Ensaio ao Alpine A290 – Continuação do legado deixado por Jean Rédélé cheia de adrenalina e estilo

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O Alpine A290 é um daqueles modelos que me foi cativando cada vez mais à medida que o ia conduzindo.

Depois do relançamento da marca Alpine, efetuado no ano de 2017 pelo Grupo Renault com o lançamento do novo A110 e presença da marca na Fórmula 1, eis que surgiu, no final de 2024, um modelo bem mais acessível aos entusiastas marca: o Alpine A290.

Apesar de elétrico, este é um daqueles automóveis que junta uma performance anunciada entre os 180 e os 220cv de potência a uma qualidade superior nos materiais empregados. O preço é alto, certo, mas nada proibitivo para a maioria do público entusiasta deste tipo de veículos, sendo assim possível adquirir o modelo base a partir dos 38.700€. Recentemente, tive a oportunidade de experimentar, para o Echo Boomer, a versão GTS do Alpine A290 com os 220cv.

Por fora, este é um carro que emana uma forte presença por onde passa, levando a que muita gente fique a olhar, apontar e, até, comentar de viva-voz: “Olha, um Renault 5 Alpine!”

Renault 5? Sim, as linhas base do Alpine A290 são claramente as mesmas que as do Renault 5, com a diferença de todas as componentes estéticas desportivas super arrojadas inseridas nos para-choques, longarinas e, até, de duas luzes diurnas encaixadas na parte frontal e que fazem lembrar algumas das características presentes no icónico Renault 5 Turbo da década de 80.

São também de salientar vários pormenores técnicos, tais como os estribos de travão e os discos de grandes dimensões com controlo de temperatura, que deixam claramente os entusiastas de automóveis deste género de água na boca.

Ao entrar no A290, tive logo aquela sensação de “arrepio na espinha” ao contemplar aquele volante com símbolo Alpine ao centro, rodeado por diversos botões que fazem lembrar uma versão simples de um volante de um carro de competição. Ao observar o volante com maior detalhe, para além dos controlos habituais do painel de controlo, cruise control, multimédia e modo de condução já disponíveis noutros modelos da marca Renault, constatei a presença de dois botões: o RCH (Recharge) e o OV (Overtake). Com a rotação do botão RCH, consegue-se definir de forma fácil e dinâmica o nível de recuperação de energia que o A290 efetua durante a condução ao aliviar o pé do acelerador, ou até em descida.

Já o botão OV (Overtake), ou ultrapassagem, é aquele botão vermelho que, ao pressionar, nos “cola ao banco”, pois coloca todos os seus 220 cavalos de potência do A290 em ação. Esta é uma daquelas funcionalidades que gostei bastante, especialmente em manobras de ultrapassagem, permitindo colocar mais potência em prática sem que tivesse de levar o pedal de acelerador até ao fundo.

Para além do icónico volante, posso afirmar que estive na presença de uma versão requintada do Renault 5 com uns acabamentos claramente premium denotados no tablier, nas forras de porta e nos bancos. Já o seletor de velocidades “saltou” do sítio habitual dos últimos modelos Renault (por detrás do volante) para três botões na consola central, tal como já tinha acontecido anteriormente no A110.

Outra das coisas que me saltou à vista foi claramente a presença de um sistema de som premium de marca Devialet, composto por nove altifalantes (Subwoofer incluído), totalizando cerca de 615 W de potência sonora.

Quanto ao sistema de Info entretenimento, é bastante semelhante ao que existe nos modelos mais atuais da Renault. No entanto, existem alguns pormenores que se destacam no OpenRLink, totalmente direcionados aos entusiastas de desafios e de pista: Live Data (Dados em Tempo Real), Coaching e Desafios.

O Live Data apresenta diversos dados sobre a nossa condução, desde o ângulo atual do volante às curvas apertadas que apanhamos no nosso percurso, até dados de aceleração longitudinal e lateral, à semelhança do que se costuma ver na alta competição automóvel. Esta funcionalidade do Live Data permite visualizar outro tipo de dados, como a potência empregue em cada momento ao carregar no acelerador, a temperatura dos travões, motor elétrico e bateria de tração.

