E o facto de não aceitarem o IBAN para o tradicional débito direto faz, desde logo, afastar clientes pouco dados à tecnologia.
Foi a 4 de novembro que, após muitos meses de espera, a DIGI divulgou finalmente as suas propostas para Portugal. Na altura, a empresa mostrou ao Echo Boomer, e a outros blogues e sites nacionais, o que tinha preparado para o país.
Para mexer com a concorrência, ia dar “Liberdade de escolha” ao cliente. O que é que isto quer dizer? Contratos de apenas três meses de duração para Internet de banda larga e sem contrato para os restantes serviços, além da possibilidade de escolher qualquer serviço e criar qualquer pacote, ao gosto de cada um.
Além disso, a DIGI desde logo garantiou que os seus preços são estáveis e transparentes, não sendo baseados em promoções. E, contrariamente à concorrência, que dá a desculpa da inflação, promete não aumentar os preços anualmente.
E por falar em preços, são fantásticos, com valores nunca antes vistos até então, e a concorrência foi obrigada a mexer-se. Mas para já apenas com as suas marcas low-cost, neste caso a amigo (rede Vodafone), UZO (rede MEO) e WOO (rede NOS), com ofertas algo diferentes. Porém, e de modo a equipararem-se à operadora romena, estas marcas low-cost acabaram por piorar alguns dos seus serviços.
Comecemos por falar da rede 5G, oficialmente lançada em 2021, e cuja velocidade é uma das grandes diferenças face à rede 4G. Em Portugal, o 5G oferece velocidades de download entre 100Mbps e 1Gbps, dependendo da localização e da operadora. Em condições ideais, pode ultrapassar 2Gbps. Em upload, as velocidades também são superiores às do 4G, rondando os 50Mbps a 200Mbps.
No entanto, estes valores, principalmente os mais altos, serão uma miragem para quem aderir à amigo, UZO ou WOO, que, para ficarem taco a taco com a DIGI, resolveram baixar as velocidades de navegação.
Sim, é que apesar da amigo ser da Vodafone, da UZO ser da MEO e da WOO ser da NOS, pelos vistos isso não interessa para nada, pois quem for um atual cliente, imaginemos, de um tarifário da Vodafone/MEO/NOS, ou mesmo de um tarifário Yorn/WTF/Moche, irá reparar que as velocidades de download e upload serão significativamente mais baixas assim que fizer a “transição” para a amigo/UZO/WOO.
Por exemplo, no caso da amigo, está explícito nas condições de utilização e no próprio contrato com os clientes que a estimativa de velocidade máxima é de 150Mbps no download e 50Mbps no upload. A UZO diz exatamente o mesmo.
Quanto à WOO, o caso ainda é mais grave: a estimativa de velocidade máxima é de 75Mbps para download e 20Mbps para upload. A WOO é, das três marcas low-cost, a única que menciona estas velocidades.
Além disso, é também preciso ter cuidado quando visitarem o estrangeiro, pois a Política de Utilização Responsável (PUR) destas marcas é significativamente mais baixa do que seria expectável. Na amigo, por exemplo, o tarifário com 100GB de dados móveis somente tem uma PUR de 5,12GB/mês para utilizar no estrangeiro, e uma PUR de 7,17GB para o tarifário de dados móveis ilimitados em Portugal. A título de exemplo, a Yorn, que também é da Vodafone, tem uma PUR, no plano mais barato, de 15,55GB/mês.
Já este ano, os preços da WOO, UZO e amigo subiram.
Comecemos pela amigo, da Vodafone. Quando a oferta foi reformulada, a amigo oferecia planos móveis com preços a começar nos 5€/mês, oferecendo 100GB de dados e 5000 minutos/SMS. Para quem precisasse de mais dados, existia uma opção ilimitada por apenas 7€ mensais. Estes planos são, e continuam a ser, flexíveis e não exigem fidelização.
Para o serviço de internet fixa, o custo mensal era de de 15€, com uma velocidade de download de 1Gbps e um período de fidelização de 3 meses. Com a adição do serviço de televisão, o custo total do pacote era de 22€ por mês.
Finalmente, para quem quisesse o pacote com dados móveis ilimitados, 1Gbps de Internet e 60 canais de televisão, o custo era de 27€/mês. Mas praticamente todos estes valores são coisas do passado.
O serviço móvel da amigo, com 100GB de dados móveis por mês, custa agora 8€. Se quiserem dados ilimitados, o valor sobe para os 10€/mês. Estamos, portanto, a falar de um aumento de 3€/mês face aos valores praticados em 2024.
Quanto ao custo da Internet fibra, o preço para quem apenas precisa deste serviço manteve-se nos 15€/mês. Já para quem quiser o pacote de Internet fibra e televisão com 60 canais, o valor é agora de 25€/mês. Falamos novamente de um aumento de 3€/mês face ao ano passado.
O maior aumento vai, no entanto, para o pacote com Internet fibra, dados móveis ilimitados e televisão, que custa agora 35€/mês. Trata-se de um aumento de 8€ face ao valor praticado em 2024.
Relativamente à WOO, os valores são exatamente os mesmos que os praticados pela amigo. Convém salientar, no entanto, que estes parecem preços promocionais, pois o preço original surge riscado, ainda que a marca não faça essa ressalva.
Por último, a UZO é, das três marcas low-cost, a que apresenta uma proposta ligeiramente diferente no que toca à Internet móvel, vendendo um pacote de 200GB de dados móveis mensais (acumuláveis para os meses seguintes) por 10€/mês. Tudo o resto é igual à concorrência – a UZO chegou a vender, em 2024, um pacote que custava 40€/mês com dois cartões com 200GB de dados móveis cada.
A DIGI, por outro lado, e tal como prometido, manteve os seus preços.
Débito direto via IBAN não é aceite na WOO e amigo. A exceção? A UZO
Não parecendo, a DIGI veio também mudar as regras do jogo no que toca aos métodos de pagamento para faturas. Até aqui, o mais habitual era proceder com o débito direto a partir do IBAN da nossa conta bancária. Com a operadora romena, no entanto, isso não acontece.
A DIGI tem uma página dedicada aos pagamentos de faturas, sendo que basta inserir o código de cliente, o código da fatura e clicar em “VALIDAR”. A partir daí, será mostrado o valor a liquidar, sendo que os clientes têm de inserir os dados do cartão bancário para proceder ao pagamento da fatura. Aqui recomenda-se que criem um cartão virtual, seja com recurso ao Revolut ou MB Way.
Aliás, é precisamente isso que recomendam as low-cost amigo, UZO e WOO, que também não aceitam o habitual débito direto via IBAN para liquidação de faturas.
No caso da amigo, os clientes têm duas opções para pagamento de faturas: Multibanco ou homebanking, utilizando as referências multibanco indicadas na fatura; ou através da app amigo, onde podem pagar com MB Way.
Já a WOO aceita cartões de débito/crédito como meios de pagamento, com a operadora a dizer que os clientes podem usar o seu cartão Revolut, N26 ou Moey. “Se preferires também podes usar cartões virtuais, como o MBNet, desde que o configures para pagamentos recorrentes”, diz a WOO, revelando ainda que também aceita MBWay através da funcionalidade “Pagamentos Autorizados”.
Quanto à UZO, é a única das três operadoras low-cost a permitir o débito direto via IBAN. E logo aqui a UZO ganha vantagem face à concorrência, principalmente para clientes mais idosos, que não querem dar os dados dos seus cartões de débito/crédito e não sabem mexer no MB Way. E sim, a marca também permite pagamento por Multibanco, homebanking, MB Way e na Rede PayShop e CTT.