e Madalena Torres Pereira, enóloga residente. A sua abordagem tem conferido aos vinhos da casa atributos de frescura, elegância e identidade, consolidando a reputação do projeto dentro e fora da região. A gama atual é composta por 10 vinhos, entre rosés, tintos e brancos, com destaque para algumas novidades recentemente apresentadas e outras previstas para lançamento em breve.
Mais do que um espaço de produção, o Monte da Bica afirma-se como destino enoturístico, com experiências que incluem provas, visitas guiadas, piqueniques, demonstrações de tirada de cortiça e pisa tradicional. A adega-galeria, instalada junto à sala das barricas, acolhe exposições de arte e reforça a aposta na convergência entre enologia, património e criação artística.
O projeto integra ainda o showroom Manumaya, uma extensão da marca já conhecida na Comporta, onde se cruzam o vinho e o artesanato guatemalteco selecionado por Manuela Pinto Gouveia. Este espaço, que conjuga tradição, autenticidade e estética, ilustra o compromisso da herdade com valores que extravasam o universo vínico e procuram criar uma proposta cultural alicerçada na identidade e sustentabilidade locais.