Quanto ao Coaching, é basicamente um guia digital que ajuda a perceber melhor como podemos tirar ainda mais partido do nosso A290, desde melhorar os consumos elétricos até ao domínio de manobras mais radicais como o Drift.

Já os “Desafios” são destinados principalmente a quem adora levar o seu bólide para track days em pista e autodesafiarem-se numa das seguintes categorias: Agilidade, Potência e Resistência. Esta funcionalidade regista todas as métricas do veículo durante um percurso e permite ao condutor não só efetuar uma análise aos resultados, como proceder a correções para melhorar os tempos num futuro desafio.

Saltando agora para o ensaio de estrada, o A290 confirmou as minhas suspeitas: só a aparência aparenta ser o Renault 5. Nada mais tem a ver com o novo modelo 5 da Renault. Por outras palavras, senti neste Alpine A290 uma maior segurança em curva, uma travagem bem mais responsiva e uma direção bem mais precisa, tudo isto a pensar nos entusiastas dos pequenos carros desportivos.

Quanto à sua suspensão, é bem mais dura e precisa do que a do Renault 5, permitindo sair de curvas rápidas de forma bastante fácil e segura.

Em termos de consumos, confesso que não estava à espera de nenhum milagre. Sendo o Alpine A290 um carro com a finalidade que tem, o consumo não pode ser, nem é certamente, nenhum entrave para um entusiasta que disponha de pelo menos 47.000€ para adquirir uma máquina destas.

Eis as médias por mim registadas: Ciclo urbano: 15.3kWh/100km; Ciclo extra-urbano: 17.9 kWh/100km; Auto estrada: 18.6kWh/100km

Falando agora em autonomia de bateria, é um dos pontos menos positivos do Alpine A290. Apesar desta unidade testada dispor de uma bateria de 52kWh, capacidade equivalente à do Renault Zoe, e que permite efetuar cerca de 370km, aqui as contas foram ligeiramente diferentes, pois apenas consegui cerca de 290Km de autonomia com uma condução mais agressiva e cerca de 330Km de autonomia com uma condução mais cuidada em circuito urbano, algo longe dos valores anunciados pela marca para Ciclos combinados e urbanos de 361km e 483km, respetivamente.

Para um trajeto maior, a disponibilidade de tomada de CC a 100kWh é uma grande mais-valia para este Alpine A290. Fiz um teste num carregador rápido de 150kWh, que se encontrava nas proximidades, quando a bateria do A290 estava a 65%. Foi uma agradável surpresa descobrir que, 30 minutos depois, consegui chegar aos 100%. Portanto, meia hora para 35% de carga. Caso não tivesse uma viagem para fazer, podia apenas carregar 15% da sua bateria em apenas sete minutos.

O Alpine A290 foi, certamente, um daqueles modelos que me foi cativando cada vez mais à medida que o ia conduzindo. Apesar da sua aparência ter algumas proximidades ao atual Renault 5, o A290 distancia-se do seu irmão Renault em termos de estética, acabamentos e performance, sendo este mais apropriado aqueles que gostam de circuitos de pista, track days e feiras/convenções automóveis.

Caso pretendam adquirir uma máquina destas, saibam que apenas é possível fazê-lo na Alpine Store de Lisboa a partir de 38.700€ na versão GT, 41.900€ na versão GT Performance ou GT Premium, 44.900€ na versão GTS e 46.200€ na versão Première Edition.

Hugo Faria
Hugo Faria
Licenciado em Informática de Gestão e com Mestrado em Sistemas de Informação de Gestão na Coimbra Business School, fui um dos que contribuiu, do ponto de vista tecnológico, para o nascimento do Echo Boomer. Tenho uma paixão que se divide pela tecnologia, pela música e pelos automóveis, tópicos esses que são explorados por mim em cada artigo que escrevo e publico por aqui.
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