A Huawei aventura-se definitivamente num sistema operativo proprietário, o HarmonyOS Next.
A Huawei colocou finalmente as cartas sobre o futuro dos seus smartphones na mesa. Após anos de batalha contra a proibição imposta pelos EUA e de procurar por soluções alternativas para sobreviver no mercado móvel, a empresa decidiu cortar definitivamente os laços com o Android.
As novidades chegaram agora da China, onde a fabricante anunciou o novo Mate 70 e o dobrável Mate X6. Mas não se deixem enganar: estes dispositivos são apenas a ponta do icebergue de uma revolução muito mais profunda que está prestes a acontecer no ecossistema da Huawei.
O grande responsável por esta viragem histórica chama-se HarmonyOS Next, uma plataforma lançada há algumas semanas e que, desta vez, nada tem a ver com o Android. Esqueçam as versões anteriores do HarmonyOS, aquelas que ainda dependiam do sistema operativo da Google, já que a sua base residia no framework Android: aqui estamos a falar de um sistema operativo completamente novo, desenvolvido de raiz pelos técnicos da Huawei.
A transição será, obviamente, gradual. Os proprietários dos novos Mate 70 e Mate X6 receberão inicialmente o HarmonyOS 4.3 e, mais tarde, passarão para o HarmonyOS Next através de uma atualização. A verdadeira revolução está marcada para 2025, altura em que todos os novos dispositivos da fabricante serão lançados de forma nativa com o novo sistema operativo.
Relativamente à disponibilidade de aplicações, o verdadeiro fator que determinará o sucesso ou o fracasso deste novo sistema operativo, a Huawei não foi apanhada desprevenida. Apesar de as aplicações Android deixarem de ser compatíveis com o HarmonyOS Next, os programadores já estão a trabalhar, e os números são promissores: 10.000 aplicações já estão prontas para o lançamento. A meta é atingir as 100.000 aplicações num prazo recorde. Um objetivo ambicioso, mas essencial para convencer os utilizadores a aderirem.
HarmonyOS Next será um concorrente de peso para o Android e iOS?
A decisão da Huawei é tanto corajosa, como arriscada. Abandonar o Android significa abrir mão de um ecossistema consolidado para construir um novo do zero. Contudo, esta pode ser a chave: libertar-se totalmente das restrições impostas pela proibição americana e recuperar o controlo sobre o seu destino tecnológico. O mercado chinês será o campo de testes inicial e, caso os utilizadores respondam positivamente, poderemos assistir ao nascimento de um terceiro ecossistema móvel global, uma alternativa ao iOS e ao Android. Uma perspetiva que, até há poucos anos, parecia ficção científica, mas que agora está prestes a tornar-se realidade.
Resta saber se a Huawei terá sucesso na difícil tarefa de convencer programadores e utilizadores a acompanhá-la nesta nova aventura. Uma coisa é certa: 2025 promete ser o ano zero de uma nova era para a gigante chinesa.